Burn on: um desafio silencioso em cibersegurança

Quatro recomendações para amenizar o estresse e priorizar a saúde mental no ambiente de trabalho

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10:00 am - 17 de setembro de 2024
Imagem: Shutterstock

A temática da saúde mental vem, felizmente, ganhando grande destaque nas discussões no mercado de trabalho nos últimos anos. Agora, no Setembro Amarelo, a campanha de conscientização sobre a prevenção ao suicídio torna essa questão ainda mais evidente nas empresas. Na área de cibersegurança, em especial, a saúde mental é uma preocupação constante, que deve ser abordada durante o ano todo.

Com a profissionalização do cibercrime e as ameaças em grande escala, ser o guardião da segurança cibernética de uma empresa torna-se ainda mais desafiador devido à alta responsabilidade envolvida. Consequentemente, essa é uma carreira que, apesar das valiosas oportunidades de crescimento, enfrenta o desafio da gestão de estresse e pressão do cotidiano.

Dados do Gartner indicam que, até 2025, cerca de metade dos líderes de cibersegurança mudará de cargo, sendo que 25% deles migrarão completamente de área devido ao estresse. Outra pesquisa alarmante da ManageEngine revela que mais de 66,3% dos profissionais de tecnologia brasileiros têm sua saúde mental afetada pelo risco crescente de ataques cibernéticos.

Leia mais: Precisamos falar sobre os CISOs: estresse, valorização e comunicação

Esses dados evidenciam uma problemática reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença ocupacional: a síndrome de burnout. Nesse quadro, os profissionais têm direito à licença médica para se afastar do trabalho e realizar o tratamento. Mas e aqueles que permanecem em um estado constante de estresse?

Temos um desafio silencioso, porém igualmente preocupante: a síndrome de Burn On. Essa eu aprendi há pouco tempo também!

O Burn On representa um estresse crônico que ainda não atingiu um “colapso completo”, mas que, mesmo assim, causa grande desgaste físico e emocional, podendo evoluir para o burnout. Trata-se de um estágio intermediário que, devido à correria do dia a dia, costuma ser negligenciado.

O grande desafio, como líder, é reconhecer se há colaboradores em estado de Burn On, pois os sintomas são mais sutis e frequentemente “mascarados”. Cansaço constante, desmotivação, dificuldade de concentração e irritabilidade podem ser alguns sinais de alerta.

O ideal é construir uma relação de confiança para que o profissional se sinta à vontade para expressar suas dificuldades. Além disso, reconhecer a necessidade de atenção à saúde mental de todo o time é o primeiro passo para construir jornadas de trabalho mais saudáveis e produtivas. 

Seguem quatro recomendações para amenizar o estresse e priorizar a saúde mental da equipe de cibersegurança:

1. Crie um ambiente propício ao diálogo

A cultura organizacional faz toda a diferença para que o colaborador se sinta ou não confortável para compartilhar suas dificuldades, especialmente as emocionais. A liderança pode ser um exemplo para os demais ao expressar abertamente seu cuidado com a saúde mental. Além disso, é importante que haja um espírito de colaboração na equipe para equilibrar as demandas.

2. Estabeleça limites

As ameaças cibernéticas não param, mas isso não significa que os profissionais devam se sobrecarregar com longas horas extras. A empresa deve adotar uma política organizacional que estabeleça limites de carga de trabalho e forneça alternativas de turnos entre os profissionais, quando necessário. Trabalhadores esgotados têm maior dificuldade em resolver problemas, o que é contraproducente.

3. Conte com o apoio de parceiros e tecnologias como AI

Embora os avanços tecnológicos, como a inteligência artificial, representem novas ameaças à proteção de dados, eles também podem ser usados a nosso favor. Automatizar tarefas mais operacionais ajuda a concentrar a atenção em tomadas de decisões e resolução de problemas que demandam um olhar especializado. E finalmente, aproveite o seu ecossistema de parceiros fornecedores, estes podem dividir a carga de trabalho com o seu time, se estiverem bem entrosados na operação.

4. Forneça recursos para o cuidado com a saúde mental

Conscientizar é importante, mas não pode se limitar ao discurso. Quanto mais benefícios a empresa puder oferecer aos colaboradores, maior será a chance de eles terem acesso ao tratamento e de reverterem quadros como o Burn On antes de chegar ao burnout. O acompanhamento psicológico, nesses casos, ajuda o trabalhador a reconhecer seus sinais de adoecimento.

É comum focarmos na parte técnica da área, mas o capital humano é o ativo mais valioso na empresa para realmente alcançar progresso. Profissionais felizes e engajados têm muito a agregar para um ambiente digital mais seguro.

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