Brasil teve 2,8 milhões de tentativas de fraude em e-commerce no primeiro semestre

Mapa da Fraude da ClearSale revela que eletrônicos estão no topo dos produtos buscados por fraudadores

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10:08 am - 26 de julho de 2022
fraude

O Brasil registrou mais de 2,8 milhões de tentativas de fraude entre janeiro e junho deste ano, de acordo com o Mapa da Fraude da ClearSale. O recorte, feito apenas para e-commerce, registrou alta de 9% em comparação ao mesmo período de 2021. Em valores, o total chega a somar mais de R$ 2,9 bilhões, de acordo com 165 milhões de pedidos registrados no banco de dados da empresa. No comparativo com o último ano, esse número foi quase 10% maior.

Em coletiva de imprensa, a companhia explicou quais são os tipos de fraudes comuns dentro do comércio online:

  • Fraude efetiva/limpa: o fraudador realiza a compra na loja virtual e, na hora de pagar, usa dados roubados de cartões de crédito de bons consumidores. Como as informações utilizadas são verdadeiras, muitos times responsáveis têm dificuldade em barrar o ataque.
  • Fraude amigável: ocorre quando alguém próximo ao titular do cartão, geralmente parentes ou amigos, faz uma compra sem o consentimento do mesmo. Ao receber sua fatura, o dono do cartão não reconhece a compra e entra em contato com a instituição financeira para cancelar a transação.
  • Autofraude: é uma ação realizada pelo próprio titular do cartão. Ele realiza a compra online e, dentro do prazo da instituição financeira (180 dias), contesta o lançamento, mesmo já tendo recebido o produto.

“Comparado aos últimos anos, o primeiro semestre de 2022 teve um crescimento de forma mais retraída, e isso já era esperado por conta da desaceleração do e-commerce após o boom que aconteceu devido à pandemia. Mas, essa crescente ainda é sentida e, consequentemente, as fraudes também se evidenciam, visto os crescimentos, tanto de quantidade quanto de valor. Quanto mais brasileiros migram para o varejo digital, maior será a proporção de fraudadores no e-commerce e as empresas precisam atentar-se a isso”, comentou Marcelo Queiroz, head de estratégia de mercado da ClearSale.

Segundo o executivo, o crescimento é impulsionado pelo número de pessoas não digitalizadas ou com pouca experiência em comprar online. Além disso, o fraudador aproveita do contexto social e de motivações emocionais para encontrar brechas.

Entre as categorias que mais sofreram tentativas, estão eletrônicos (9,01%), celular (7,94%) e games (5,65%). Estes também foram líderes no primeiro semestre de 2021, apenas com uma mudança: o celular ocupou o primeiro lugar, seguido por eletrônicos e, em terceiro, ficou a categoria de games.

“Vale destacar o que significa quando olhamos para isso. O objetivo da fraude é um ganho financeiro, especialmente no e-commerce. Por isso, tenta-se fraudar categorias e produtos que você consiga receber rapidamente para repassá-lo rapidamente”, explicou Marcelo.

A região Norte (3,34%) segue apresentando o maior índice percentual de tentativas de fraudes sobre a quantidade de transações. Já a região Sul (1,09%), apresenta o menor índice do ranking dos estados. Mas, considerando apenas números absolutos, a região Sudeste, com 49,1 milhões de pedidos, contou com o maior número de fraudes do País.

Em termos de gênero, o público masculino é quem mais sofre com tentativas de fraudes (2,88%), seguido por outros (2,25%). Já o público feminino apresenta (1,55%) do número de fraudes. Em termos de faixa etária, pessoas de até 25 anos foram as que mais sofreram tentativas de fraudes (3,41%), seguido pelo grupo de 26 a 35 anos (1,76%).

Para o levantamento do Mapa da Fraude, a ClearSale considerou apenas pagamentos via cartão de crédito no setor de e-commerce. São consideradas tentativas de fraude todas as transações que, por algum motivo, foram classificadas como suspeitas ou que foram confirmadas como fraude.

“Existem três aspectos importantes para as empresas: o primeiro é efetivamente implementar processos de análise de risco, desde o processo de cadastro do cliente até o transacional. O segundo é o processo de educação digital porque, por mais que tenhamos esses processos, se os dados forem vazados ou cliente entrar em um link falso e entregar todos os dados, um fraudador poderá usar todas as informações. E, por último, o ambiente pode ser invadido, então as empresas precisam se preocupar em monitorar isso”, alertou Marcelo.

Outros mercados

O mercado financeiro apresentou 527 mil tentativas de fraudes em processos digitais como abertura de contas, emissão de cartões, Pix, empréstimo pessoal e CDC. Foram analisadas mais de 19 milhões de transações, com tentativas em mais de 527 mil transações. Um registro de 2,71% das transações.

“Aqui temos um mercado muito importante, ainda mais considerando as novas formas de pagamento, como o Pix. Como ainda é recente, os fraudadores encontram mais brechas, mas precisamos oferecer soluções ao mercado para minimizar cada vez mais essas ações”, disse o executivo.

Já em telecomunicações, foram analisadas 6,6 milhões de transações, das quais mais de 212 mil apresentaram tentativas de fraude – um percentual de 3,18%, com a região Nordeste sendo a mais exposta. Em comparação ao mesmo período de 2021, houve uma queda no número de tentativas de fraudes no mercado de telecomunicações.

No setor de vendas diretas, os fraudadores mostraram-se atentos às mudanças e tecnologias para aplicar golpes. Foram analisados 1,4 milhão de pedidos, dos quais mais de 35 mil sofreram tentativas de fraude – representando 2,40% das transações.

Pela primeira vez, o estudo também analisou as transações PJ. O setor teve 1,3 milhão de transações analisadas, das quais 17 mil sofreram tentativas de fraudes – um registro de 1,3%. Essas tentativas representam mais de R$55 milhões. É importante ressaltar que, no B2B, os valores são mais altos e os riscos ultrapassam prejuízos financeiros.

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