Fintechs de crédito caem de vez no gosto dos brasileiros
As fintechs, que há cerca de uma década, concederam R$ 21,1 bilhões em recursos financeiros em 2023

Por Claudia Amira*
Reconhecidos pelo apetite por inovações, os brasileiros já há algum tempo aderiram, seja em maior ou menor grau, à digitalização das transações financeiras. De acordo com o documento Instrumentos de Pagamento – Dados Estatísticos 2023, os telefones celulares foram o principal canal de pagamento no ano passado, quando os dispositivos responderam por nada menos do 82% do volume transacionado no período.
Estandarte desse movimento, o PIX, já o segundo maior meio de pagamento do país, segue avançando desde seu lançamento. Recentemente, o Banco Central anunciou para junho do próximo ano o lançamento do PIX Automático, modalidade por meio da qual, mediante autorização prévia pelo próprio celular, os usuários poderão agendar débitos periódicos, para pagamento de diversos serviços, sem necessidade de autenticação a cada transação.
Nesse contexto, o setor de crédito também se destaca. As fintechs, que há cerca de uma década surgiram como opção às instituições tradicionais, concederam R$ 21,1 bilhões em recursos financeiros em 2023, volume 52% maior do que no ano anterior, segundo a Pesquisa Fintechs de Crédito Digital 2024, realizada entre a Associação Brasileira de Crédito Digital – ABCD e a PwC Brasil. Para se ter uma ideia da expansão do segmento vale destacar que em 2019 o montante estava na casa dos R$ 2,6 bilhões.
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É na quantidade de clientes, no entanto, que a confiança da população nas soluções oferecidas pelas fintechs de crédito fica ainda mais perceptível. Entre 2022 e 2023, 46,7 milhões de pessoas físicas utilizaram produtos e serviços fornecidos pelas empresas de crédito digital, um aumento de 82%. Para além do cenário de forte demanda por crédito, a confiança crescente do consumidor é fator importante a ser considerado.
Vale ainda destacar que, diferentemente do que se possa imaginar, não só os brasileiros das áreas centrais aderiram ao crédito digital. Mesmo com 74% das empresas do segmento sediadas em São Paulo, a base de clientes no Nordeste vem se ampliando. Números recentes do setor revelam que mais de 17,5 milhões de pessoas da região utilizam serviços das fintechs de crédito, revelando que entre as estratégias do mercado está a busca pelo atendimento de maneira mais ampla.
Todos os dados comprovam que a capilaridade dos meios digitais já desempenha papel importante para a ampliação do acesso ao crédito no país. Mas esse é um empreendimento ainda em maturação e com capacidade de crescimento. De acordo com a 35ª edição da Pesquisa do Uso da TI – Tecnologia de Informação nas Empresas, realizada anualmente pelo FGVcia – Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP), em maio de 2024 havia no Brasil 480 milhões de dispositivos digitais, incluindo computador, notebook, tablet e smartphone, em uso corporativo e doméstico, o equivalente a 2,2 dispositivos por habitante. Considerando apenas os smartphones, eram 1,2 por habitante, somando 258 milhões de telefones celulares inteligentes nas mãos dos brasileiros. Esse é um cenário que inequivocamente aponta para o potencial gigante de ampliação das transações digitais no país e de acesso a crédito por meio das fintechs, o que pavimenta ainda mais o caminho em direção à democratização do acesso a recursos financeiros.
*Claudia Amira é diretora-executiva da ABCD (Associação Brasileira de Crédito Digital)
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