Empresas também devem assumir responsabilidade social no avanço da AI

Novas tecnologias avançaram em ritmo exponencial nos últimos dez anos e estimativas dão conta de que os próximos cinco anos serão de mudanças ainda mais profundas para todas as indústrias, para o mercado de trabalho e para o consumo. Se há distintas oportunidades à vista, há também no horizonte o temor de um abismo social – como preparar sociedades para o amanhã de forma que não se aprofunde mais as desigualdades? Relatório de 2017 publicado pela ONG Sutton Trust, do Reino Unido, indica que os avanços da inteligência artificial tendem a aumentar as distâncias entre as classes se nada for feito a respeito.

Na manhã desta quarta-feira (17), a humanoide Sophia subiu ao palco principal do IT Forum X, evento realizado pela IT Mídia, acompanhada de seu criador David Hanson, da Hanson Robotics. Ambos deram uma pequena demonstração das capacidades de interação da inteligência artificial como uma plataforma de conversação humana e até mesmo como proposta de terapia para ajudar pacientes. Na sequência, executivos de três grandes companhias no Brasil subiram ao mesmo palco para refletir não só os avanços dessa tecnologia, como também questionaram as responsabilidade das empresas, do governo e da própria sociedade diante desse futuro. “Quando vocês olham para esse cenário cada vez mais robotizado, vocês têm certo medo?”, indagou Vitor Cavalcanti, diretor de Conteúdo e Produto da IT Mídia.

Paula Bellizia, presidente da Microsoft Brasil, Rodrigo Galvão, presidente da Oracle Brasil e Tonny Martins, presidente IBM Brasil veem a história do amanhã com otimismo e defendem que o futuro será de parceria entre homens e máquinas, onde as capacidades humanas serão ampliadas pela inteligência artificial.

“Vivemos um momento até agora onde humanos aprenderam com as máquinas. Agora, as máquinas aprendem com a gente. É um momento fantástico”, assinalou Paula.

Quando se discute um cenário onde a tecnologia será catalisadora de muitas disrupções, a tendência é olhar para uma linha do tempo relativamente distante. Tonny Martins reforça que a automação já é realidade em muitos setores do Brasil, que vão desde aplicações em bancos a até mesmo a inteligência artificial ao alcance de nossas vozes e mãos, como é o caso das assistentes pessoais que conversam com nossas agendas. Neste cenário, Martins não diminui o peso dos desafios que corporações, profissionais e governos têm pela frente, apesar de suas boas previsões acerca do futuro das sociedades 4.0. Para ele, “são temas amplos, profundos e complexos” e chama atenção daqueles que têm influência nas decisões das empresas. “O que vemos é que ainda há uma visão limitada dos próprios times de TI. Hoje, tudo deve ser integrado. Negócios, tecnologia, não é mais sobre programação, é sobre unir competências”, aconselhou.

Como formar um país líder em tecnologia

No Índice Global de Inovação (IGI) divulgado neste ano, o Brasil se encontra no 64º lugar em um ranking de 126 países. O País avançou cinco posições nos últimos quatro anos, mas está longe de ser referência quando o tema é competitividade. Paula, presidente da Microsoft Brasil, lembra que tivemos recentes avanços na área de tecnologia, como a aprovação de uma Lei de Proteção Geral de Dados e projetos de governo para a Indústria 4.0, mas lembra que países como o Canadá estão se empoderando de temas, como a diversidade, como um fator de diferencial competitivo. “Qual vai ser o nosso?”, provocou.

“Olhando para a história, toda tecnologia pode ser usada para o bem ou para o mal. E a responsabilidade de fazer isso para o bem, a transformação da sociedade, também é das empresas de tecnologia”, disse lembrando que a Microsoft tornou públicos seus princípios para trabalhar com inteligência artificial. A constatação da executiva vem em um momento onde cada vez mais as empresas, como Facebook, Google e Amazon, são cobradas pelos seus posicionamentos e transparência de suas soluções.

Rodrigo Galvão, da Oracle, também não descarta a responsabilidade social das empresas em um momento de profunda transformação digital e, consequentemente, das sociedades “Acho que nosso papel como empresa de tecnologia é que somos grandes habilitadores. Temos de fazer disso uma mudança mais leve e fazer com que alguns mitos caiam, como o estereótipo de que é algo extremamente difícil de aprender e que temos adiante um futuro tenebroso”, disse. “Nosso papel é também conseguir dar informação e capacitação para as pessoas. Isso significa cada vez mais trabalhar com governos para levar competências para as escolas”.

 

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