As fintechs de crédito e a inclusão financeira para além do Brasil
Setor apresentou crescimento de mais de 340% na quantidade de empresas entre 2017 e 2023 na América Latina e no Caribe

Por Claudia Amira*
Desde que aumentaram sua presença no mercado brasileiro, consolidando-se como importantes agentes no ecossistema de crédito nacional, as fintechs têm desempenhado papel relevante para a inclusão financeira de indivíduos que encontravam barreiras para acessar capital, produtos e serviços em instituições tradicionais em passado não tão distante. Dados compilados ano a ano demonstram a expansão do crédito digital no país e o consequente aumento da base de clientes das empresas do setor.
Segundo levantamento recente conduzido pela Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD) e pela PwC Brasil, entre 2022 e 2023, o segmento registrou crescimento de 79% no número de usuários pessoas físicas, chegando a 46,7 milhões – somente no ano passado, as fintechs do país concederam R$ 21,1 bilhões em crédito, volume que representa um aumento de 52% em relação ao ano anterior.
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Para além do notável avanço das fintechs por aqui, vem chamando a atenção também a força com que elas se impõem em toda a América Latina e Caribe. Segundo o quarto relatório da série Fintech na América Latina e Caribe, elaborado em conjunto pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pela Finnovista, o setor apresentou crescimento de mais de 340% na quantidade de empresas entre 2017 a 2023, saltando de 703 fintechs em 18 países para 3.069 em 26 países. O Brasil segue como o país da região com a maior quantidade delas, respondendo por 24% do total, seguido por México (20%), Colômbia (13%) e Argentina e Chile (ambos com 10%). Na análise dos que registraram maior ampliação do mercado nos últimos dois anos aparecem Peru (5,3%), Equador (3%) e República Dominicana (2,1%).
Os achados do relatório revelam ainda que pagamentos e remessas (21%), empréstimos (19%) e gestão de finanças empresariais (13%) seguem como os segmentos com maior números de plataformas na região, tendo apresentado, respectivamente, crescimentos anuais médios de 24%, 31% e 28%.
Assim como ocorre no Brasil, as fintechs latino-americanas e do Caribe atendem prioritariamente a pessoas físicas e jurídicas com pouco ou nenhum trânsito no sistema financeiro tradicional – 57% das empresas têm como público-alvo esse perfil; em 2021, o índice era de 36% -, o que comprova a ampliação da inclusão financeira.
A notícia não poderia ser melhor, principalmente se o processo de bancarização, que tem várias camadas, e que ultrapassa a titularidade de uma conta bancária, seja ela tradicional ou digital, também o acesso a produtos e serviços financeiros em condições favoráveis aos mais diversos perfis e objetivos dos consumidores. Estes, graças à digitalização, ao aumento da competição e de inovações como Open Finance e PIX, podem comparar e contratar ofertas de forma descomplicada, segura e dentro de sua capacidade de pagamento apenas com um clique
*Claudia Amira é diretora-executiva da ABCD (Associação Brasileira de Crédito Digital)
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