Na adolescência, Renata Marques, CIO da Whirlpool para América Latina, sonhava em ser dentista. Mas por incentivo do seu pai, que trabalhava na área financeira e acreditava em um futuro promissor em informática, a estimulou ela e sua irmã do meio a fazerem um curso de programação Basic. “Encarávamos como uma espécie de especialização em datilografia e não sabíamos muito para o que servia”, diverte-se.
Foi quando ela soube que iriam abrir uma sala de computação em sua cidade, mas não havia professor para ministrar o curso. Seus colegas, então, sugeriram Renata para a função. “Eu topei e sei que fui muito ousada. Quando os alunos tinham dúvidas, eu pedia para eles pensarem mais um pouco e corria para a outra sala para estudar o tema”, lembra. Nesse momento, Renata, de fato, entendeu que queria seguir carreira em TI.
Já na universidade, em busca de estágios, se deparou com uma oportunidade no Departamento de Estradas e Rodagem (DER). De lá, foi para a Monsanto, onde ficou por 23 anos. “Tive a oportunidade de trabalhar com diversos temas e até de atuar fora do Brasil, por se tratar de um grupo com diferentes negócios”, recorda. Depois, teve uma passagem na indústria de robótica e há pouco mais de quatro anos está à frente da TI da Whirlpool, gigante mundial de eletrodomésticos.
Quando chegou à Whirlpool, Renata tratou de organizar a casa, fortalecendo a parte técnica da TI, até chegar ao momento de promover a transformação digital. Há dois anos nessa toada, batizada de Growth&Transform, Renata é reconhecida agora pelo Executivo de TI do Ano 2018, prêmio promovido pela IT Mídia e Korn Ferry, na categoria Bens de Consumo.
O projeto, conforme explica Renata, consiste em transformar a cultura da TI, criando multiplicadores na organização, garantindo maior colaboração, agilidade, fomentando criatividade, inovação e cultura de experimentação. Ele foi estruturado com base em três pilares: Pessoas (soft skills e DNA da empresa), Metodologia e Forma de Trabalho (metodologias ágeis, comunidades internas, colaboração, cocriação, parcerias com startups) e Arquitetura de Soluções (APIs, IoT Famework e analytics). “O foco é mudar o mindset do time e criar uma fundação para acelerar o digital”, explica ela.
Renata destaca que o projeto, sem dúvidas, promove vantagem competitiva para os negócios, pois em sua essência a transformação começa em pessoas e depois passa por tecnologia. Mas ela alerta: “Não adianta pensar na tecnologia pela tecnologia. Tem de ter propósito de negócios, produtos digitais que agregam valor”.
Assim como em todas as empresas, Renata tinha um orçamento a cumprir no projeto. Pode parecer algo trivial, mas a gestão do budget em um projeto de transformação é algo complexo e desafiador. Além desse quesito, ela destaca a criação de um clima de colaboração.
Para tanto, foi criado um comitê batizado de Finance IT (FIT) para capturar de forma colaborativa todas as oportunidades de redução ou otimização de custos, com workshops para discussão de custos visíveis e invisíveis (como custo da desconfiança e da cultura do medo).
Outra barreira superada foi o da tradução do famoso “tecniquês”, que assombra a área de TI. “Queríamos que as áreas entendessem o objetivo de negócios do projeto e o que todos ganhariam com isso”, comenta ela.
Foi estabelecida ainda uma área chamada Digital Innovation, que trabalha com base em metodologias ágeis. Nessa nova forma de trabalhar, a TI lançou mão de treinamentos, como o que usa a metodologia Lego Serious Play, e incluiu a contratação de um coach ágil. “Esse ano nossa missão é engajar mais pessoas dos negócios, não ficar só na TI. Discutimos agora com o RH para incluir esses treinamentos na Whirlpool University.”
A mudança da mentalidade do time gerou vários benefícios para a TI e para a empresa, garante Renata. “O time está em um compasso de self learning grande. Efetivamente, mudou nosso DNA”, revela.
Outra vantagem foi na forma de inovar e de se permitir errar. “Temos uma estrutura para cuidar do dia a dia com os parceiros de tecnologia, o que nos permite focar no estratégico, ou seja, na inovação”, conta. “Se podemos ser mais ágeis e mais alinhados, com certeza seremos mais competitivos”, finaliza.
1º Renata Marques – Whirlpool
2º Emerson Kuze – Lojas Renner
3º Simone Okudi – Avon Cosméticos
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