Automação: a força que está moldando o futuro do trabalho
Foco em requalificação estratégica é chave para profissionais e empresas driblarem temor do futuro

Por Fernando Mantovani*
Por conta do Dia do Trabalho, celebrado no início de maio, o mês costuma ser aproveitado para valorizar as conquistas históricas da força laboral. Porém pode, e deve, ser também uma oportunidade de reflexão sobre os rumos do mercado, especialmente diante da revolução promovida pela automação. Mas, não tema: adapte-se.
O avanço das tecnologias não tem como principal efeito a extinção de empregos, mas sim a transformação de funções, rotinas e habilidades. Felizmente, essa percepção já está presente entre profissionais e recrutadores, como aponta o nosso mais recente Índice de Confiança Robert Half (ICRH). Entre trabalhadores empregados, por exemplo, 84% acreditam que a automatização pode melhorar a qualidade de sua atividade laboral, ao mesmo tempo em que 59% estão interessados em aprender novas competências e se adaptar ao cenário.
Posturas proativas indicam uma compreensão importante: a automação, por si só, não substitui talentos humanos. O que se exigirá mais fortemente daqui para a frente é uma combinação sofisticada de aptidões, tanto técnicas quanto comportamentais.
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Entre as pessoas desempregadas, esse movimento de adaptação também é evidente. Mais de 80% estão buscando se capacitar em temas como inteligência artificial, ferramentas de automação e sistemas inteligentes. A mensagem é clara: a reinserção no mercado passa, cada vez mais, por uma requalificação estratégica que prepare o profissional para papeis em constante evolução.
Do lado das empresas, recrutadores já projetam um futuro onde novas funções surgirão com o apoio das tecnologias, enxergando a tecnização como uma aliada na melhoria da eficiência operacional e no aumento da produtividade, sobretudo em áreas como TI, manufatura e atendimento ao cliente. Em paralelo, também reconhecem a necessidade urgente de preparar suas equipes, priorizando habilidades como análise de dados, operação de sistemas automatizados e adaptação às ferramentas emergentes.
Um ponto fundamental dessa discussão é que, no centro da transformação, não estão apenas os conhecimentos técnicos. As competências socioemocionais garantem a flexibilidade, resiliência e colaboração necessárias para navegar pelo novo cenário. Na visão dos profissionais, criatividade, resolução de problemas complexos e inteligência emocional figuram entre as qualificações mais importantes para se manter relevante no mercado automatizado.
Evidentemente, a automação não é um evento isolado, mas um processo contínuo. Ignorá-la seria um erro estratégico. Abraçá-la com sabedoria, por outro lado, pode ser um divisor de águas. Para aproveitar esse momento de transição de forma construtiva, deixo algumas recomendações:
Para empresas:
1) Invista em capacitação contínua, com foco tanto em aptidões técnicas e comportamentais;
2) Mapeie as funções em transformação e crie trilhas de requalificação personalizadas;
3) Comunique com clareza os impactos da tecnização e envolva as equipes no processo de mudança.
Para profissionais:
1) Mantenha-se curioso e atualizado, especialmente em temas como análise de dados, IA e automatização de processos;
2) Aposte no desenvolvimento de soft skills, como criatividade, empatia e resiliência;
3) Encare a robotização como uma aliada que pode libertar seu tempo para tarefas mais analíticas e criativas.
A Revolução Industrial tirou as pessoas do campo e as levou às fábricas; décadas depois, a era da informação transferiu o foco do trabalho para os escritórios e para as telas. A automação, portanto, é apenas mais um capítulo (talvez um dos mais promissores) dessa complexa linha do tempo. Desde que sejamos protagonistas, e não meros expectadores, está em nossas mãos a decisão de como viver o futuro do trabalho, que já começou.
*Fernando Mantovani é diretor-geral da Robert Half na América do Sul
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