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Cinco diferenças entre Brasil e o Vale do Silício para startups

Não é de hoje que especialistas brasileiros discutem uma maneira de melhorar o ambiente empresarial para que startups possam sair do papel, da mesma forma que fazem lá fora, no Vale do Silício.

O consenso entre eles é de que o Brasil ainda precisa enfrentar uma série de desafios para se tornar um polo de startups. Sobre o assunto, destaco algumas das dificuldades que startups brasileiras enfrentam por aqui e suas diferenças em relação ao ecossistema americano.

1. Capital

A estrutura de acesso a capital é muito diferente do Vale do Silício. Lá existe muito mais dinheiro disponível para negócios em todos os estágios. No Brasil, estruturas mais formais de investimento estão voltadas para startups mais maduras. Mesmo aceleradoras acabam focando em startups que já geram receita para diminuírem seu risco. Há muito pouca gente olhando para empreendedores competentes e com negócios potencialmente grandes, mas que estão num estágio mais inicial – o que faz com que eles precisem recorrer a estruturas mais informais de financiamento, como família e amigos.

2. Pessoas

As primeiras startups de tecnologia começaram a surgir no Vale do Silício na década de 1970. Desde então, muita gente foi bem sucedida, muita gente fracassou, mas todos aprenderam muito. Isso é bom para a cultura de empreendedorismo local e para a formação de novos empreendedores. A Universidade de Stanford, por exemplo, é uma grande geradora de empreendedores e mão de obra para startups.

Aqui no Brasil, é muito mais difícil encontrar co-fundadores com experiência na criação de negócios ou mesmo contratar pessoas que tenham potencial para trabalhar no ambiente de incerteza de uma startup, com as competências adequadas. O mercado é muito novo e as pessoas ainda estão sendo formadas. As universidades têm feito um bom trabalho para adaptar sua estrutura dentro deste novo cenário, mas é tudo muito novo ainda.

3. Serviços para startups

Com o aumento do volume de startups e empreendedores aqui no Brasil, muitas empresas começaram a se adaptar e oferecer serviços para este nicho. Escritórios de advocacia, empresas de desenvolvimento, empresas de design e outros serviços. Estas empresas ainda não conseguiram fazer a transição para o ambiente de incerteza no qual as startups operam, apenas adaptaram custo e escopo – mas não mexeram no método.

Essa transição é necessária para que produtos de maior qualidade sejam lançados. Poucas empresas, como a NeueLabs, por exemplo, trabalham exclusivamente com startups aqui no Brasil. No Vale do Silício este tipo de empresa prestadora de serviços para startups é extremamente comum.

4. Clientes

O Brasil é um dos países mais parecidos com os Estados Unidos no que se refere a consumo; é um país muito grande com hábitos bastante semelhantes. Mas na internet – foco de grande parte das startups – a coisa é um pouco diferente.

Os brasileiros (em todas as camadas da população) já se acostumaram a comprar online (10º mercado do mundo), mas isso ainda não se reflete para serviços. O brasileiro ainda é reticente e desconfiado para comprar serviços – como faxineiras ou mesmo um aplicativo de gestão financeira – online. Essa é uma barreira que as startups precisam vencer para sobreviver por aqui, até que nossa cultura mude.

5. Burocracia

Neste quesito, a diferença entre os dois locais é gigantesca. Abrir uma empresa nos EUA leva em geral menos de uma semana, enquanto no Brasil pode levar mais de 2 meses. Ecossistemas locais como o Vale do Silício oferecem inúmeros benefícios (fiscais, tributários, de serviços do governo, entre outros), enquanto aqui no Brasil o processo de criação de uma startup de tecnologia segue exatamente o mesmo processo de abertura de uma franquia, por exemplo.

Aqui ainda não há o entendimento de que uma startup nasce não sabendo o que vai ser seu negócio um mês depois, ou mesmo quanto vai faturar (ou se vai faturar) e isso é essencial no contexto destas empresas.

*Paulo Floriano é co-fundador e CEO da NeueLabs – venture https://itforum.com.br/wp-content/uploads/2018/07/shutterstock_528397474.webp que investe e acelera novos negócios digitais em áreas de impacto.

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