Data Center Digital: desenho do futuro

Esta é a segunda reportagem da série Data Center Digital, que será finalizada na próxima semana. Da primeira, também participaram executivos de dez data centers com importantes atuações no País – Algar Tech, Ascenty, Embratel, Equinix, IBM, Level 3, Locaweb, Sonda, Tivit e T-Systems. Agora, eles definem arquitetura, serviços e tecnologias vitais para data center digital.
Em um mundo transformado pelo digital, os data centers também estão fazendo a lição de casa e direcionando os negócios às novas demandas. Para Mário Rachid, diretor-executivo de Soluções Digitais da Embratel, a arquitetura característica dos novos data centers é a Openstack. Ele explica que é uma plataforma em nuvem colaborativa, com código aberto (open source), o que permite a qualquer pessoa autorizada participar e colaborar com os projetos ambientados nela.
“Nesse desenho, o maior diferencial é a eficiência. É preciso oferecê-la sob todos os aspectos, desde energia até operacional e computacional. É o que destaca um data center dos demais”, diz. A tendência, segundo ele, é fornecer cada vez mais um nível de serviço alinhado à necessidade do negócio do cliente, além do consumo responsável e assertivo dos recursos computacionais. “Nada além do que o cliente precisa, e nada menos do que ele demanda”, ensina.
Ivan Tancler, gerente de Data Center da Locaweb, acredita em uma arquitetura dual, operando ininterruptamente para os sistemas de conectividade, climatização e elétricos, que em situações de manutenção ou de falhas de energia, a operação permaneça contínua.
Por outro lado, Eduardo Carvalho, presidente da Equinix no Brasil, defende o conceito de Interconnection Oriented Architecture (IOA), ou Arquitetura voltada à interconexão. “A IOA substitui a arquitetura básica de TI, atualmente isolada e centralizada, por uma interconectada e distribuída. Dessa forma, as companhias podem escolher fornecedores e parceiros em múltiplas nuvens, manter um ambiente físico e ter todos os dados, locais, pessoas e cloud totalmente conectados, integrados e funcionando com segurança e rapidez.”
Guilherme Barreiro, head de Serviços IoT da T-Systems Brasil, aposta em um desenho de data center que suporte o crescimento e o dinamismo impostos por usuários e negócios da era digital. “Todos os requisitos de segurança, disponibilidade e resiliência devem ser cumpridos e o ecossistema de soluções de infraestrutura, sistema e aplicações devem permitir integração, automação e adaptação com o mínimo de intervenção humana”, diz, ressaltando que é dessa maneira que a empresa define um data center orientado a software – Software Defined Data Center (SDDC).
Data center da era digital não tem mais foco de centralização como era antigamente, na avaliação de Bruno Faustino, diretor-geral de Data Center e Cloud Computing da Sonda. “Principalmente considerando computação em nuvem e IoT. Processamento mais perto do usuário é fator decisivo.”
Com a tendência da descentralização do processamento, a integração se torna vital para conseguir a informação de forma rápida e consistente, reitera o executivo. “As arquiteturas devem ser orientadas ao modelo de negócio da empresa”, diz, acrescentando que os chamados “white/brite-box devices”, que ganharam forte presença no mercado devido aos grandes players de cloud, devem estar em qualquer desenho de arquitetura de data center na era digital.
Tecnologias-chave
Rodrigo Schiavon, líder de Serviços de Infraestrutura para IBM América Latina, entende que no novo modelo a tecnologia protagonista é o Software Defined Datacenter. Segundo ele, por meio das camadas de gestão e automação, é possível criar um único painel de gerenciamento, não importando o tipo de hardware que está sendo utilizado (servidor, storage ou redes) ou a espécie de nuvem definida.
Outro importante recurso que será cada vez mais vital para a gestão dos data centers são as tecnologias cognitivas, afirma Schiavon. Ele diz que além de permitir uma monitoração mais acurada, trabalham de forma proativa, aprendendo o comportamento de cada aplicação e da infraestrutura, realizando sugestões de correções para melhorar continuamente as operações.
