A América Latina apresentou um forte crescimento na operação global da Logicalis. A região registrou uma receita líquida de US$ 640 milhões (crescimento de 19%) e um EBITDA de US$ 56 milhões (20% maior do que em 2018). Falando de Brasil, o país obteve uma receita de R$ 1,5 bilhão, aumento de 36% em relação ao período anterior.
Para Rodrigo Parreira, CEO da companhia na América Latina, o excelente resultado do ano fiscal demonstra não apenas a solidez de operações da empresa na região, mas também a capacidade da companhia de adaptar suas linhas de negócios à volatilidade do mercado.
Em entrevista exclusiva para a Computerworld, Parreira abordou as principais tecnologias que estão impulsionando os investimentos em transformação digital, abordou os países mais avançados desse processo no continente e também falou sobre o trabalho realizado pelas operadoras para implementação do 5G. Confira:
Rodrigo Parreira: O que está por trás desse crescimento é a questão da transformação digital, que está ganhando muito peso nas empresas latino-americanas. Aquele conceito de transformação digital que a gente vem conhecendo há muito tempo, como convergência de várias tecnologias, indústria 4,0, IoT etc. Todas essas coisas estão entrando no plano de execução das companhias.
Nos últimos dois anos, vimos o crescimento da consciência dos gestores no investimento desse tipo de soluções digitais e alguns segmentos puxando essa tendência.
O principal pilar que impulsiona essa mudança é a questão da nuvem. Acredito que a empresa do futuro irá operar em um ambiente híbrido, operando em nuvens públicas e no seu sistema privado. Mas a gestão dessa estrutura é complexa, então claramente existe a necessidade de ajudar os clientes a migrar para a nuvem e fazer essa transição.
Outra área de destaque é o data intelligence. As empresas têm dados de usuários, fornecedores, linha de produção, tudo o que você puder imaginar. Mas boa parte desses registros não são usados e precisamos ajudar os clientes a organizá-los e extrair informações valiosas deles.
As aplicações de Internet das Coisas, na minha opinião, será uma grande revolução dentro do mercado, no qual todos os processos serão automatizados e será possível convergir todos os assuntos. O tema é o grande objetivo dessa transformação.
A quarta e última área é uma área fim, que é a questão de segurança da informação. O grande desafio das empresas atuais está em gerenciar esse ambiente de forma que garante a integridade dos dados comerciais, a proteção dos dados pessoais e resguarde as aplicações de vulnerabilidades.
Como temos uma presença muito forte nessa camada de infraestrutura e capacidade para executar e inovar dentro desses pilares, conseguimos aproveitar o momento.
Rodrigo: Nós temos o Eugênio, uma plataforma aberta na qual qualquer pessoa pode desenvolver uma solução IoT dentro dessa plataforma, que possui conectores, analytics e até alguns motores de inteligência artificial
O que a gente tem feito hoje é, através da plataforma, explorar diferentes indústrias. No agronegócio, por exemplo, um parceiro utiliza drones para fazer a fotografia das plantações e, como uso de IoT, identificar aspectos da produção como o estado da safra.
Mas também existem aplicações para melhorias do dia a dia. Estamos com um processo muito interessante que usa o Eugênio para garantir eficiência energética em agências bancárias. Colocamos sensores que medem temperatura, consumo de água e variáveis ambientais para que eles regulem a temperatura em um nível que seja confortável para todos com menor gasto de energia.
Essas soluções, e também outros serviços de blockchain que estamos produzindo, estão sendo desenvolvidas na América Latina, que é o principal centro de soluções da Logicalis.
Rodrigo: Sendo muito generalista, acho que o país mais desenvolvido em termos de adoção na América Latina é o Chile. Ele tem uma economia mais moderna e boas empresas de tecnologia. Apesar das dificuldades financeiras, a Argentina também se destaca por ter excelentes engenheiros.
Naturalmente, o Brasil também conta com uma forte participação por ter muitos recursos e uma população gigantesca. Temos mais gente capacitada e isso naturalmente gera um ambiente mais empreendedor.
Rodrigo: É importante lembrar que a tecnologia ainda não está madura, ainda existem muitas implementações para se realizar e a tecnologia por si mesma ainda tem toda a questão do espectro que precisa ser discutida.
Independente disso, o 5G é muito importante para tudo o que estou falando sobre transformação digital, ele é a espinha dorsal, e as operadoras também têm consciência disso. Se você for olhar o que as elas estão fazendo hoje, te diria que todas estão investindo pesadamente.
As empresas estão adequando as redes as infraestruturas para que elas sejam capazes de manejar volumes de dados muito maiores com mais rapidez e menores custos. Eu praticamente afirmo que, em todo o grande projeto de preparação para a estrutura do 5G, é possível encontrar pelo menos uma operadora de telecom envolvida.
Rodrigo: Para mim, sem dúvida, foi a presença avassaladora dos smartphones e o surgimento do 4G. A combinação desses meios viabilizou a ideia de que a comunicação de dados iria ocorrer a partir de dispositivos móveis e mudou completamente a vida das pessoas e dos modelos de negócio.
Houve uma mudança muito grande nos hábitos de entretenimento das pessoas nos últimos cinco, seis anos, que foi ocasionada pela tecnologia. Minha filha de três anos, por exemplo. Ela assiste muito conteúdo no YouTube e na Netflix, mas não assiste TV. Isso seria impensável tempos atrás.
O que a gente vai ver nos próximos anos é um aprofundamento dessa tendência. O 5G dá um passo à frente na questão da Internet das Coisas, automação de projetos e criação de sensores. O comércio terá um substrato muito grande para novos modelos de negócio e a gente não consegue imaginar o impacto dessas aplicações.
* Perguntas e respostas editadas para garantir maior fluidez do texto
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