“Na estratégia, decisiva é a aplicação.” A conhecida frase de Napoleão Bonaparte, figura emblemática da história política ocidental na transição do século XVIII para o século XIX, traduz o quanto, há muito, já se sabe sobre a importância de se transferir as estratégias para o plano da realidade. Apesar disso, quando tratamos do contexto empresarial, concretizar um planejamento estratégico, transformando-o em resultados efetivos para o negócio, continua sendo um grande desafio para os gestores.
Nesse sentido, o que deve ser feito para implementar ações estratégicas no dia a dia de uma organização? O primeiro passo é admitir que todos os planos são falhos e que não conhecemos todas as variáveis. Com isso, passamos a compreender o plano como uma carta de intenções, um referencial, e não uma camisa de força.
Além disso, há obstáculos que devem ser superados durante a execução do plano. A seguir, destaco alguns que merecem maior atenção.
O plano reflete o cenário. Mudança no cenário implicará em mudança no plano. Quando concebemos um plano, via de regra, assumimos alguns pressupostos sobre como acreditamos que serão os possíveis cenários futuros. Este exercício compreende cenários internos – pessoas, cultura, processos, meios — e cenários externos — economia, mercado, demanda.
O grande problema reside em assumir como verdade estes pressupostos, e não mais revisitar os cenários traçados. Ao fazer isso, é certo que o Plano perderá sua eficácia. Este é, possivelmente, um dos erros mais corriqueiros em gestão.
Como explica Michael Porter, um dos teóricos mais importantes no universo da estratégia, “as empresas devem ser flexíveis para reagir com rapidez às mudanças competitivas e de mercado”. Tal adaptação rápida só é possível quando os gestores se dispõem a flexibilizar o processo de implementação das ações estratégicas, dando espaço para eventuais desvios de rota — e não penalizando-os. Sendo assim, deve fazer parte da rotina do gestor a reavaliação dos cenários considerados na elaboração do plano e, sempre que houver mudança em qualquer variável, revisar o plano, ajustando o seu curso.
A principal ferramenta do líder
A comunicação é a ferramenta mais importante do líder na execução da estratégia. Assegurar que as estratégias sejam compreendidas e assimiladas em todos os níveis da organização é tão crucial quanto seu processo de elaboração. Não entender este princípio é, sem dúvidas, uma das principais causas de insucesso na execução.
Quando o assunto é estratégia, a comunicação se baseia em três pilares: intensidade, cadência e clareza:
. Intensidade significa inserir a estratégia em toda comunicação. Toda interação com o colaborador é uma oportunidade de fazê-lo compreender mais profundamente a visão e as estratégias da empresa.
. Cadência diz respeito a regularidade com quem a comunicação ocorre. É fundamental que a equipe se reúna regularmente, para avaliar progressos. Execução requer ritmo, e é responsabilidade da liderança assegurar que toda a companhia “dance conforme a música”.
. Clareza significa assegurar que houve compreensão por parte da equipe. Uma boa comunicação ocorre quando há compreensão, e ao contrário do que o senso comum possa dizer, compreensão não é uma responsabilidade do ouvinte, mas de quem comunica.
O resultado de uma comunicação eficaz é alcançado quando toda a companhia, cada equipe e indivíduo é capaz de compreender seu papel na busca das metas. Missão, visão, objetivos e metas podem mudar. Valores não.
Quando o assunto é formar um time de alta performance em execução, leve em conta que estratégia tem muito a ver com perenidade. E uma boa estratégia não subsiste apenas com uma declaração de missão inspiradora. As pessoas são atraídas e inspiradas por empresas que são coerentes com seus valores e que valorizam a integridade de seus colaboradores.
Os valores da companhia devem refletir atributos que permaneçam ainda que todo o resto mude: visão, metas, objetivos, posicionamento, tudo isso pode mudar. Uma empresa pode mudar radicalmente sua missão e visão, mas só subsistirá se for constante em seus valores essenciais.
Uma boa equipe só se mantém engajada por um longo tempo se houver um DNA compartilhado entre a companhia e o indivíduo. Quando escolher alguém para o seu time, tão fundamental quanto identificar competências chave, é assegurar que exista um alinhamento absoluto entre os valores da companhia e os do colaborador.
Sintetizando, a execução de uma estratégia depende de três diretrizes principais: sensibilidade para as mudanças de cenário, comunicação eficiente e valores compartilhados. Isso não quer dizer que tal tarefa deixará de ser um desafio. Mas, no mundo empresarial, não devemos fugir dos desafios e sim, munir-se das ferramentas necessárias para superá-los.
*Michael Cardoso é cofundador, sócio e atual diretor de operações da JExperts, empresa especializada no desenvolvimento de soluções para gestão de performance corporativa.
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