Armando Amaral, CTO da Tivit, destaca as tecnologias definidas por software. Segundo o executivo, essas inovações habilitam os usuários e sistemas de nuvem a aprovisionarem recursos do data center de maneira dinâmica, sob demanda de uso e, portanto, geralmente com pagamento sem contrato fixo.
Outro ponto relevante para Amaral é a segurança, já que um dos objetivos do data center da era digital, ele reforça, é garantir a continuidade dos sistemas de nuvem. “Com o aumento da adesão à nuvem, os softwares que garantem a segurança evoluíram e oferecem proteção física, sistemas de monitoração online dos ambientes por meio do processamento de imagens, reconhecimento biométrico para autorização de acesso e sistemas e sensores de IoT, que geram informações mais precisas e úteis a sistemas de big data e Analytics.”
André Magno, diretor de Data Center, Nuvem e Segurança da Level 3, acrescenta à lista de tecnologias imprescindíveis virtualização, hiperconvergência, monitoramento integral, ferramentas para governança de serviços e dados e green data center.
Edilson Rodrigues Braga, coordenador de Data Center e Cloud da Algar Tech, lembra ainda de soluções para atender a demandas emergentes como IoT, Inteligência Artificial, Realidade Virtual/Aumentada e Computação Quântica. “Essas tendências desafiam a TI tradicional e abrem portas que permitem revolucionar a maneira como as pessoas vivem e interagem no dia a dia.”
Serviços da nova era
Para Faustino, da Sonda, um dos principais fatores é a velocidade na entrega da informação. “Contar com um serviço de monitoração end-to-end de todo processo do usuário digital e a capacidade em reagir no caso de incidentes é fator chave para sucesso de sua estratégia digital”, avisa.
Segundo o executivo, hoje, qualquer segundo a mais para realizar uma operação de e-commerce, por exemplo, é decisivo para a efetivação da compra. Serviços para gerenciamento de orquestração e automatização são vitais para análise e gestão adequadas de todo data center automatizado, com o objetivo de entregar a velocidade exigida, sem perder gestão e controle.
Eduardo Carvalho, presidente da Equinix no Brasil, diz que um dos principais serviços que devem ser oferecidos pelos data centers nessa era são as plataformas de cloud computing, especialmente a nuvem híbrida. “Isso porque permite às empresas manterem seus dados críticos mais seguros em um ambiente privado, ao mesmo tempo em que tiram proveito da escalabilidade e da praticidade da cloud pública”, explica.
Outro destacado pelo executivo é o processamento de dados na borda digital. “Temos cada vez mais informações vindas dos mais diversos dispositivos que precisam ser cruzadas, analisadas e processadas em tempo real. Quanto mais perto dos usuários esses dados estiverem, mais rápidos serão os processos e decisões nas companhias.”
De acordo com Guilherme Barreiro, head de Delivery de Serviços de ITO da T-Systems Brasil, não podem faltar nos data centers alinhados às novas exigências fornecimento de plataformas de nuvem com diferentes aspectos de redundância, resiliência e desempenho, de forma a atender às necessidades de diferentes clientes e seus negócios.
“Todo o portfólio deve ter ainda um formato de cobrança baseado em uso, viabilizando aos clientes maior assertividade para planejamento financeiro em relação às mudanças que afetam o consumo da infraestrutura”, destaca.
Marcos Siqueira, diretor de Serviços Gerenciados da Ascenty, alerta para o fato de que os hackers também evoluíram na mesma medida das soluções de segurança nesse atual cenário. Ele acena como um dos principais serviços o Disaster Recovery as a Service (DRaaS), que é uma réplica de dados da empresa, que pode ocorrer em tempo real ou em períodos específicos, garantindo a continuidade dos negócios.
Os serviços de colocation também foram ressaltados por Siqueira, e ainda os gerenciados, como os de gestão de hardware, sistemas operacionais e banco de dados. Ele defende ainda que os de cloud computing (como cloud híbrida, privada e pública) também merecem importante posição no portfólio dos novos data centers.
No próximo episódio (último), os executivos vão apresentar os “10 Mandamentos” do data center da era digital.