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Em carta, Internet Society critica Facebook: fomos politicamente manipulados

O escândalo do vazamento de dados de 70 milhões de usuários norte-americanos do Facebook por um desenvolvedor de um aplicativo para a empresa britânica de marketing digital Cambridge Analytica tem sido o destaque dos noticiários nas últimas semanas.

O caso traz uma questão à tona: em que realmente nos inscrevemos? A indagação é da Internet Society, organização sem fins lucrativos dedicada a garantir o desenvolvimento aberto, a evolução e ampliação do uso da internet, que escreveu carta ao Facebook pedindo esclarecimentos sobre o tema.

“Sim, muitos presumimos que nossas informações seriam usadas para exibir anúncios relevantes. De fato, parece padrão no mundo conectado de hoje, que mascara a verdadeira imagem. Entretanto, não detemos total controle das nossas informações on-line e nem temos a real ideia de como elas são compradas, vendidas ou usadas”, diz trecho.

A entidade diz que fomos perfilados, confundidos e politicamente manipulados – em simples alusão, fomos jogados como peões no jogo de xadrez de outra pessoa. “O desafio é encontrar alguém que diga: “sim, é para isso que eu estava me inscrevendo, eu sabia e estou totalmente confortável com o cenário desenhado a partir do caso Cambridge Analytica”.

“O que você está fazendo agora não é mais o que registramos; é hora de renegociarmos o acordo.”

O acordo, no caso, são cinco ações que a Internet Society espera de uma rede social que colete, use ou compartilhe informações sobre as pessoas. São elas:

1. Justiça: seja justo conosco. Respeite nossos dados, nossa atenção e nosso “gráfico social”. Em alguns casos, isso pode significar colocar nossos interesses acima dos seus. Busque nosso consentimento de forma honesta. E quando você usar ou compartilhar nossas informações, não exceda o que consentimos.

2. Transparência: seja claro conosco sobre o local onde estamos. Seja franco e honesto sobre seu modelo de negócios, seus parceiros, suas políticas e práticas de privacidade. Abra sua empresa até a auditoria de privacidade e diga-nos o que você está fazendo para alcançar os resultados.

3. Escolha: dê-nos escolhas genuínas, começando com “desativado por padrão”. Vamos optar se acharmos adequado. Vamos sair quando mudarmos de ideia. Respeite nosso direito de parar de usar seus produtos e serviços. Exclua nossos dados quando sairmos – e até antes, se você não precisar mais.

4. Simplicidade: projeta seus serviços para fricção mínima e máxima conveniência; aplique seu esforço de design à privacidade também. Não espere que administremos nossos dados peça por peça, ou mexamos com configurações complexas: vamos expressar nossas preferências e intenções e respeitar nossa escolha.

5. Respeito: mostre seu respeito por nós e nossos interesses, especialmente nossa privacidade e autonomia. Não nos trate como mera matéria-prima ou como produto que você vende para seus clientes.

“Chegar neste patamar exige ações de todos nós. É o momento de nos levantarmos e pedirmos um acordo equilibrado para ambas as partes – empresas e usuários. O jogo mudou e precisamos estipular novas regras”, finaliza a carta.

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