Como construir futuros inclusivos pode impulsionar a inovação hoje
Iniciativas na Nova Zelândia têm buscado desenvolver ambientes mais seguros para todos. Lideranças desempenham papel fundamental nesse processo

O quanto a sua organização tem feito para promover um ambiente mais diverso e inclusivo? Mais do que uma data simbólica, o mês do orgulho LGBTQIAP+ serve também para refletir nossas ações, políticas e iniciativas para criar ambientes onde todos possam se sentir bem para se assumirem como são. Ambientes seguros para todos são também um reflexo de ecossistemas mais diversos e sabemos como estes são importantes para as empresas se manterem inovadoras e atraírem talentos que, cada vez mais, valorizam o propósito e como as marcas se posicionam.
Trago como exemplo iniciativas que a Nova Zelândia tem liderado para promover ambientes que se certifiquem de receber bem a comunidade LGBTQIAP+. Na verdade, por lá, a sigla possui um “T” a mais, para incluir o “Takatāpui”, termo para uma pessoa Maori que se identifica como gay, lésbica, bissexual ou transgênero.
Leia mais: Uma conquista histórica de inclusão
Há décadas, a Nova Zelândia tem sido reconhecida como um dos países mais progressistas em termos de diversidade e reconhecimento dos direitos LGBTQIAP+. O país está entre os primeiros a reconhecer a união civil e o casamento entre casais do mesmo gênero e permitir a adoção por casais do mesmo gênero. O Human Rights Act, de 1993, veio para proibir a discriminação com base em gênero e sexualidade. Além de ter sido o primeiro país onde as mulheres passaram a votar, a Nova Zelândia se tornou a primeira a ter abertamente uma política transgênera, a Sra. Georgina Beyer, e um país que agora tem o título de parlamento mais diverso do mundo.
Tratam-se de conquistas importantes e o pioneirismo também transborda e inspira outros setores, como o corporativo. A máxima de que aquilo que não é medido não pode ser gerenciado também deve acompanhar programas de Diversidade & Inclusão nas empresas. A exemplo de certificações ESG, um crescente número de empresas tem participado de programas e certificações como o “Diversity Works” e o “Rainbow Tick”, ambos buscam certificar empresas que tenham políticas e um ambiente seguro para a comunidade de funcionários LGBTQIAP+.
Uma pesquisa de 2020 aplicada pelo selo Rainbow Tick ressalta que um ambiente realmente diverso e inclusivo está diretamente conectado a uma melhor performance e a reputação das empresas. O estudo também reforçou a importância da participação das lideranças para promover a agenda D&I. Das empresas que possuem a certificação, 98% dos CEOs entrevistados acreditam que iniciativas de inclusão LGBTQIAP+ são importantes para a organização.
Algumas empresas na Nova Zelândia estão também aplicando tecnologia para promover a diversidade e inclusão. A Seequent, especializada em software de geociências, conta com um conselho de D&I e iniciativas de treinamento e ferramentas inclusivas de contratação para evitar o viés inconsciente. Já a Xero, empresa de software de contabilidade, estabeleceu grupos de recursos para funcionários que apoiam e defendem comunidades sub-representadas.
Leia mais: O que você vai fazer para resolver a equidade de gênero em 2023?
Tecnologias como analytics e inteligência artificial são ferramentas poderosas quando aplicadas com responsabilidade para promover a diversidade e a inclusão. Essas tecnologias podem eliminar barreiras e garantir oportunidades iguais para todos os indivíduos, independentemente de suas origens ou habilidades. Por outro lado, sabemos que os avanços tecnológicos podem trazer riscos, incluindo, vieses que podem priorizar a seleção de talentos com históricos e origens semelhantes, reforçando desigualdades.
Em um futuro cada vez mais permeado pela tecnologia, a diversidade e inclusão se farão ainda mais necessárias, pois somente equipes e visões de mundo diversas poderão tomar decisões que representem e assegurem a todos.
*Jacqueline Nakamura é uma experiente profissional de Diplomacia comercial internacional com mais de 15 anos trabalhando para diferentes governos estrangeiros na América Latina. Depois de seis anos atuando no Departamento de Comércio Internacional do Reino Unido, liderando tanto as exportações comerciais quanto investimento estrangeiro, Jacqueline assumiu o cargo de Comissária de Negócios para a New Zealand Trade and Enterprise para o Brasil e Mercosur. Com experiência na indústria de tecnologia, trabalhando para empresas multinacionais de tecnologia e associações setoriais de comércio, ela lidera o plano de tecnologia da Nova Zelândia na América Latina. Sua formação acadêmica inclui bacharelado em Relações Internacionais pela PUC-SP e mestrado em economia empresarial pela FGV-SP com Recomendação de Honra.