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Como vencer os obstáculos rumo à Qualidade 4.0

A gestão de qualidade tem se tornado, cada vez mais, uma prioridade para as empresas e, especialmente em um contexto de Indústria 4.0, em que tecnologias como big data, inteligência artificial e internet das coisas industrial estão impactando de forma significativa os processos na manufatura, é natural que esses avanços também estejam ganhando espaço na área de qualidade, dando origem ao conceito de Qualidade 4.0.

Assim como no caso da Indústria 4.0a chamada quarta geração da Qualidade descreve uma abordagem voltada para dados, em que os processos produtivos não são focados apenas em taxas e custos de produção, mas na qualidade de tudo o que é produzido – incluindo processos e serviços prestados ao longo de todo o ciclo de produção.

Todas as tecnologias associadas à transformação digital, como internet das coisas e inteligência artificial, podem contribuir para otimizar a gestão de qualidade. É o caso, por exemplo, da análise preditiva, que pode prever alterações na qualidade da produção.

Mas qual é o status das iniciativas relacionadas a Qualidade 4.0 nas empresas ao redor do mundo? Um estudo realizado pelo Boston Consulting Group, a ASQ e a German Association for Quality, chamado “Winning the Race to Quality 4.0”, buscou responder essa pergunta por meio de uma pesquisa conduzida em 2019 que contou com a participação de executivos e gerentes de qualidade de mais de 220 organizações de 18 indústrias sobres seus esforços sobre Qualidade 4.0.

Muitas empresas não têm nem mesmo uma cultura básica de qualidade

Apenas 25% dos participantes disseram que suas empresas já detalharam alguma estratégia ou roadmap de transformação digital ou implementação da Indústria 4.0Além disso, só 16% deram início à implementação de iniciativas associadas à Qualidade 4.0.

Além de mostrar que poucos participantes começaram a planejar a modernização da área de Qualidade rumo à era 4.0, o estudo mostrou algo ainda mais grave: apenas 27% acreditam fortemente que sua empresa tem um entendimento claro dos objetivos e metas de qualidade do negócio. Ou seja, muitas empresas não têm nem mesmo uma cultura básica de qualidade e, por isso, não estão preparadas.

Neste contexto, apesar de a Qualidade 4.0 ser, em essência, a aplicação de tecnologias digitais na gestão da Qualidade, não é bem a tecnologia a principal barreira na inclusão desses avanços – apesar de a presença de sistemas obsoletos e da falta de recursos para garantir a precisão e a integridade dos dados da Qualidade também serem um problema.

É a falta de habilidades e talentos digitais, no entanto, o principal desafio. Segundo o estudo, a falta de habilidades e talentos digitais é classificada em 7,3 em uma escala de um a 10 (sendo “um” uma barreira menor e “10” uma barreira relevante). Isso tem levado a uma grande concorrência por especialistas em digital dentro e fora da empresa.

Como avançar na modernização da Qualidade 4.0?

Na Indústria 4.0a eficiência dos processos é tão importante quanto o uso de sistemas avançados, logo, a adoção de novas tecnologias está longe de ser a única tarefa na modernização e na otimização da gestão de Qualidade. Para que sejam relevantes e de fato possam trazer benefícios do ponto de vista estratégico e operacional, as novas tecnologias precisam estar alinhadas a uma cultura básica de Qualidade.

Para levar a Qualidade à era 4.0 é preciso ir além da adoção de tecnologias. É preciso contar com estratégia, processos, metodologias e uma mudança de abordagem em relação à gestão da área, e isso pode ser feito por meio do alinhamento a metodologias Lean.

Um programa de melhoria contínua baseado em Lean Seis Sigma pode fazer a diferença por ter como uma de suas funções a avaliação de processos para identificar e implementar melhorias, eliminando desperdícios e permitindo entender quais sãos processos que mais vão se beneficiar de mudanças e da implementação de novas tecnologias.

Esse alinhamento vai ser fundamental para avançar no status das iniciativas relacionadas à Qualidade 4.0, contribuindo para a otimização da área como um todo e para processos produtivos altamente eficientes.

*Gilberto Strafacci é diretor do Setec Consulting Group

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