Transição de carreira: minhas dificuldades e dicas para contorná-las

Meus desafios também podem ser os seus

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5:29 pm - 05 de julho de 2021

Se você já passou aqui pela coluna antes, provavelmente já leu meu relato sobre como deixei a reportagem para me tornar uma profissional de dados. Naquele texto, contei um pouco sobre o que me motivou a mudar de carreira e como dei o primeiro passo nesta jornada. De lá para cá, falamos sobre as diferentes áreas de atuação na área de análise de dados, as habilidades que costumam ser recorrentes para quem quer trabalhar com dados, dei algumas dicas de cursos gratuitos para estudar, mas… Não falei ainda sobre as principais dificuldades que vivi ao mudar de carreira.

Essas dores (que também podem ser suas) são contornáveis, mas falar sobre elas pode nos ajudar a caminhar mais rapidamente. No meu caso, o primeiro grande impacto que tive ao mudar de área foi perceber o tanto de ferramentas e novas formas de atuar que eu precisava aprender já trabalhando. Isso me levou a criar um regime de compensação: trabalhar muito mais horas que o estabelecido entre mim e a empresa para “pagar o que eu estava devendo” em termos de conhecimento. Isso é uma armadilha. 

Se eu puder dar um conselho, não caia nessa, pois provavelmente só te levará à exaustão e possivelmente a um tipo de frustração. Neste caso, a melhor forma de resolver isso, é separar o tempo entre trabalho e estudo. E lembre-se: é provável que aquilo que você está quebrando a cabeça há horas para resolver, alguém já resolveu antes. Então conecte-se, peça ajuda, entre em fóruns, compartilhe sua dúvida com um grupo com profissionais da área. Isso pode te ajudar a poupar tempo, aprender e trocar com os colegas. Ajude quando você souber o caminho, aprendizado é via de mão dupla.

Outra armadilha que vivi é precisar ter resposta para tudo. Se as pessoas do seu ambiente de trabalho te veem como especialista em um assunto, no meu caso dados, elas podem tender a achar que você tem a resposta para aquele problema de imediato. Tenha claro na sua mente que você está em uma transição e que a sua área de atuação provavelmente possui muitas terminologias, ferramentas e modos de atuar que são novos. Não hesite em dizer que irá investigar e retornar com a resposta em breve. Algumas pessoas podem não gostar, mas eu acho que nesse caso a honestidade é fundamental. 

Você também pode ser escrutinado de um jeito mais incisivo porque veio de outra área de atuação. É comum e eu vivi. Esse escrutínio pode abalar um pouco a sua confiança — pode acontecer, somos humanos –, mas uma forma de tentar enxergar o copo meio cheio é pensar na transferência de habilidades de uma área para outra. No meu caso, penso sempre em fazer perguntas e contar histórias. Essas já eram habilidades que eu havia desenvolvido quando eu era repórter, então tento trazer isso para o meu dia a dia. Você provavelmente desenvolveu habilidades na sua profissão anterior ou na sua rotina que você possa se apropriar durante a sua atuação profissional. Minha recomendação é que você faça uma autoavaliação para descobrir quais são essas habilidades e colocá-las em prática. 

Muito se fala sobre síndrome da impostora (sobretudo para nós mulheres), sobre o sentimento de ser uma fraude e acredito que todos nós possamos viver esse sentimento em um mundo cujos novos conhecimentos e habilidades se multiplicam de maneira exponencial diariamente. 

Não tem receita pronta para resolver isso, mas as minhas dicas são: estudar/ se preparar — dentro do seu ritmo– para que você se sinta cada vez mais confiante e capaz; trocar experiências, ouvir pessoas que passaram por trajetórias similares (e aqui, atenção, recomendo conversas francas, a sinceridade sobre as suas dificuldades podem abrir espaço para o outro falar sobre as deles também e vocês podem se conectar de uma forma mais genuína, o que pode proporcionar uma boa troca de experiências); evitar armadilhas como trabalhar demais em forma de compensação ou de que precisa ser sempre o mais ágil possível para ser respeitado em determinado ambiente.

As minhas dores podem não ser as suas e o seu cenário pode ser completamente diferente do meu. Se quiser me contar o seu ponto de vista, me chame para uma conversa. =)

Se quiser saber mais sobre o que faz um analista de dados, clique aqui.

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*Isabela Marinho é formada em Jornalismo e pós-graduada em Business Intelligence com Big Data. Trabalhou em redações de veículos como Folha de S. Paulo e G1; passou por agências de relações públicas, propaganda e mídia, como Burson-Marsteller, Ogilvy e DPZ&T e atualmente é Analytical Lead, no Google.

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