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Como o timing (ou a falta de) pode matar sua ideia inovadora

Nos últimos anos, tive contato com diversos projetos que envolviam inovação. Boas ideias, capitaneadas por profissionais capacitados que acabam conseguindo investimento para fazer o negócio crescer. Porém, cada vez mais, me dou conta de que, receber um investimento não é sinônimo de sucesso. O empreendedor precisa, entre outros fatores, estar atento ao timing.

Muitas vezes o público não está preparado para a inovação desenvolvida. Além disso, se o produto ou serviço depender de acordos com outras empresas, elas podem não aderir por existir conflitos de interesses com modelos de negócios já estabelecidos.

Vamos tomar como exemplo o tablet. Todos o conhecem pelas mãos da Apple, mas nem todo mundo sabe que, na verdade, foi a Microsoft quem lançou a primeira versão do produto em 2002.

Steve Jobs lançou o Ipad apenas em 2010, oito anos depois da concorrência. Mas, por que o projeto da Microsoft não emplacou?

Vamos aqui listar apenas três das diversas respostas possíveis para essa pergunta. Eles ainda eram pesados, a duração da bateria era curta e o sistema operacional não era adaptado ao novo formato.

Nesse processo de amadurecimento da tecnologia e do mercado, podemos ver projetos morrendo na mão de uma empresa, enquanto renascem como fênix na mão de outra. E é preciso encarar isso como processo natural da evolução tecnológica.

Em contrapartida, o que parece ser uma derrota em inovação, pode significar conhecimento adquirido que pode ser utilizado em novos projetos e, quem sabe, ser relançado com ajustes após a aderência do produto ou serviço no mercado.

Se um empreendedor desenvolveu um produto ou serviço inovador e ele não decolou, talvez seja culpa do timing. Claro que existem infinitas variáveis neste processo, mas, às vezes, a falta de timing pode ser a grande vilã.

É preciso encarar isso como um fracasso momentâneo. Avaliar o cenário e tentar entender o que aconteceu, sem deixar que o orgulho fale mais alto. Se chegar à conclusão de que o projeto era realmente ruim, é preciso enterrá-lo sem dó.

Acredito que o conhecimento adquirido, as rotinas desenvolvidas e os contatos feitos ao longo do processo de estruturação da sua ideia darão uma ótima bagagem para que o empreendedor alce novos voos.

Quanto mais experiente, mais se cercará de pessoas tão inovadoras e talentosas quanto ele e mais rápido será o processo de tirar projetos do papel.

Com voos cada vez mais altos ele também deve estar mais preparado psicologicamente para novas quedas que podem eventualmente acontecer. Mas, não tentar, quais são as chances de algo dar certo?

O mais importante de tudo isso é que o empreendedor terá histórias para contar e ninguém vai poder dizer que não correu atrás de seus sonhos.

*Wagner Marcelo é coordenador do grupo de Startups na PUC-SP. Sócio Diretor da Intellecta – Centro de estudos avançados e Membro do comitê de investimento e inovação da FIESP/CJE

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