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Desafios da economia criativa no Brasil

Muitos setores não sobrevivem a uma crise. Em meio a um cenário desafiador, crescer se torna tarefa ainda mais difícil. Mas existe um mercado que tem ganhado seu espaço, sobretudo na última década: a economia criativa. O termo foi criado para definir atividades, produtos ou serviços desenvolvidos a partir do conhecimento, criatividade ou capital intelectual. Diferentemente da economia tradicional (de manufatura, agricultura e comércio), a economia criativa é focada no potencial individual ou coletivo para produzir bens e serviços criativos. Os principais setores envolvidos são o de cultura, moda, design, música, artesanato, mídias, além de tecnologia e inovação.

O momento é para essa “indústria” é positivo. No Brasil, de acordo com dados da UNESCO, a economia criativa conta com 215 mil empresas, um crescimento de 70% nos últimos dez anos. O PIB da economia criativa chegou a R$ 126 milhões, 3% do total da economia brasileira. Apesar dos números positivos, os desafios ainda são grandes em vários aspectos, como retenção de capital humano e implementação de modelo de negócios.

Para traçar um cenário da economia criativa no país, Steven Pedigo, diretor de pesquisa e cidades do Creative Class Group – consultoria norte-americana focada em estratégia de negócios -, coordenou, em parceria com alunos de pós-graduação do Centro Universitário Belas Artes, um estudo abrangente das indústrias e dos âmbitos criativos em São Paulo. O conteúdo engloba setores como o de tecnologia, artes, cultura, arquitetura, design e ciência e a ideia é entender as vantagens competitivas, oportunidades e desafios associados com a economia criativa na capital paulista e no Brasil.

As primeiras conclusões do estudo foram apresentadas durante a segunda edição do Fórum Belas Artes de Economia Criativa, realizado no dia 4 de outubro, em São Paulo.

Foram desenvolvidos perfis qualitativos das indústrias e áreas da economia criativa na cidade. “Tivemos como premissas os 4 Ts – tecnologia, território, talento e tolerância – para avaliar São Paulo como cidade criativa”, explica Pedigo.

A partir dos quatro pilares, o estudo posicionou o Brasil em relação a outros países. Em termos de talentos, o País sofre com a dificuldade de manter sua força de trabalho no território. Um dos principais motivos é a falta de estrutura e respaldo legislativo para registrar projetos intelectuais no País, por exemplo. Nos outros três quesitos, o Brasil está de certa forma bem posicionado, sobretudo em “Tolerância”, por ser considerado uma nação aberta e receptiva. Em termos de desenvolvimento tecnológico, está em um patamar médio, à frente de países como Irlanda, Itália e Russia.

No geral, o Brasil é visto como um País de muitas oportunidades com economia criativa. O ponto desafiador é unir o potencial intelectual dessa indústria ao mundo dos negócios. Ou seja, conseguir dar valor econômico às ideias e criar uma cultura empreendedora.

Em termos de investimentos, Pedigo destacou a necessidade de mais suporte do governo, mas também encorajou instituições privadas a aderirem a projetos deste setor. “A iniciativa privada é peça fundamental nesse processo e precisa se envolver. Não podemos esperar apenas uma ação do governo. É preciso a participação de líderes do setor privado, como universidades.  Temos que pensar a economia criativa como um propulsor do crescimento econômico.”

Na prática: realidade virtual

Um exemplo de economia criativa aliada aos negócios estava bem ao lado do público do Fórum. Rawlinson Terrabuio, diretor de marketing e cofundador da Beenoculus, empresa desenvolvedora do primeiro dispositivo de realidade virtual brasileiro, também participou do evento e apresentou seu projeto ao público presente, formado principalmente por estudantes do instituto.

No caso da Beenoculus, a empresa conseguiu encontrar formas de como comercializar a economia criativa. “Uma das virtudes da Beenoculus é ter um time multidisciplinar, com profissionais de áreas como inovação, engenharia, administrativo, marketing. Cada um faz sua parte e todos se completam”, declarou o executivo, que se anima com as projeções para o mercado de realidade virutal. De acordo com o Gartner, as vendas de óculos de realidade virtual poderão superar US$ 1 bilhão este ano e atingir US$ 21 bilhões em 2020.

Rawlinson lamentou as dificuldades para a economia criativa no Brasil, mas deixou o recado. “O segredo é a colaboração.”

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