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Carreiras no formato como conhecemos hoje estão com os dias contados

Há 40 anos, Richard Susskind, escritor inglês, estuda os impactos da tecnologia nas profissões e há duas décadas ele previu algo extremamente comum nos dias de hoje: que a comunicação entre advogados e seus clientes seria essencialmente feita a partir do e-mail, fato que na época foi recebido com estranheza por seus colegas que temiam questões como privacidade e segurança.

Algum tempo depois, seu filho, Daniel Susskind, professor de economia no Balliol College em Oxford, juntou-se ao pai no estudo sobre o futuro das carreiras. O resultado foi publicado pelos dois no livro “O Futuro das Profissões”, tema que o professor levou para o palco da Campus Party, que termina neste domingo (31/1), em São Paulo.

A obra analisa o perfil de oito profissionais, em áreas como saúde, jornalismo, arquitetura e consultoria. A conclusão é a de que, muito em breve, não existirão carreiras no formato tradicional como todos estão acostumados hoje.

Susskind listou dois futuros possíveis das profissões, impactadas diretamente pela tecnologia. O primeiro é o uso da tecnologia para melhorar e simplificar o trabalho, como um arquiteto que usa um software para criar um projeto, o que já acontece em alguns casos nos dias de hoje. O segundo é a tecnologia substituindo as profissões. “Novas formas de dividir conhecimento surgirão, desmantelando as profissões atuais”, afirma.

Isso porque, diz, vivemos hoje a sociedade da internet e não mais industrial. Na industrial, um profissional acumula conhecimento suficiente para ajudar os que não têm. “Contudo, na era da internet, as profissões são diferentes”, assinala.

Assim, segundo Susskind, no médio prazo, a tecnologia deverá dizimar muitas profissões, como designers, provedores de sistemas, assistentes e, pasmem: cientistas de dados e engenheiros de sistemas. Ao mesmo tempo, prossegue, a evolução tecnológica pode criar funções. Mas para isso, será necessário aprender novas habilidades.

No longo prazo, ele afirma que os pessimistas indicam que as máquinas se tornarão incrivelmente capazes, com forte talento para big data e resolver problemas, além de contribuir para que os humanos tenham cada vez menos trabalho para fazer. 

Já os otimistas acreditam que novos trabalhos surgirão, que somente humanos poderão fazer e que homens e máquinas vão atuar juntos, lado a lado. Exemplos dessa evolução não faltam e o professor citou uma série deles, como o Patientslikeme, site no qual pessoas podem compartilhar problemas e soluções médicas. Outro exemplo, afirma, são sistemas que levam conhecimento de humanos para softwares.

E quem está certo: pessimistas ou otimistas? Para Susskind, ambos têm razão. “Pessimistas estão certos ao reconhecer que máquinas estão se tornando incrivelmente capazes. Mas eles estão errados ao ignorar o fato de que novas tarefas surgirão”, pontua, completando que otimistas, por sua vez, estão corretos ao reconhecer que haverá novas tarefas no futuro, mas errados ao pensar que pessoas estão melhor posicionadas para realizar essas tarefas. 

Para tornar a reflexão do tema ainda mais complexa, Susskind fez duas perguntas ao público: quais tarefas que não devem ser conduzidas por máquinas? E quem deve possuir e controlar conhecimentos práticos de amanhã? Questões que, segundo ele, levam a uma terceira: qual futuro queremos?

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