Como novos negócios estão levando o mercado rodoviário para o digital

Fazer uma viagem de avião no Brasil não requer muita complicação: há uma série de opções, preços e trajetos para pesquisa nos sites de metabusca, o bilhete é enviado diretamente no celular e podemos fazer o check-in automaticamente. Quem procura hospedagem em outra cidade ou precisa de locomoção também tem uma série de opções e facilidades.

Por que o mesmo não ocorre no mercado rodoviário? É um mercado que transportou, somente em 2016, quase 280 milhões de passageiros de acordo com dados da ANTT e estimativas a partir de pesquisas realizadas na plataforma BuscaOnibus, que atua no setor rodoviário e integra informações de mais de 160 viações do Brasil e Mercosul.

Apenas 6% do total de passagens de ônibus no Brasil são vendidas on-line. Ainda é preciso vencer algumas restrições burocráticas como a adoção dos bilhetes eletrônicos, evitando a obrigação de retirar em papel nos guichês, a maior liberdade para as empresas de viação e agências online fazerem promoções e variação de preços, ou mesmo a liberação das concessões de linhas, prevista para breve.

“Parte destas restrições vão desaparecer já em 2018, e juntamente com a adoção cada vez maior de ferramentas digitais por parte do consumidor, a tendência é cada vez mais que a experiência de planejar e reservar as suas viagens de ônibus se aproxime do que acontece no setor aéreo”, atesta José Almeida, CEO e fundador do BuscaOnibus, plataforma por onde são realizadas, por mês, mais de 12 milhões de pesquisas de trechos, preços e horários de ônibus.

Desde 2016, alguns projetos-pilotos são desenvolvidos para emissão de bilhetes eletrônicos, com o objetivo de desburocratizar o sistema de emissão fiscal. Até então, as empresas precisam usar uma máquina específica, homologada pela Secretaria da Fazenda (SEFAZ) de cada estado. Com a liberação de um sistema 100% eletrônico para a emissão de bilhetes, desenvolvido pela SEFAZ-MS, é possível começar a implantação dos bilhetes eletrônicos em todo o Brasil, ao menos teoricamente.

As empresas de viação precisam, primeiro, aderir ao sistema, mas algumas das maiores empresas de viação, como a Eucatur, Andorinha, Ouro e Prata, entre outras, já deram os primeiros passos. Com esta medida, a compra de passagens online passa a ser bem mais vantajosa, já que agora o viajante que compra online, sequer terá que buscar o bilhete no guichê.

Na opinião de José Almeida, do BuscaOnibus, “em termos de infraestrutura, viajar de ônibus tem sido uma experiência melhor nos últimos anos, com maior disponibilidade de wi-fi, veículos mais modernos, melhores estradas e também pelo fato de que os terminais rodoviários costumam ficar em regiões centrais da cidade, reduzindo o custo e o tempo de deslocamento em comparação com alguns aeroportos do país”.

A comparação é injusta quando se fala em grandes distâncias (a partir de 800 km), mas na avaliação de trajetos médios (300km a 500km), o tempo perdido com imprevistos comuns em voos (atrasos de aeronave, condições climáticas) podem fazer os usuários preferirem a pontualidade e regularidade dos trajetos de ônibus. Existe ainda uma grande vantagem no quesito bagagem, que enquanto no aéreo passou a ser cobrada qualquer bagagem despachada, no ônibus é possível transportar até 30 quilos sem cobranças de taxas.

Em resumo: o mindset digital que está sendo impulsionado por startups, agências online e empresas de metabusca, somado à demanda do consumidor por facilidades e mais informação, deve tornar o mercado rodoviário brasileiro cada vez mais próximo da experiência com o setor aéreo e hoteleiro.

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