A ditadura do algoritmo: você ainda tem controle sobre suas escolhas?

Como a inteligência artificial influencia seus gostos, opiniões e até sua liberdade de pensamento

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3:00 pm - 24 de abril de 2025
Imagem: Divulgação

Este tema tem causado incômodo e impacto em muitas pessoas. É fundamental que a mídia dê visibilidade a esse tipo de provocação, sob pena de nos conduzir de volta ao Mito da Caverna de Platão.

Acordamos, desbloqueamos o celular e, antes mesmo de escovar os dentes ou tomar um café, já estamos consumindo conteúdo selecionado por uma inteligência artificial que “te conhece melhor do que você mesmo”. Pode parecer exagero, mas não é. A verdade é que, neste exato momento, algoritmos estão moldando nosso gosto musical, nossas convicções políticas, nossa percepção de mundo – e não sabemos até que ponto isso poderá nos influenciar.

Durante séculos, acreditamos ser livres, senhores de nossas vontades. Mas e se as nossas opiniões sobre política ou as preferências por certos estilos musicais não forem tão autênticas assim?

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O algoritmo não impõe – ele nos seduz. Ele te mostra o que você quer ver, até o ponto em que você só consegue ver aquilo que ele sugere e perde a capacidade crítica de buscar outros caminhos.

O fenômeno da filter bubble – ou bolha informacional – não é novo, mas ganhou força com a sofisticação dos sistemas de recomendação. Ao recebermos apenas conteúdos que confirmam nossos pontos de vista, perdemos o contato com a diversidade de ideias e, em muitos casos, com a realidade compartilhada.

A questão não é mais se os algoritmos nos influenciam, mas quanto dessa influência estamos dispostos a aceitar sem questionar. Em um cenário onde a tecnologia avança mais rápido que nossa capacidade de compreendê-la, refletir sobre isso é urgente e necessário. 

Por outro lado, a meu ver, nem tudo está perdido. Como toda ditadura, a do algoritmo também tem suas brechas. Sugiro algumas estratégias para retomar o controle dos conteúdos que consumimos. 

  1. Torne-se imprevisível: pesquise o oposto do que você acredita. Curta vídeos aleatórios. Confunda o algoritmo.
  2. Use plataformas descentralizadas: experimente redes que priorizam curadoria humana ou transparência nos algoritmos.
  3. Reinstale o ceticismo digital: questione por que você está vendo o que está vendo. Quem ganha com a sua atenção?
  4. Eduque-se em IA e dados: conhecimento é resistência. Entenda como essas plataformas funcionam para não ser apenas um peão no tabuleiro.

A liberdade não é mais sobre ir e vir, mas sobre pensar e escolher com autonomia. A pergunta é: queremos continuar sendo comandados por códigos invisíveis ou vamos nos tornar o programador da nossa própria mente?

A Ditadura do Algoritmo está aí. A revolução também pode começar com um clique. Mas o clique precisa ser consciente.

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