Em dois anos, CIO leva DNA digital para TI da Pemex

Há dois anos, quando chegou à TI da Pemex, Rodrigo Becerra não imaginava o que encontraria pela frente. Sabia que o desafio seria grande, mas não o conseguia mensurar. Só para se ter uma ideia, em 2016, a empresa, que é a oitava maior produtora de petróleo do mundo, contava com 800 aplicações e um orçamento dividido 90% para Capex e 10% para Opex.

Sua meta era implantar um projeto de transformação digital que tomasse a empresa por completo, levando as demais áreas de negócio para trabalhar junto com a TI e permear o espírito de inovação por toda a empresa, fazendo com que todos entendessem a importância do que estava sendo criado.

“Quando cheguei, queria tirar o pó e deixar a TI como uma área mais estratégica. A divisão do orçamento, da forma que vinha sendo executado não me parecia inteligente. Além disso, existia uma política de se desenvolver tudo internamente”, comentou Becerra, ao participar de um painel onde demostrou o case da transformação digital da petroleira durante o IT Forum Latam, em Miami. “Uma petroleira ágil teria 135 aplicações e não 800. Algumas das aplicações eram usadas apenas por duas pessoas.”

A transformação era algo vital para a gigante mexicana com faturamento na casa dos US$ 80 bilhões e um orçamento de TI da ordem de US$ 300 milhões. Ao tomar conhecimento de toda a situação, Becerra começou a desenhar sua estratégia e se deparou com desafios como o contrato de telefonia celular, que previa um pacote de dados pequeno para o que estava por vir, mas também com um modelo de compras e uso de equipamentos que foi totalmente revisto, trazendo a indústria para trabalhar como um real parceiro.

“Era preciso assegurar a continuidade do negócio e inovar em uma empresa que tinha funcionários com idade média de 50 anos e muitos deles com vários anos de casa. Tínhamos também que fazer um uso melhor de recursos. Se não preciso de uma Ferrari para resolver algo, para que vou compra-la?”, defendeu, lembrando que apresentou ao conselho que seu trabalho estaria pautado em ajudar o bottom line da companhia e aumentar a eficiência de maneira geral.

O projeto de transformação foi dividido em duas fases, sendo que apenas a primeira foi concluída, a segunda etapa está apenas começando. A primeira parte envolveu a implantação de uma nova geração de telecomunicação, otimização das aplicações, migração para nuvem e um árduo trabalho em segurança da informação.

“Não tínhamos muita coisa, uma pessoa podia sair com nossa base de dados e ninguém saberia, quase tivemos problemas por cópia de parte do plano estratégico”, relembra. Em telecom, além de rever contratos, iniciou-se um processo de venda de infraestrutura, a Pemex tem a segunda maior rede de telecom do México, com torres e fibras, mas o foco agora é ter essas estruturas onde realmente importa.

A fase dois, que está em curso, envolve o que a companhia chamamde aplicações digitais, com big data, internet das coisas (IoT) e mobilidade. “Quando assumi não havia uma aplicação móvel na Pemex, hoje são sete, sendo que uma delas nos ajuda a prevenir roubo de combustível.”

Embora o projeto ainda esteja em andamento, bons resultados já começam a surgir. Becerra assumiu uma empresa com 11 data centers próprios e um terceirizado, 4 já foram fechados. Das 800 aplicações, mais de cem foram encerradas e o objetivo é fechar este ano com 600.

“Hoje, nosso orçamento está em 70% Opex e 30% Capex, essa mudança aconteceu em um ano e sete meses e muitos acordos comerciais foram realizados. Conseguimos intervir muito no roubo e entendemos melhor qual era a situação do roubo de combustível por meio das aplicações digitais e móveis. Transformação digital para Pemex é a reinvenção da forma que uma organização opera e cria valor por meio da adoção de novas tendências tecnológicas e é isso que tenho perseguido.”

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