China proíbe exportação de minerais críticos para os EUA em meio a tensões comerciais
Proibição envolve minerais estratégicos como gálio, germânio e antimônio, aumentando atritos comerciais entre dois países

A China comunicou a proibição da exportação para os Estados Unidos de itens relacionados aos minerais gálio, germânio e antimônio, que possuem possíveis aplicações militares, afirmou o Ministério do Comércio na terça-feira (3), um dia após o mais recente esforço dos EUA para restringir o setor de semicondutores da China.
Segundo analistas, a medida surge como uma retaliação às novas restrições norte-americanas, escalando ainda mais as tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo.
Leia mais: Como a indústria de chips da China planeja lidar com Trump
A decisão, relatada pela Reuters, faz parte de uma diretiva do Ministério do Comércio chinês para itens de “uso dual”, ou seja, com aplicações militares e civis, alegando preocupações de segurança nacional. O documento também impõe uma revisão mais rigorosa sobre o uso final de itens de grafite enviados para os EUA.
“Em princípio, a exportação de gálio, germânio, antimônio e materiais superduros para os Estados Unidos não será permitida”, afirmou o Ministério do Comércio. Esta proibição visa reforçar os limites existentes sobre a exportação desses minerais críticos, já estabelecidos pelo governo chinês no ano passado, mas agora aplicados exclusivamente ao mercado dos EUA.
Matéria-prima para semicondutores
Os dados da alfândega chinesa mostram que não houve embarques de germânio ou gálio bruto ou refinado para os Estados Unidos em 2024 até outubro, apesar de o país ter sido o quarto e quinto maior mercado desses minerais no ano anterior.
O gálio e o germânio são utilizados na fabricação de semicondutores, e o germânio também é essencial em tecnologias infravermelhas, cabos de fibra óptica e células solares.
Os embarques chineses de produtos de antimônio em outubro caíram 97% em relação a setembro, depois que a medida de restrição de exportação entrou em vigor. A China foi responsável, no ano passado, por 48% do antimônio extraído no mundo. Esse elemento é amplamente utilizado em munições, mísseis infravermelhos, armas nucleares, óculos de visão noturna, além de baterias e equipamentos fotovoltaicos.
Este ano, a China representou 59,2% da produção global de germânio refinado e 98,8% da produção de gálio refinado, segundo dados da consultoria Project Blue.
Os preços do trióxido de antimônio em Roterdã subiram 228% desde o início do ano, atingindo US$ 39.000 por tonelada em 28 de novembro, segundo a provedora de informações Argus.
O anúncio chinês vem logo após os Estados Unidos lançarem sua terceira ofensiva em três anos contra a indústria de semicondutores da China, restringindo as exportações para 140 empresas, incluindo a fabricante de equipamentos para chips Naura Technology Group.
Veja também: EUA impõem novas restrições a investimentos em tecnologia na China
O presidente eleito Donald Trump, que teve seu primeiro mandato marcado por uma amarga guerra comercial com a China, já declarou que implementará tarifas de 10% sobre produtos chineses e ameaçou impor taxas de até 60% sobre as importações vindas do país durante sua campanha presidencial.
Tensão comercial
As tensões comerciais entre os EUA e a China têm se intensificado nos últimos anos, particularmente no setor de tecnologia e semicondutores, onde ambos os países buscam assegurar sua liderança global e reduzir a dependência um do outro em componentes estratégicos. As sanções e restrições comerciais se tornaram instrumentos frequentes na política externa, principalmente com o objetivo de pressionar adversários e proteger indústrias domésticas.
Enquanto os EUA alegam que suas restrições visam impedir que a China utilize tecnologias avançadas em suas operações militares e de inteligência, a China acusa Washington de tentar sufocar seu desenvolvimento tecnológico e prejudicar seu crescimento econômico. As recentes proibições de exportação de minerais críticos são um exemplo claro de como Pequim está disposta a revidar, utilizando sua posição dominante na produção de minerais essenciais para a indústria de alta tecnologia.
O gálio, por exemplo, é um material essencial para a produção de semicondutores e dispositivos eletrônicos avançados, como LEDs e radares. Já o germânio é fundamental em equipamentos ópticos e eletrônicos, e o antimônio é amplamente usado na fabricação de baterias e dispositivos de armazenamento de energia. Sem o acesso a esses materiais, muitos dos avanços tecnológicos no Ocidente podem ser afetados, especialmente na produção de semicondutores, que são componentes fundamentais para tudo, desde smartphones até veículos elétricos e equipamentos de defesa.
*Com informações da Reuters
Siga o IT Forum no LinkedIn e fique por dentro de todas as notícias!