É hora de encorajar as mulheres a assumirem cargos de liderança
Mais mulheres devem assumir os riscos nas empresas, especialmente na área de tecnologia. Para realmente inovar, não podemos deixar para trás metade da força de trabalho

Durante um TED Talk de fevereiro de 2016, a advogada e política americana e também fundadora da organização sem fins lucrativos Girls Who Code, Reshma Saujani, disse que meninas são geralmente ‘treinadas’ para serem perfeitas, devem atingir sempre as melhores notas e se comportar bem. Os garotos, por outro lado, são encorajados a ‘se jogar’, e mesmo que se machuquem, o importante é o fato de que tentaram. Segundo Reshma, a sociedade cria meninas para serem perfeitas, e meninos para serem bravos.
No mundo da tecnologia, onde muitas vezes somos obrigados a arriscar, não é difícil perceber esse reflexo. Ainda há um número muito baixo de mulheres trabalhando no setor, e com um salário ainda menor.
Na opinião de Saujani, Mmis mulheres devem ser encorajadas a assumir os
riscos nas empresas, especialmente na área de tecnologia. Para
realmente inovar, não podemos deixar para trás metade da força de
trabalho.
Apesar de representarem a maioria da população e da classe trabalhadora brasileira, 53% das mulheres consideram que as empresas em que trabalham não oferecem meios para ampliar a promoção feminina a cargos de gestão, segundo levantamento da Sodexo Benefícios e Incentivos no Brasil.
A presença da mulher no mercado de trabalho, assumindo cargos de
liderança e com salários iguais aos dos homens para cargos equivalentes,
é um dos principais temas desse 8 de Março, Dia Internacional da
Mulher.
Com objetivo de destacar a importância da igualdade de gêneros no mercado de trabalho global, o LinkedIn realizou um estudo com enfoque na evolução de mulheres em cargos de liderança nos mais diferentes setores da economia global.
Uma das conclusões desse estudo é que até mesmo em países europeus como França, Espanha e Itália, que possuem altas taxas de participação feminina na força de trabalho, encontram-se diferenças consideráveis quando se fala em cargos de liderança. O caso mais emblemático é o das italianas, que preenchem 45% das posições no mercado de trabalho, mas apenas 26% dos cargos de liderança.
O desequilíbrio também é sensível entre as diferentes áreas da economia. No setor governamental, de educação e das organizações sem fins lucrativos há maior participação feminina: 47% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres. Já nos setores automotivo, aviação e transportes as mulheres ocupam apenas 18% das posições mais altas. Mesmo nos segmentos de Saúde/Farmacêutico, Serviços Financeiros/Seguros,
Varejo/Bens de Consumo e Mídia onde há maior presença feminina no
preenchimento de vagas gerais, o dado não se reflete nos cargos de
liderança. A diferença de vagas ocupadas por mulheres pode chegar a 15 pontos percentuais.
Em meio a isso tudo, há um dado positivo: o setor de tecnologia foi o que mais evoluiu em contratações, com 18% de aumento no número de mulheres trazidas para ocupar cargos de liderança.
Benefícios para a empresa e para a economia
E o que as empresas pode fazer para mudar esse cenário? Instigar a criação de grupos de discussão sobre a atuação feminina no mercado e até dentro da própria empresa pode ser um bom começo. As ações de levantar pautas e compartilhar experiências vão, sem dúvida, enriquecer não só a relação de equipe, mas também a relação com a própria empresa. Além disso, a companhia pode criar políticas específicas para a contratação de mulheres em posições estratégicas, e até aplicar em parcerias com universidades, para que haja o incentivo dessas meninas na carreira.
“Construir um ambiente profissional igualitário, diverso e inclusivo, produz resultados financeiros e não financeiros nas organizações como o aumento do engajamento e satisfação dos colaboradores, reputação e reconhecimento de marca, retenção de clientes e crescimento do lucro orgânico e bruto”, afirma Aline Tieppo, gerente de Comunicação Interna e Diversidade da Sodexo Benefícios e Incentivos. O resultado deste levantamento reforça a responsabilidade das empresas em criar meios para promover a equidade de gênero no ambiente de trabalho em todos os níveis hierárquicos e também em estruturar programas que oferecam às mulheres outras dimensões de qualidade de vida, como tempo com a família, lazer e cuidados com a saúde e a espiritualidade.
A executiva
Vanilda Grando, diretora de desenvolvimento de negócios da Kodak Alaris
para a América Latina, em seu primeiro ano de atuação dobrou os
indicadores de vendas da Kodak Alaris, líder na venda de scanners e
softwares para digitalização corporativa no país.
Para as mulheres
que desejam entrar para este mercado, Vanilda Grando aconselha: “Não se
intimidem pela participação masculina ser maior. As características
femininas em um ramo técnico é a combinação perfeita para o sucesso.
Vale muito a pena e há diversas oportunidades promissoras, claro que
independente do gênero, a determinação e muitas horas investidas no
negócio, são fundamentais. Agregar habilidades de vendas neste segmento é
um diferencial”, conclui a executiva.
Atualizadas
De acordo com dados do estudo Target Group Index, solução da Kantar IBOPE Media, 41% das mulheres entrevistadas afirmaram que se mantêm em dia com os avanços tecnológicos. Além disso, 59% delas afirmaram procurar a maior quantidade de informações possíveis sobre os equipamentos eletrônicos antes de comprá-los. O levantamento indicou ainda que, no momento da pesquisa, 73% das mulheres acessaram a internet nos últimos 30 dias e, entre elas, 82% o fizeram por meio de smartphones.
Empreendedorismo
Por falar em correr riscos, levantamento feito pela Contabilizei em sua base de clientes, aponta aumento de 12% do público feminino que realizou abertura de empresa na startup, do último Dia Internacional das Mulheres até março deste ano. O dado representa um aumento de 4 pontos percentuais na base feminina de clientes da empresa – passando de 33%, em 2016, para 37% neste ano.
Este número reforça o aumento gradativo da participação feminina no mundo do empreendedorismo, mas, ainda assim, elas continuam sendo minoria: 63% da base da empresa é composta por empreendedores.
De acordo com o CEO da startup, Vitor Torres, o perfil de mulheres empreendedoras varia de 25 a 34 anos, sendo que 22% deste público vive na cidade de São Paulo, seguido por Rio de Janeiro, Curitiba e Belo Horizonte. Além disso, 68% das mulheres demonstram maior afinidade com temas relacionados à carreira e educação, seguido por finanças.
“O perfil das mulheres que são nossas clientes, dentro dos grupos de comportamento mais usados atualmente são o de workaholics (batalhadoras), que trabalham duro para conquistar seu espaço, prezam pelo seu conforto e estão sempre de olho no custo benefício. O que confirma de fato as características intrínsecas do público feminino”, explica Torres.
Na conta do
Sebrae e so Dieese, o Brasil tem hoje mais de 7,5 milhões de empreendedoras, que
contribuem para movimentar a economia do País.
“Hoje, o que nós assistimos é realmente a mulher fazendo o uso do seu networking, da sua sensibilidade, da sua competência e habilidade em gerir, pois a mulher
por si só já nasce uma gestora de vida, da família e, quando essa
habilidade de gestão é incorporada ao mundo empresarial, nós temos
resultados de excelência”, analisa Mara Suassuna, presidente da BPW Goiânia, rede que promove o empreendedorismo feminino