F1: 4ª revolução industrial já chegou

A parafernália tecnológica que envolve o mundo da Fórmula 1 não é novidade para ninguém. O que poucos sabem, talvez, é que esse esporte é tão dependente de tecnologia que pode servir como laboratório para outros segmentos da economia. O uso de dados é tão intenso e a expressão tempo real é levada ao extremo que vale até a brincadeira de que eles vivem a era do 5G há tempos. O bicampeão mundial de F1 e atualmente piloto da McLaren, Fernando Alonso, reconhece a influência e é usuário assíduo de todos os relatórios gerados.

Ao participar de um painel sobre indústria 4.0 no Mobile World Congress (MWC) 2018, em Barcelona, o piloto comentou o poder da tecnologia para ajustes e definições de estratégias e ressaltou que o trabalho feito nos bastidores da equipe.

“Na TV, as pessoas veem os carros no circuito, mas cada carro gera um amontoado de dado por segundo que as pessoas não imaginam, a F1 é um ambiente ideal para testes e geração de novos modelos por conta dessa dinâmica, de ações e do acompanhamento em tempo real. E é ótimo contar com isso para melhorar o carro e nosso desempenho como piloto”, confidenciou. Na sede da escuderia, comentou, são centenas de profissionais focados nessa geração de dados feita pelos carros e enviando feedbacks em tempo real às equipes. Afora isso, existe todo o trabalho prévio nos simulares que dão um show à parte no que diz respeito a tecnologia aplicada.

“Usamos o simulador para fazer os ajustes no próprio carro para o dia seguinte. São feitas pelo menos 25 simulações antes da corrida para desenhar a estratégia. Tudo é muito preciso. Os analistas de dados são tão focados que, se você vier com informação de que talvez possa chover, eles estarão centrados apenas nos dados que estão na frente deles, nem te dão bola. A F1 é assim agora. Estou na minha 17ª temporada e posso dizer que a tecnologia e toda análise de dados embutida nos leva a estar muito animados para a temporada 2018”, propagandeou.

O impacto das tecnologias nos mais diversos esportes é inegável, mas na F1 isso fica mais evidente. Se corredores de maratonas poderão num futuro próximo terem suas capacidades amplificadas pela biotecnologia e robótica, por exemplo, o automobilismo funciona quase como um banco: mistura talento dos pilotos, alto investimento e aposta em tecnologia de ponta, principalmente para extração e avaliação dos dados, tudo dentro de um contexto de dinamismo e pressão incríveis, o que nos leva a pensar que eles realmente já vivem o que seria ou será a 4ª revolução industrial.

“A tecnologia impacta o esporte de muitas formas, a começar pelo piloto e pelo que os dados dizem a respeito dele, existe a precisão de milissegundo para avaliar o desempenho usando o mesmo carro entre diferentes pilotos”, compara Zak Brown, diretor executivo da McLaren Technology Group . “Todo o estudo que o Fernando (Alonso) faz pré corrida, a preparação dele em cima das informações coletadas é uma mudança trazida pela tecnologia, essa riqueza de dado não se via no passado, tampouco essa precisão. Mas quando você leva as coisas ao limite é normal que apareçam desafios. A F1 é bastante agressiva no uso, na aplicação e na expectativa de resultado com TI. Por isso, estressamos as tecnologias em nossos testes para evitar qualquer tipo de falha.”

*O jornalista viajou à Barcelona a convite da Huawei

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