O conceito de mobilidade está cada vez mais presente em nosso dia a dia. Com a chegada de novas tendências tecnológicas, como nuvem e mídias sociais, é possível aproveitar as vantagens da rede em qualquer lugar, seja através de smartphones, tablets, wearables ou até mesmo com objetos que jamais imaginamos interagir, como geladeiras, automóveis e televisões.
Na série de reportagens especiais sobre mobilidade, que serão publicadas ao longo desta semana, apresentaremos tendências no uso da mobilidade que prometem facilitar a vida do usuário. Nesta segunda-feira (25), o foco será nas novas tecnologias projetadas para automóveis.
Poderia o seu carro acordá-lo se você dormisse ao volante? Ou recomendar um bom restaurante mexicano? A convergência entre duas tendências da tecnologia, a Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês) e carros sem motoristas, está mudando o jeito com que os automóveis são construídos. Novas tecnologias de sensores estão direcionando uma revolução no jeito em que nós interagimos com nossos queridos carros, em quão seguros eles são, e até mesmo o quão econômicos em relação ao consumo de combustível eles podem ser. Bem em breve, será difícil dizer qual é o mais inteligente: o carro ou o motorista.
Isso provavelmente está ok para a maioria dos motoristas. As pessoas parecem amar seus carros como parte da família. Uma pesquisa recente, inclusive, mostra que mais da metade dos motoristas britânicos deu nomes para seus carros. O nome mais popular de um carro na Grã-Bretanha? Betty. A proprietária da Information Week norte-americana, Susan Nunziata, deu ao seu carro o nome de Mabel.
A questão engraçada é que quanto mais os carros se tornam automatizados e conectados as nossas vidas, nós apenas iremos ficar mais próximos a eles. Num futuro próximo, a Mabel ou a Betty irão mudar de direção para evitar o trânsito, e então elas irão parecer mais uma amiga do que nunca.
Os carros também irão se tornar mais sociais e talvez venham até a ter uma personalidade conforme eles se conectam mais às nossas vidas. A primeira vez que o Harrison (um nome comum para Fords) lembrar seu motorista de comprar um presente de aniversário, você pode apostar que ele será recompensado com uma boa lavagem e enceragem.
Tudo isso está sedimentado com uma melhora na interconectividade entre os carros, motoristas e o mundo ao redor deles. Seu carro está sendo equipado com um grande número de câmeras, sensores e ferramentas de rede que permitem a ele não apenas ver e medir o mundo ao seu redor, mas também o que outros carros e objetos próximos estão vendo. Imagine seu carro sabendo que uma criança correu para o meio da rua logo no quarteirão ao lado porque outro carro viu a criança primeiro, e assim ele poderá reduzir a velocidade automaticamente.
Desta forma, a Betty e o Harisson não estão apenas falando com você, mas também estarão falando com a Mabel. Tudo isso está direcionando para as mudanças no jeito que nós dirigimos. Clique para ver as nove tecnologias que irão fazer com que seu carro atual pareça-se com um Model T.
Atual mercado de sensores de segurança
Se você comprou um carro nos últimos anos, especialmente se for de luxo, você começou a ver essa tendência em ação. Sensores de estacionamento e câmeras de ré são notícias antigas. Melhorando isso, nós vemos carros com controle de pista, piloto automático, alertas de proximidade, assistência de frenagem e tecnologias de prevenção de colisões.
Todas elas dependem de uma série de sensores externos (geralmente uma combinação de sensores visuais e radares) para determinar o quão perto estes objetos estão. Os sensores geralmente dão uma pista de áudio seguida por uma intervenção automática. O assistente de frenagem é um dos melhores exemplos de como o uso de simples tecnologias para prevenir a maioria das colisões: uma nova aplicação desta tecnologia é o piloto automático, que desacelera levemente para você quando você se aproxima de um carro mais lento.
