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Cidades inteligentes: falta de conectividade e de profissionais atrasam seu desenvolvimento

Apesar de ser uma discussão constante há anos, as cidades inteligentes ainda não são uma realidade – ao menos no Brasil. No evento “Infraestrutura de conectividade: Pilar habilitante para cidades inteligentes sustentáveis”, realizado pela FGV e pela Cisco, Rodrigo Uchoa, da área de digitalização e desenvolvimento de negócios da Cisco Brasil, frisou que, apesar do aprendizado sobre as tecnologias que viabilizam as cidades inteligentes e a discussão da parte jurídica, não são feitos projetos com o impacto esperado.

“De todos os projetos que eu me envolvi, a gente sempre esbarrou em algo muito prático: para implementar uma cidade inteligente, a gente não consegue dar o primeiro passo sem a infraestrutura de conectividade segura. Nós sempre chegávamos à conclusão de que o principal desafio era viabilizar financeiramente a infraestrutura de conectividade segura. Hoje vivemos um cenário diferente e talvez seja o momento certo para acelerar essas implementações”, diz o especialista.

Segundo Rodrigo, essa infraestrutura é bastante específica, porque serão conectados milhares de dispositivos, câmeras de vídeo, semáforos inteligentes, sensores, entre outros. Dessa forma, não é trivial montar a infraestrutura e, também, não é barato.

Apesar do desafio levantado pelo executivo, Eliana Emediato, coordenadora-geral de Transformação Digital, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, deu um contraponto ao dizer que nas discussões feitas com o governo, a grande demanda não foi sobre conectividade, mas foi sobre a capacitação de pessoas. “Cerca de 80% das demandas é sobre ter pessoas com capacidade de trabalhar com as novas tecnologias”, comenta.

Entender as diferenças demandas, inclusive, foi o ponto discutido por Erico Przeybilovicz, Pesquisador do Centro de Estudos em Administração Pública e Governo da EAESP FGV e membro da Câmara das Cidades 4.0. “Um dos vieses que podemos comentar é o de aporte populacional. Se olharmos municípios com mais de 100 mil habitantes, são geralmente municípios que já têm um pouco as competências político-administrativas e institucionais de tecnologia e estão mais prontos para implementar uma infraestrutura de conectividade mais avançada”, exemplifica.

Já as cidades abaixo desse corte populacional têm uma realidade completamente diferente. Nesse caso, a discussão não é sobre câmeras ou semáforos inteligentes, mas questões em que a infraestrutura de tecnologia não tão caras e robustas. São aplicações mais tradicionais, até sistemas de gestão, que ainda não são implementadas.

Framework de desenvolvimento de conectividade

Diante da necessidade de trazer novas soluções para os desafios das cidades, a FGV Europe, unidade internacional da Fundação Getulio Vargas, lançou um framework prático que orienta os administradores públicos no desenvolvimento de projetos de infraestrutura de conectividade multisserviços.

Intitulado O Caminho para Cidades Inteligentes no Brasil: O Papel da Infraestrutura de Conectividade, o trabalho foi realizado com apoio da Cisco. O framework visa fomentar oportunidades de investimento em infraestrutura digital adequada, de alta capacidade e segura, necessária à implementação dos serviços inteligentes em toda a área urbana e rural dos municípios brasileiros. O intuito do trabalho é desenhar um caminho prático que as cidades brasileiras possam trilhar para disponibilizar o pilar habilitante de infraestrutura de conectividade multisserviços, em prol do desenvolvimento de cidades inteligentes e sustentáveis no País.

“A digitalização é uma grande oportunidade para melhorar a qualidade de vida do cidadão, permitindo o uso amplo de aplicações inovadoras para a gestão urbana e de serviços de interesse público, em setores importantes como a educação, a saúde, a segurança e a mobilidade”, observa Marco Saverio Ristuccia, Project Manager Infrastructure and Green Technologies da FGV Europe.

A infraestrutura digital é o elemento que demanda maior investimento de capital e custos operacionais ao governo, exigindo modelos de viabilização econômico-financeiros, inclusive com a participação da iniciativa privada.

“A discussão entre poder público, esfera empresarial e instituições financeiras e acadêmicas é primordial para que a implementação da infraestrutura de conectividade multisserviços possa se concretizar nas cidades e torná-las, de fato, inteligentes e sustentáveis. A maioria das cidades brasileiras não possui infraestrutura urbana adequada que garanta a conectividade necessária para as aplicações digitais. Esse framework tem um papel importante para sensibilizar as entidades federativas e outros stakeholders sobre a importância de projetos que levam à implementação dessa infraestrutura, que é o alicerce para digitalização e serviços inteligentes inovadores” ressalta Rodrigo.

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