E-commerce pode crescer em meio à crise do Coronavírus?

Conversamos com especialistas para entender o comportamento das compras virtuais na última semana e o que está por vir

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10:55 am - 23 de março de 2020

Em comparação com outras nações, o Brasil ainda é cético em relação às compras virtuais, sendo a China e o Reino Unido os mais avançados no tema. Em 2019, estimativas da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) indicavam que o comércio eletrônico por aqui atingiu volume de vendas de R$ 79,9 bilhões, crescimento de 16% em comparação com o ano anterior.

Mas agora com o novo Coronavírus e a necessidade de ficar em casa, será que o cenário pode mudar? Dados da Ebit|Nielsen, que atua com análises do comércio eletrônico no Brasil, mostram que a procura por produtos para bebê e alguns mantimentos cresceu de forma significativa entre janeiro e fevereiro deste ano, período em que começaram a ser confirmados os primeiros casos de Coronavírus no País. E as vendas de álcool em gel seguem em forte expansão em março.

O aumento no volume de compras on-line de produtos como termômetros e desinfetantes também foi resultado direto da crise decorrente do novo Coronavírus. O primeiro cresceu 45% e o segundo item 14% no período, com faturamentos de R$ 793,140 mil e de R$ 828,037 mil, respectivamente.

Já fraldas (26%), papinhas (51%) e lenços umedecidos (10%) também tiveram destaque no salto das vendas em fevereiro na comparação com janeiro, segundo a Ebit|Nielsen. Compras, portanto, de produtos essenciais. Itens como roupas não foram citados.

A Vtex, uma das maiores empresas de tecnologia com foco em e-commerce, afirma que não notou nenhuma movimentação tão relevante de expansão no começo de março. No entanto, a companhia nos dias 17 a 18 de março, registrou um volume um pouco acima da média em acessos ao site (+10,4%), criação de lojas (+30%) e assinaturas (+12%), número pequenos, segundo a companhia, para fazer uma associação direta com o Coronavírus.

E-commerce: o que esperar?

Rodrigo Bandeira, vice-presidente da ABComm, aponta que naturalmente haverá um crescimento de consumo digital, mas é precoce apontar qualquer número. Ele destaca que os setores de beleza, supermercado e pet tiveram mais compras nos últimos dias e que essa é uma grande oportunidade para o pequeno empreendedor investir em vendas virtuais, como já pode ser observado nas redes sociais.

“Do dia para noite, empresas tiveram de baixar as portas e aprender a trabalhar o fluxo do caminho on-line. E por mais que tenha uma compra virtual, há uma cadeia física que para que aconteça precisa de pessoas e as empresas vão precisar aprender a trabalhar nesse cenário, preservando as pessoas”, comenta ele e completa: “Independentemente de qualquer coisa, as pessoas precisam entender que precisam ficar em casa, primeiro vão matar pessoas, depois a economia e depois o emprego delas.”

A empresa de full-service para o comércio eletrônico Synapcom também verificou aumento nas vendas dos seus serviços para marcas que atendem os segmentos farmacêuticos e de supermercados. Foram mais de 40 ligações de empresas de diferentes segmentos em busca de soluções para vender on-line, contabiliza. “O consumo imediato, alimentares e de higiene cresceram de forma desordenada. Eletrônicos e tecnologia caíram, mas já observamos retomada nas buscas e compras”, conta Fabio Fialho, CSO da Synapcom.

Para ele, a crise gerada pelo novo vírus mudará a forma de atuar do varejo tradicional e pessoas que não tinham o hábito de comprar no digital começaram a testar serviços como Rappi, Uber Eats e iFood.

Na Cielo, a demanda crescente também foi observada, especialmente entre os pequenos empreendedores, e a missão da empresa está em prover tecnologias simples e eficazes para este momento. De acordo com Danilo Zimmermann, vice-presidente de Tecnologia da Cielo, a busca pelo Cielo Super Link, que dispensa o uso de maquininha e permite a venda por app de mensagens, e-mail e redes sociais, saltou sobremaneira.

“Antes da crise do Coronavírus, tínhamos pouco mais de 3 mil pessoas usando o produto. Nos últimos dias, registramos um salto de 240%”, contabiliza ele, destacando que a facilidade de uso da ferramenta tem acelerado sua adoção.

Com a quarentena decretada em diversas localidades, Zimmermann ressalta que essa é uma forma segura de efetuar pagamentos. “Há também várias empresas no mercado ajudando o pequeno varejo a ter uma solução de Delivery. Estamos facilitando esse contato com empresas de logística”, finaliza.

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