Golpes financeiros causam mais de R$ 10 bilhões em perdas e ganham fôlego na esteira de novos produtos
Em um setor cada vez mais digitalizado e inovador, os criminosos costumam se aproveitar de soluções e produtos novos para lançar ataques direcionados

Por Claudia Amira*
Basta uma rápida busca na internet para descobrir milhares de reportagens, artigos e pesquisas que apontam para a avalanche de golpes financeiros que a todo dia recai sobre os cidadãos. E vale destacar que a população brasileira é uma das mais atacadas por fraudes em todo o mundo. Recentemente, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) divulgou que no ano passado as perdas oriundas de crimes do tipo, envolvendo apenas o setor bancário, ultrapassaram os R$ 10 bilhões – um salto de 17% na comparação com 2023. Estima-se que a cada 16 segundos ocorra uma fraude do gênero.
E, em um segmento cada vez mais digitalizado e inovador, os criminosos costumam se aproveitar de soluções e produtos novos para lançar ataques direcionados e conectados com o momento. Não por acaso, o PIX já aparece hoje como um dos meios mais utilizados para fraudes. Extremamente popular, o sistema de pagamentos instantâneos, de acordo com dados divulgados pelo Banco Central em dezembro passado, é usado por nada menos do que 76,4% da população, superando os tradicionais cartões de débito (69,1%) e dinheiro em espécie (68,9%).
Outra oferta que costuma atrair os golpistas é o empréstimo consignado. Neste caso, o alvo das fraudes são aposentados e pensionistas do INSS, cujos dados são utilizados em solicitações irregulares, resultando assim na dilapidação de seus rendimentos. Com o recente lançamento do eConsignado, versão da modalidade voltada aos trabalhadores do setor privado, não é difícil imaginar que quadrilhas passem a utilizar o nome da nova plataforma como chamariz para ações criminosas.
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No setor de crédito digital, as fintechs há um bom tempo têm de lidar com infratores que utilizam nomes de empresas reais e sérias para oferecer falsos empréstimos, normalmente mediante a cobrança de taxas – o que por si só já evidencia a prática criminosa, já que qualquer pagamento antecipado é ilegal.
Trabalhando ativamente para fazer frente a essa movimentação que, infelizmente, não dá qualquer indício de enfraquecimento, a Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD), que representa o setor de fintechs de crédito, juntamente com as empresas filiadas, mantém campanha permanente de veiculação de orientações de segurança e promoção de iniciativas educativas para apoiar os clientes. A entidade ainda fornece um selo aos membros associados para certificar sua idoneidade.
Importante destacar também as ações de entidades e órgãos do setor financeiro que atuam fortemente para coibir práticas criminosas. Em 2023, por exemplo, teve início o compartilhamento de dados e informações sobre indícios de fraudes por parte das instituições financeiras, estabelecido pela Resolução Conjunta nº 6 do Banco Central. A medida criou uma base única de dados, alimentada e consultada pelas instituições. Para quem busca recursos financeiros, a iniciativa mitiga a incidência de golpes. As organizações provedoras de crédito, por sua vez, podem reduzir custos relacionados à contratação de ferramentas específicas para enfrentar as ações criminosas e ao monitoramento dessas ações, além de diminuir as perdas financeiras.
Ainda que o cenário aponte para desafios constantes e cada vez maiores, as empresas idôneas e a autoridade monetária dão provas de que vão seguir trabalhando para a redução de ameaças.
*Claudia Amira é diretora-executiva da Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD)
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