Enquanto nenhuma destas tecnologias pode prevenir contra movimentos violentos e repentinos que em algumas situações causam acidentes, elas podem prevenir erros menores de se tornarem grandes tragédias. Uma tecnologia que está sendo lançada é a utilização de imagens 3D, criadas por lasers, que irão tornar todas essas tecnologias ainda mais precisas e úteis.
Air bags externos
É claro, uma tecnologia que possa ajudá-lo a evitar a batida é fantástica, mas algumas vezes você irá bater de qualquer jeito. Airbags típicos ficam dentro do carro, para proteger os passageiros. Mas e se você os colocasse do lado de fora, da mesma forma que uma nave especial pousa em Marte?
Air bags externos iriam não apenas ajudar a manter os passageiros seguros, mas o carro também sofreria menos danos. A Volvo (entre outros fabricantes) está trabalhando em air bags que são liberados da parte de baixo do carro e costuras nas portas e janelas. A primeira meta é proteger pedestres e ciclistas, mas também o carro em si. Obviamente, um problema para fazer isso acontecer, é que você sabe que irá acabar batendo em alguma coisa.
Ao contrários dos air bags internos, que podem abrir no segundo imediato após a batida, air bags externos precisam abrir antes da colisão, o que cria alguns desafios intrigantes – como exemplo, evitar a abertura em situações de proximidade de acidentes ou abertura tardia. No entanto, se os sensores forem calibrados corretamente, os air bags externos podem salvar vidas.
Carros que saibam se você está cansado
A Volvo também está testando sensores dentro do cockpit do carro para medir a atenção e a exaustão do motorista. O sensor mede o quão aberto estão os olhos do motorista e se o mesmo está olhando para a estrada. Ele também dá um alerta para motoristas desatentos que tiram seus olhos da rodovia.
Uma companhia chamada Harken está trabalhando na mesma frente a partir de um ponto de vista diferente: cintos de segurança feitos com tecnologia de fábrica inteligente que monitoram seus batimentos cardíacos e respiração para verificar sinais de que você esteja próxima a cair no sono.
Mantendo bebês e animais de estimação seguros
Todos nós sabemos que não podemos deixar bebês e animais de estimação dentro do carro, especialmente em dias quentes. Segundo algumas estimativas, 38 crianças e milhares de animais morrem nos Estados Unidos todos os anos após serem trancados em carros com altas temperaturas.
Infelizmente, a indústria automobilística não está trabalhando em uma solução para esse problema, mas Alissa Chavez, uma estudante de 17 anos, está trabalhando nisto desde o colégio. Similar a um sensor de air bag do banco do passageiro, o dispositivo criado por ela, chamado Hot Seat (assento quente), é um sensor de pressão que que cabe embaixo da cobertura do assento de crianças do carro. Se o sensor perceber que há uma criança no assento, um alarme irá disparar se o motorista se afastar mais do que 12 metros do carro.
Enquanto o Hot Set claramente não iria proteger os animais de estimação deixados no carro, talvez sensores possam ser montados dentro do carro para detectar movimentos e temperatura. Construtoras, estão ouvindo?
Reconhecimento facial
A BMW começou a fazer testes de reconhecimento facial em 2008. A Toyota introduziu um carro conceito em 2012 que usava o reconhecimento facial para identificar o motorista. Ele inclusive dizia “Olá” quando o motorista se aproximava.
Desde então, muitos fabricantes continuam fazendo testes, tanto por razões de segurança quanto sociais. Se nós chamamos nossos carros de Mabel e Betty, por que os nossos carros não poderiam nos chamar pelo nome também? Conforme o reconhecimento facial vai ficando mais sofisticado, ele também pode ajudar a prevenir roubos: um carro que irá ligar apenas para rostos identificados poderia reduzir a taxa de roubo de carros. Este é um grande negócio, visto que mais de 650 mil carros foram roubados nos Estados Unidos apenas em 2013.
Confira amanhã, em continuação à série especial, como a internet e os conceitos de conectividade irão mudar a maneira que os automóveis interagem com o motorista, outros veículos e com a cidade em si.