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Fiat Chrysler investe R$ 140 milhões em centro de P&D no Recife

Stefan Ketter, presidente da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) para a América Latina, compara certa região brasileira com o mundialmente conhecido Vale do Silício. Para ele, o Porto Digital, zona portuária de Recife (PE), reserva semelhanças com a região que abriga algumas das maiores empresas de tecnologia, como Google, Facebook e Tesla.

Não à toa, a área foi escolhida pela montadora para instalar o primeiro Centro de Desenvolvimento de Software Automotivo da FCA na América Latina, inaugurado nesta quarta-feira (2) de dezembro.  A inauguração acontece seis meses após a FCA lançar o Polo Automotivo Jeep em Goiana (PE), com capacidade para produzir 250 mil veículos por ano.

O Porto Digital, iniciativa que conta com investimento privado e estadual, é abrigo para empresas do ramo de tecnologia e jovens companhias de base digital que vêem no ambiente um local propício para desenvolverem e testarem suas inovações.

“Há aqui muitas startups e de várias áreas. E, talvez, o mais importante não é só ter contratos formais com elas. Acho que muito mais importante é viver o ambiente em conjunto com essas empresas. Vocês podem imaginar que é um ambiente como o que existe no Vale do Silício”, compara Ketter durante coletiva de imprensa. Apesar de não citar nome, o executivo indica que a FCA já firmou colaboração com uma startup local.

Outras parcerias a longo prazo também beneficiarão tanto a FCA quanto talentos locais. Como resultado desses esforços, oito instituições de ensino de Pernambuco e da Paraíba oferecerão cursos específicos para o setor automotivo. Entre elas, a Universidade Federal de Pernambuco e a Universidade Federal da Paraíba.

Fora isso, uma parceria com o C.E.S.A.R – Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife resultou em um programa de residência para engenheiros interessados em atuarem no centro de P&D da FCA. Ao todo, 38 jovens participaram do programa direcionado para a concepção de novas tecnologias em componentes, motores e transmissões. Cerca de 70% deles foram contratados para trabalhar no novo Centro de Software.

Investimentos estratégicos

No total, a FCA prevê o investimento de R$ 140 milhões no Centro de Pesquisa, Desenvolvimento, Inovação e Engenharia Automotiva e contratação de cerca de 500 profissionais, entre engenheiros e técnicos nos próximos anos.

Além do Centro de Desenvolvimento de Software, a iniciativa conta com outras três instalações que deverão ser inauguradas em meados do ano que vem. São elas um Centro de Projetos, Centro de Testes e um Campo de Provas, este simulará condições reais para testes de veículos produzidos integralmente no Brasil.

Segundo Stefan Ketter, a decisão em trazer um centro de software para o País é estratégica para o futuro da montadora, que assim como concorrentes, prevê carros cada vez mais conectados.

“O mercado automotivo está sob fortes mudanças. O carro está se tornando cada vez mais digital e nesse futuro, nós temos que estar preparados. E temos que estar preparados de uma forma internacional, mas também temos que estar preparados aqui no Brasil. Por isso decidimos trazer esse conhecimento para o País, enraizar esse conhecimento em Pernambuco para nos tornarmos competitivos para o futuro, para podermos participar dessa revolução digital”, defendeu o executivo.

Ketter não vê na atual retração econômica do País ou mesmo um recuo do setor automotivo como razão para conter gastos ou investimentos em inovação. Segundo ele, a companhia está “empenhada em manter investimentos e verticalizar competências”. Daí a construção de um centro de pesquisa dedicado exclusivamente à concepção e ao desenvolvimento de softwares automotivos para controle de motores e transmissões. Toda a tecnologia desenvolvida aqui deverá ser aplicada também em outros veículos da montadora mundo afora. Até então, a FCA possui centros de P&D nos Estados Unidos e na Itália.

Egon Daxbacher, Gerente de Implantação do centro de P&D da FCA em Pernambuco, reforça que a construção de uma instalação dedicada ao tema se alinha a uma demanda e previsão do mercado.

“Nos últimos anos, os veículos têm-se tornado intensivos na utilização de sistemas eletrônicos e digitais. Os carros, cada vez mais, são equipados com centrais de controle de comando, que controlam o fluxo de combustível, a taxa de transmissão, a taxa de combustão e a emissão de gases, determinam o consumo, controlam o desempenho e a rapidez com que o veículo responde aos comandos do motorista. Cada uma dessas funções é executada por softwares complexos, cujo desenvolvimento se torna um elemento chave no desenvolvimento dos produtos da indústria”, resume.

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