Cinco áreas nas quais o software de gerenciamento da inovação precisa evoluir

Se você participa do processo de inovação na sua empresa, provavelmente trabalha com algum tipo de software corporativo de gerenciamento da inovação ou está em vias de escolher uma solução que atenda às suas necessidades da melhor maneira.

Para auxiliá-lo a pensar sobre as necessidades futuras em relação ao gerenciamento da inovação, identifiquei cinco áreas nas quais o atual software de gerenciamento da inovação precisa evoluir para atender às necessidades cada vez maiores das empresas no que diz respeito à transformação digital.

Antes de analisar cada uma delas, é importante observar que o primeiro passo para qualquer organização é definir um planejamento que contemple os cinco pilares essenciais da capacidade de gerenciamento da inovação. Posteriormente, a empresa precisa refinar e adaptar esse planejamento às necessidades da transformação digital.

Naturalmente, as metas e os objetivos gerais desse planejamento devem orientar as decisões sobre o software, e não o contrário. Se você estiver no processo de seleção de software, não deixe de avaliá-lo de acordo com as necessidades gerais do seu planejamento, nem de olhar além dos elementos essenciais na gestão de ideias.

Apresento aqui as cinco áreas que acredito que o atual software de gerenciamento da inovação precisa evoluir nos próximos anos.

1. Do foco gradual na cadeia de valor ao foco disruptivo no ecossistema (estratégia)
Apesar de toda a atenção sobre a inovação disruptiva, as empresas ainda tendem a concentrar 90% dos seus esforços na inovação incremental de produtos e serviços (ou seja, iniciativas centrais e adjacentes) e apenas 10% dos seus esforços na inovação verdadeiramente disruptiva (ou seja, as iniciativas de transformação).

Embora o software de gerenciamento da inovação aceite hoje ambos os tipos de inovação, ele também precisa abranger as mudanças mais recentes ocorridas em modelos de negócios de plataforma. Essa é uma mudança importante e a IDC prevê que em 2018 mais de 50% das grandes empresas (e mais de 80% das empresas com estratégias avançadas de transformação digital) criarão plataformas da indústria e/ou farão parcerias com elas.

A medida que as empresas migram seus modelos de negócios de plataforma como uma nova abordagem no mercado, o software de inovação precisa incorporar novos recursos e funções que apoiem essa abordagem centrada no ecossistema.

No artigo “Ecossistemas e plataformas digitais de negócios: 5 novas regras para os inovadores”, destaquei algumas das novas regras para os inovadores com a adoção cada vez maior desse

modelo pelas empresas, como parte fundamental da sua estrategia corporativa. Por exemplo, se você estiver se dedicando a um modelo de internet industrial semelhante ao modelo de negócios Predix da GE, seus processos de inovação precisarão mudar para fornecer suporte e promover a inovação dentro do ecossistema para uma inovação contínua e colaborativa com os parceiros. Você pode, talvez, pensar nisso como uma “inovação aberta e turbinada”.

2. De 80% de “idealização” a 80% de “investigação e ampliação” (pessoas)
Quando examinamos o esforço relacionado ao gerenciamento da inovação, vemos que uma organização atualmente pode gastar algo em torno de 80% do seu tempo com o trabalho pesado de gerenciamento de ideias. Isso envolve não apenas apresentar ideias, mas também gerenciá-las por meio do canal de inovação para encontrar as mais promissoras que serão posteriormente postas em prática.

Embora as ideias sejam, muitas vezes, geradas rapidamente, leva um tempo considerável para racionalizá-las e transformar a mais promissora delas num quadro de visão, numa tela de modelo de negócios ou uma forma de business case inicial, para que a organização possa, então, avaliar com mais profundidade e decidir sobre como proceder.

O atual software de gerenciamento da inovação é eficiente no apoio ao gerenciamento de ideias, mas precisa se expandir para auxiliar as empresas a concentrar suas equipes de inovação nas decisões de “onde jogar” e “como ampliar” suas melhores apostas. Se conseguirmos automatizar ao máximo possível a função de gerenciamento de ideias (por exemplo, com automação inteligente para melhorar os processos e com analytics para auxiliar na tomada de decisões), então poderemos liberar recursos para dedicar mais tempo aos componentes essenciais de front-end e back-end do ciclo de vida da inovação.

3. Do foco na idealização ao foco integral (processo)
Do ponto de vista do processo, o software de gerenciamento da inovação normalmente se sai bem na definição detalhada e na execução das etapas do processo por trás do gerenciamento de ideias. Ele não se sai tão bem ao conectar o processo de inovação à estratégia (etapa anterior) e aos processos de execução (etapa posterior) de uma empresa típica.

Se examinarmos o mercado global de hoje, o mercado de software de gerenciamento da inovação está altamente fragmentado e centrado na parte de “idealizar” (ou seja, gerenciamento de ideias) do ciclo de vida da inovação com pouca diferenciação (na maioria das vezes) entre os fornecedores. Futuramente, o software de gerenciamento da inovação precisa oferecer mais conectividade com os processos corporativos adjacentes da estratégia e execução, para que a estratégia possa orientar a inovação; a inovação possa subsidiar a estratégia e as inovações possam ser lançadas com sucesso, de maneira ágil e em grande escala.

4. Dos facilitadores táticos aos facilitadores de última geração (tecnologia)
Quando examinamos os facilitadores tecnológicos utilizados para apoiar os processos de inovação, vemos um uso excelente de tecnologias sociais, móveis, analíticas e no modelo em nuvem para fornecer suporte ao gerenciamento de ideias, mas isso precisa ser expandido para empregar a próxima geração de facilitadores tecnológicos.

Hoje em dia, os recursos de compartilhamento social, o acesso a aplicativos móveis e o software como serviço são utilizados em abundância. Nos últimos 10 anos, embora ainda sejam muito valiosos, esses facilitadores se tornaram convencionais e agora precisamos de outros facilitadores capazes de automatizar ainda mais os processos de inovação e acelerar a tomada de decisões.

Por exemplo, a automação inteligente pode ser capaz de melhorar as funções de gerenciamento de ideias com sua consolidação, auxiliada por inteligência artificial, para sugerir quais podem valer a pena combinar. A automação inteligente pode também ser capaz de apoiar as decisões de “onde jogar”, considerando software de inteligência robo-market, para auxiliar a pesquisa manual de mercado e as novas funções de rastreamento de tecnologia.

5. Das plataformas internas às plataformas de ecossistema (plataforma)
Finalmente, o software de gerenciamento da inovação precisa evoluir de uma abordagem de plataforma interna para uma abordagem mais próxima à de plataforma de ecossistema, que se concentra na inovação contínua e coletiva com clientes e parceiros. Esta abordagem de ecossistema já está disponível para áreas específicas, tais como a união entre quem faz a busca e quem soluciona, para vários problemas de inovação, mas ela precisa se expandir ainda mais para contemplar todos os elementos do ciclo de vida, desde a intuição até as ideias de alto impacto.

Alguns dos principais players na área do software de gerenciamento da inovação já estão embarcando nessa viagem com uma série de novos recursos, bem como melhorias futuras previstas nos seus roteiros de produtos. Como a transformação digital continua senso essencial para a sobrevivência das empresas, explorar uma nova geração de software de gerenciamento da inovação será uma maneira valiosa de aumentar ao máximo suas chances de sucesso.

 

(*)  Nicholas D. Evans lidera o Programa Estratégico de Inovação da Unisys