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De saída da Cisco, John Chambers avisa: ou lidera a disrupção ou não sobreviverá

John Chambers gosta mais de participar do Cisco Live do que de beber Diet Coke e comer bacon ou donuts – e vale ressaltar que ele gosta bastante dessas três coisas. Foi dessa forma que o executivo foi chamado ao palco naquela tarde de 8 de junho de 2015. A data é especial, pois marca uma das últimas vezes que ele discursa como CEO da companhia que comandou pelos últimos vinte anos no principal evento da empresa.

O líder da fabricante aproveitou a audiência composta por milhares de funcionários, parceiros e clientes que lotaram o centro de convenções em San Diego (EUA), para mandar seu recado.  “Quem não propor a disrupção, será varrido por ela. A escolha é simples”, sentenciou.

Visivelmente emocionado, ele endereçou seu discurso com mensagens pedindo uma postura proativa das organizações no momento de transição tecnológica. “O mundo digital irá mudar a forma como faremos negócio”, disparou Chambers, que vê a TI (e especialmente a conectividade e a rede) como alicerce desse novo ambiente.

Ele apoia suas observações em estudos de consultorias que indicam que 87% dos CEOs consideram a transformação digital como algo crucial para a perpetuação das empresas. Na outra ponta, contudo, apenas 7% dessas organizações têm uma estratégia para seguir neste rumo.

Além disso, eté 2020, 75% dos negócios serão totalmente digitais, mas somente 30% dos esforços para tal transição terão sucesso. “Isso ocorrerá porque as empresas falharão nos processos de inovação e de reinvenção de seus negócios”, aponta.

Chambers acredita que entender e criar empreendimentos disruptivos, como Uber e o Airbnb, não necessariamente significa pensar em uma companhia de transporte e hospedagem. Na sua visão, o que essas organizações fizeram foi pensar em como se aproveitar das tecnologias para usar recursos até então subutilizados e propor inovações em modelos de negócio.

Quem irá vencer

O CEO da Cisco avalia que o mundo acaba de sair da era da informação para ingressar na era digital – período que deve se estender até 2030.  As empresas que conseguirão fazer esse processo de transformação obterão sucesso devido a habilidades para acompanhar as transições de mercado, por conseguirem tomar decisões acertadas por um longo tempo, reinventarem-se e direcionarem seus focos com base em parcerias e no cliente. “Hoje é preciso pensar exponencialmente”, comenta o executivo, sobre o que desencadeou o surgimento de empresas de economia compartilhada.

Do outro lado há uma série de pressões, dentre as quais a necessidade de acelerar o ritmo de inovação, sem perder requisitos de segurança; enfrentar novos competidores e entregar resultados de curto prazo aos acionistas. Os desafios tocam questões como mudar a cultura da organização, além de promover cooperação entre times e silos. Enquanto isso, os orçamentos destinados à TI deve enfrentar queda nos próximos anos.

A estratégia, segundo ele, reside em criar um alicerce tecnológico que permita movimentos mais ágeis. “Entregar inovações inacreditavelmente rápidas para entregar soluções não mais em meses, mas em dias”. Chambers acrescenta que parcerias estratégias definirão o futuro das organizações e serão habilitadores desse novo cenário. “Quem não fizer a transição ficará para trás”.

Passando o bastão

No final de sua apresentação, Chambers apresentou seu sucessor: Chuck Robbins.  “Ele é um executivo que tem a habilidade de pegar o conceito e transformar isso em negócios, redesenhando vendas, focado em parceiros, orientado aos clientes. É o melhor profissional em capacidade de unir visão e estratégia e entregar isso de maneira única”, definiu.

O executivo que assume a posição de CEO da Cisco ao final de julho terá a missão de focar quatro áreas: aceleração do crescimento, simplificação dos negócios, imposição de rigor operacional e fortalecimento da cultura corporativa.

Questionado sobre o que dará a tônica de seu trabalho pelos próximos três anos, o futuro líder da fabricante foi enfático. “Temos que priorizar as ações”, resumiu, observando no horizonte oportunidades dez vezes maiores do que as já vistas pela organização ao longo de sua história. Resta saber se ele conseguirá seguir os passos de seu antecessor. Segundo ele, a ideia é que a próxima década seja ainda melhor que as duas últimas.

*O jornalista participa do Cisco Live 2015, nos Estados Unidos, a convite da Cisco.

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