Era 1987 quando Adelson de Sousa aventurou-se como integrador de computadores. Na época, seu irmão trabalhava em uma revenda e foi por meio dele que Sousa conheceu o setor. Curioso, ele foi em busca de informação sobre os tais PCs e passou a montar os equipamentos para vendê-los por aqui, em uma época de oportunidades, já que o Brasil vivia a reserva de mercado, política governamental que impedia legalmente o acesso e a importação de uma determinada classe de produtos.
Seu primeiro equipamento vendido foi um XT 8086 por US$ 1,5 mil. “Sempre fui movido a oportunidades. Toda oportunidade de mudar minha condição socioeconômica eu abraçava. Esse era meu sonho. Se surgia outra, eu mudava. Com PCs não foi diferente”, conta ele, que na época morava na periferia de São Paulo.
Antes de estabelecer um lucrativo negócio de integração de PCs, quando a informática começava a decolar no Brasil, foi feirante, sacoleiro, distribuidor de alho e comerciante no garimpo do Rio Madeira, vivendo em regiões remotas e selvagens da Amazônia. Em busca de seus sonhos, enfrentou, por vezes, situações de perigo, colocando em risco a própria vida.
Quando olha para o que construiu desde então, o empreendedor orgulha-se de sua trajetória. “Minha vida empresarial é um pedaço do setor. Vivi a formação do segmento de TI e sua consolidação”, comenta o fundador da IT Mídia, empresa de mídia, dona dos portais IDG Now!, Computerworld, CIO e IT Forum 365.
O negócio de PCs ia bem, mas como todo empreendedor nato, Sousa, aos 22 anos, enxergou a chance de trazer para o Brasil a revista Byte Brasil, a maior e mais importante de tecnologia da época. Seu amigo e sócio há 27 anos, Miguel Petrilli, foi quem o alertou sobre a possibilidade. Então, em 1991, a publicação foi lançada em solo nacional. “Era a Bíblia da informática”, lembra o executivo.
Sousa destaca que a Byte era um produto de sucesso e lembra de uma história curiosa sobre seu prestígio editorial. “Tínhamos o prêmio Byte Condex. Nossos engenheiros faziam testes de produtos, que eram expostos na feira Condex, a maior da época. Ao premiarmos uma empresa, o presidente de uma associação ficou inconformado e nos ameaçou dizendo que se o resultado não fosse alterado, não teríamos anúncios de seus associados por muito tempo. Não mudamos e não tivemos anúncios por um bom tempo. Esse, no entanto, tornou-se exemplo emblemático da nossa seriedade editorial”, revela, completando que hoje ele e o então presidente da associação são amigos e riem ao recordar a situação.
Rapidamente, a Byte tornou-se a segunda maior da marca no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Nesse momento, o sucesso da Byte era tamanho que em 1997 o empresário vendeu a publicação para Editora Globo e fundou, ao lado do seu sócio, Petrilli, a IT Mídia. Nos anos 2000, quando a internet engatinhava no País, o grupo já atuava com um modelo multiplataforma e inovador, mantendo, no portfólio, revistas, sites, prêmios e fóruns.
“Éramos um negócio B2C e passamos a ser um negócio B2B com a IT Mídia”, comenta ele, ressaltando que a empresa ajudou nos últimos anos a construir o setor de TI no Brasil, desenvolvendo líderes.
A IT Mídia ganhou forma rapidamente. Sousa contratou diretores experientes e investiu no lançamento de uma série de produtos. “Orgulho-me de estar à frente de uma empresa sólida, hoje com 2 milhões de leitores e forte reputação, construída na base de muita resiliência”, revela.
A história do criador da IT Mídia é contada agora no livro Sonhando com Pipas, escrito em parceria com a jornalista Silvia Noara Paladino, e publicado pela M.Books, lançado hoje (8/5) na Livraria Cultura, no Shopping Iguatemi, em São Paulo.
Olhando para trás, Sousa revela que os primeiros anos como empreendedor do segmento foi de muitos desafios. “Eu colocava muito dinheiro no negócio e o Miguel me dizia que eu construía um capital de longo prazo, além de relacionamento com o mercado”, conta. Somente para lançar a publicação no Brasil, Sousa desembolsou US$ 100 mil em capital próprio, valor do adiantamento por um ano dos royalties da marca.
Na trajetória da revista, ele diz que chegou a ficar sem dinheiro até mesmo para pagar os funcionários. Mas seu sonho era tão grande, que nada o destruiria. Foi quando tomou a decisão de vender seu carro Monza, recém-comprado, para pagar os funcionários.
Ele não se arrepende das estratégias que teve de lançar mão para ser bem-sucedido. Ele revela, no entanto, que seu maior erro foi ter perdido o foco no meio do caminho. Isso porque a IT Mídia chegou a estar presente em quatro dos maiores setores da economia – TI, saúde, agronegócios e finanças. “Em busca do sonho, fizemos uma expansão louca. Entramos em diversos setores e isso nos custou muito dinheiro e esforço. Foi quando em 2013 retornamos ao foco, para o segmento de TI”, ensina.
Foco é, sem dúvidas, a primeira recomendação de Sousa para os empreendedores. A segunda, revela, é cercar-se de bons profissionais. “Tive pessoas maravilhosas ao meu lado quando voltei ao foco. Ter construído um bom time gerencial foi fundamental. Ter gerentes bons é fundamental, não só diretores. Por isso, olhe para a linha de gerência e trabalhe para fortalecer esses talentos.”
O empreendedor aponta que um dos diferenciais do seu negócio, sem dúvidas, foi a construção de uma nova forma de se relacionar, um dos pilares da empresa resumido na frase Conteúdo, Relacionamento e Negócios. “Assim, nosso modelo de relacionamento de eventos é o grande legado. Ele é único no Brasil e no mundo”, acredita.
Ele afirma, ainda, que seu segundo maior legado para o mercado é quantidade de talentos e empresas que a IT Mídia ajudou no desenvolvimento. “A maioria saiu de posições iniciantes para grandes negócios.”
Mas o trabalho não para por aqui, assegura. “Sempre fui movido a grandes sonhos e meu grande sonho agora é conectar todo o ecossistema de TI. Como empresário vislumbro transformar o Brasil em um país inovador e inclusivo”, finaliza ele antecipando a direção para onde sua pipa vai rumar agora.
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