5 pontos-chave do depoimento de Mark Zuckerberg aos legisladores dos Estados Unidos

Mark Zuckerberg gaguejou, riu, ficou encurralado com algumas perguntas. Passou cinco horas respondendo questões de legisladores norte-americanos em função do escândalo da Cambridge Analytica, que usou indevidamente dados de mais 87 milhões de usuários da plataforma obtidos com ferramentas de publicidade com fins políticos.

Seu desempenho, porém, foi melhor que o esperado. Manteve a calma e falou quase o tempo todo com confiança. As ações do Facebook subiram 4,5% no fechamento, com os investidores se sentindo seguros com a defesa de Zuckerberg sobre o seu negócio com anúncios digitais.

O executivo teve de esclarecer algumas questões mas pontuou que o Facebook não vende dados para anunciantes ou para qualquer outra pessoa. Em vez disso, tem um sistema de segmentação de anúncios que permite aos anunciantes alcançar grupos de usuários com base em seus interesses e atividades sem ter acesso aos seus nomes. Zuckerberg também disse que a rede social não está ouvindo as conversas das pessoas através dos microfones dos telefones nem tentando silenciar as vozes mais conservadoras nos temas polêmicos.

A Bloomberg levantou cinco pontos marcantes da conversa.

1. Política de Privacidade do Facebook não é adequada

Senadores criticaram a política de privacidade da rede social por ser inadequada e confusa, tendo como base os enormes textos que muitos usuários evitam ler. “Seu termo de uso é uma droga”, disse o senador John Kennedy,  republicano da Louisiana que deixou claro que o objetivo do documento é proteger o Facebook, não defender a privacidade.

Assim como Kennedy, outros senadores recomendaram que Zuckerberg traduzisse a linguagem do contrato de uso de forma que fosse compreensível a todos e que tivesse foco no usuário. Mas o ponto alto ficou com o senador Dick Durbin, democrata de Illinois, que desenhou a situação para pudessem entender. “Você ficaria confortável em compartilhar conosco o nome do hotel em que você esteve na noite passada?”, indagou Durbin. Zuckerberg gaguejou antes de dizer não.

2. Regulações virão

Mesmo entre alguns republicanos, há um crescente desejo em regular a atuação do Facebook e de outras empresas de redes social. “Seria difícil para os membros do Congresso dizer aos seus constituintes que confiamos que o Facebook continuará a se autorregular, diante dos problemas que vimos”, disse o senador republicano Lindsey Graham. Zuckerberg se limitou a dizer que é a favor de um regulação justa.

A União Europeia implementou a General Data Protection Regulation (gdpr) para proteger a privacidade individual, e as suas novas regras não entrarão em vigor ainda este ano. Os Estados Unidos ainda não discutiram esse tipo de lei. Mas isso pode mudar rapidamente.

3. Facebook é um monopólio na visão do governo

Embora Zuckerberg não concorde, foi questionado sobre o que pensa do Facebook ser apontado como um monopólio. Graham pressionou sobre quais eram os concorrentes reais da rede social e se havia uma alternativa. “Você não acha que tem um monopólio?”, disse Graham.

Zuckerberg comprou rivais como Instagram e WhatsApp, assim como uma série de startups que de alguma forma decolaram no setor.

4. Esperança da inteligência artificial

O Facebook tem sido criticado por não policiar conteúdo adequadamente, permitindo posts ofensivos de todos os tipos. Zuckerberg disse que encontrar e eliminar o discurso de ódio não é algo que será resolvido de pronto. De acordo com ele, esse é um dos problemas mais difíceis de resolver. A esperança está na inteligência artificial pode ajudar a empresa em cinco a dez anos, não menos. Enquanto isso, a equipe focada nesta análise de conteúdo sensível na plataforma vai crescer para 20 mil pessoas até o fim deste ano.

5. Facebook não faz ideia do tamanho do estrago

O que os legisladores querem saber é se outros grupos, além da Cambridge Analytica, conseguiram obter dados de usuários com aplicativos semelhantes. Zuckerberg não tinha uma resposta clara, disse que o Facebook não sabe quantos nem quais dados foram coletados, comprados ou vendidos quando as políticas era mais frágeis. Ele também afirma que não há como rastrear o que aconteceu agora.

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