Do Chief Information Officer (CIO) ao Chief Innovation Officer
Nos últimos anos, os responsáveis pela área de tecnologia têm vivenciado um processo de transformação sem precedentes. Deixaram de ser os “guardiões da informação” para serem os verdadeiros “gestores da informação”, administrando nos dias de hoje os dados como um ativo ainda mais valioso para as organizações.
Atualmente, o CIO deve atuar como o líder da era digital. Ele passa a assegurar que a inovação seja um elemento básico e essencial para que a empresa possa agir e responder às mudanças com mais rapidez e de forma mais competitiva. Sua postura consultiva deve auxiliar as diferentes áreas a inovar, melhorar seus processos e a apresentarem melhores resultados.
As novas competências, que consistem em entender as necessidades das diferentes áreas e processos de negócios, trabalhando em colaboração para inovar e incrementar resultados operacionais e estratégicos, hoje é uma realidade para o CIO, já visto por seus pares como um profissional essencial não só para garantir a excelência dos processos, mas também como um incentivador da inovação, que é o propulsor dos negócios em qualquer empresa. A ideia de um técnico que simplesmente apoia as áreas já ficou no passado.
Nas empresas modernas, as áreas de Marketing e Finanças, por exemplo, têm o ‘aperfeiçoamento’ de seus processos, na realização de ações e campanhas mais assertivas para geração de negócios e retenção de clientes, nos controles e aprimoramentos financeiros para gestão de resultados e lucratividade.
Essas áreas já sabem que os profissionais de TI hoje entendem e respiram negócios, tendo como contribuir efetivamente para criação, adoção e execução de estratégias inovadoras, colaborativas e consistentes, baseadas em dados que podem ser obtidos por tecnologias de última geração, como soluções de gestão empresarial, financeira, de marketing, vendas e de relacionamento com clientes, entre outras.
Atualmente, é impossível inovar sem estratégias mais dinâmicas, como a análise em tempo real das redes sociais para entender como os clientes podem acessar informações diferenciadas em diversos canais, mas tendo uma visão única da empresa. Em outras palavras, o CIO é o guardião que administra a informação realmente em prol do planejamento estratégico, considerando as conjunturas de mercado.
O CIO se transformou no “Chief Innovation Officer”. Essa mudança consistiu em um processo de anos, nos quais a tecnologia ganhou cada vez mais importância para garantir resultados em todas as áreas de empresa graças ao advento das redes sociais, às demandas crescentes de clientes e consumidores por mais qualidade, interatividade e por inovação nas formas de se relacionar com eles, bem como no aprendizado gerado pelas dificuldades econômicas, que exigem cada vez mais estratégias assertivas e agilidade na implementação, além da colheita dos resultados.
As indústrias que não enxergaram esse processo de transformação acabaram desaparecendo. Outras sofreram bastante para estruturar-se, mas estão conseguindo vencer esse desafio, como a fonográfica, que se reinventou e hoje vende músicas sob demanda com preços mais acessíveis.
Outro exemplo é o varejo, que se reinventa no dia a dia para superar as expectativas dos consumidores em termos de qualidade dos produtos e serviços, experiências de compras propiciadas, preços e condições de pagamento, o que só é viável com muita tecnologia. O setor financeiro brasileiro, então, investe em inovação tecnológica em larga escala para surpreender e facilitar cada vez mais a vida de seus clientes. Por traz de todos esses processos, certamente estão CIOs antenados com mudanças e expectativas do mercado nacional e global
Mas o desafio continua: como criar um processo inovador? Podemos iniciar com pequenas ações no acesso de dados até uma mudança radical nos serviços de TI para clientes e as áreas de negócios. O CIO está diante de elementos-chave com os quais pode trabalhar em proximidade com áreas estratégicas a fim de incentivar mudanças, ampliar o conhecimento dos clientes, bem como os requerimentos técnicos, levando a um impacto positivo no caminho para a inovação.
Além disso, o Chief Innovation Officer encara nesse caminho de inovação a necessidade de escolher entre diferentes tecnologias, ajudar a identificar junto com as áreas quais são as prioridades na hora de investir em novas ferramentas; se é melhor optar por cloud ou on promise; quais as demandas de integração entre diferentes sistemas e o mais importante tentar sempre simplificar o ambiente de TI. Afinal, quanto mais simples a infraestrutura de TI, integrada e segura mais preparada está a empresa para inovar e tornar-se mais competitiva.
A evolução desse profissional está em pleno andamento. A jornada já começou, mas só o tempo mostrará quais serão as transformações e desafios que terão pela frente.
*Fernando Lemos é vice-presidente de Tecnologia, Oracle para a América Latina