Cisco quer fomentar digitalização da educação da América Latina

No mundo, quase 58 milhões de crianças não tem acesso à educação básica primária e mais de 250 milhões de jovens de quarta e quinta série não estão aptos a escrever, ler ou efetuar operações básicas de matemática. Considerando esse cenário, e o fato de que tecnologias podem promover conhecimento de fácil acesso, a Cisco anunciou na última quinta-feira (19/5) uma parceria com o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) e a Comissão Econômica das Nações Unidas para América Latina e Caribe (CEPAL) que visa fomentar a educação digital na região – não somente para alunos, como também capacitação para professores. O anúncio foi feito durante a 3ª edição do Encontro Anual de Líderes em Educação & Tecnologia promovido pela empresa, em paralelo ao Congresso Bett Brasil Educar 2016.
A ideia da aliança é realizar eventos e reuniões que possam, efetivamente, promover ações que resultem em iniciativas de digitalização na América Latina e, consequentemente, em uma educação de qualidade para a região. “Como enfrentar essa economia digital, sem capital humano?”, afirmou Catalina Achermann, subsecretaria de telecomunicações da Cepal. “Há a necessidade de se ter engenheiros capacitados, mas isso não é possível se não incorporar a tecnologia na educação”, completou a executiva. Catalina lembrou, ainda, que a Comissão está em contato com todos os governos da região, com o intuito de lançar grandes agendas digitais e cooperações para assistência técnica nesse sentido.
A Cepal é composta por ministros e representantes da área de educação da América Latina e chegou aprovar no ano passado uma agenda digital que vai até 2018, com metas a serem alcançadas pelas administrações da região. “Essa aliança é importante, pois nela contém conhecimento técnico da tecnologia, fonte de financiamento e conhecimento dirigido ao desenvolvimento de politicas públicas. Então, endereçamos cada um dos aspectos fundamentais para a digitalização”, ressalta a executiva, em entrevista dada posteriormente à apresentação e que reuniu outros dois representantes da aliança.
Além do incentivo no desenvolvimento de iniciativas de políticas públicas, a aliança irá endereçar outros dois pilares para promover a digitalização na educação da região: assistência técnica (plataformas e redes, por exemplo) e financiamento de projetos.
A parte de assistência fica por conta da Cisco, que fornecerá assessoria e expertise no como desenvolver plataformas que possam permitir a professores ensinar e a alunos aprender, explica Andrez Maz, diretor de políticas públicas para a América Latina da Cisco. “Nosso trabalho consiste em assessorar, ajudar governos para que possam desenhar seus projetos de digitalização”, comenta o executivo. “A tecnologia traz a possibilidade de transformar completamente a educação. Vamos trabalhar para fazer essa transformação possível em cada escola na América Latina”, completa.
Já o financiamento será possibilitado pelo CAF, banco de desenvolvimento Latam que conta atualmente com 19 países acionistas – dentre eles, o Brasil, como conta Mauricio Agudelo, especialista sênior de telecomunicações da instituição. De acordo com o executivo, a organização visa oferecer “apoio técnico e financeiro para acelerar estratégias de digitalização da educação”, comenta. Ele afirma, ainda, não haver limites de investimento ou critérios de seleção para projetos. “Estamos aberto ao que as administrações quiserem fazer”, completou Maz.
São Paulo foi a primeira cidade a receber o Fórum de Educação promovido pelas organizações, que tem como foco líderes do setor, organizações não governamentais, representantes da indústria, legisladores e outros membros do governo envolvidos em questões políticas relacionadas à tecnologia da informação, telecomunicações e finanças. Para os próximos dias, estão programados eventos na Argentina, Costa Rica, Colômbia, Equador, México e Peru.
