A parceria entre Brasil e União Europeia no setor de
ciência e tecnologia é de longa data. “Iniciamos essa relação em 1960, com a troca de missões diplomáticas formais, e somos parceiros estratégicos desde 2007, por meio de reuniões anuais de cúpula”, afirmou Manoel Fonseca, secretário de Política de Informática do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
Os avanços e oportunidades da cooperação entre os países foram reiterados durante seminário que aconteceu nesta terça-feira (24/5), no MCTIC. No evento, brasileiros e europeus analisaram projetos de pesquisa financiados em conjunto em energias renováveis e tecnologias da informação e comunicação (TICs) e acertaram o lançamento de um estudo sobre os resultados da parceria e suas aplicações econômicas e sociais.
As duas partes assinaram o atual acordo bilateral em ciência e tecnologia em 2004, que intensificou o ritmo de lançamento de chamadas conjuntas de apoio à pesquisa. Fonseca apontou ações recentes do MCTIC com a Diretoria Geral para Redes de Comunicações, Conteúdo e Tecnologia da Comissão Europeia (DG-Connect). A parceria gerou três editais em TICs em 2010, 2012 e 2015, nos quais cada lado alocou 17 milhões de euros.
Fonseca acredita que a dinâmica “constante e efetiva pode servir de modelo às ações do governo brasileiro neste momento de transição”, afirmou o secretário, que prevê para o segundo semestre o anúncio da quarta edição do programa.
Para o chefe da Delegação da União Europeia no Brasil, embaixador João Gomes Cravinho, ciência, tecnologia e inovação (CT&I) são segmentos-chave da parceria, os quais a fazem ser tão estratégica. “Quando falamos em parceria estratégica, estamos a falar essencialmente de algo capaz de gerar um efeito transformativo para as nossas sociedades e, pela escala continental que representamos, para todo o mundo, em diversas áreas do conhecimento”, comenta.
Embora CT&I não esteja “sempre nas primeiras páginas dos jornais”, nas palavras de Cravinho, os governos precisam ter consciência de seu potencial de retorno. “Nós na União Europeia atravessamos tempos muitos difíceis nesses últimos anos, e eu gostaria de indicar ao Brasil o seguinte: se na Europa as nossas economias hoje estão todas crescendo, com seus setores tradicionais agora com a cabeça fora d’água, a verdade é que foram e são os setores inovadores que puxaram e estão puxando a nossa recuperação.”
Segundo o embaixador europeu, o programa Horizonte 2020 aportou 80 bilhões de euros em CT&I ao longo de sete anos. A iniciativa busca responder a questões de impacto global, como crise econômica, subsistência das populações, segurança e meio ambiente. “Justamente nos momentos mais difíceis de crise, tomamos a decisão de não cortar, mas antes incrementar o nosso investimento”, lembrou. “Os frutos dessa aposta ousada já estão perfeitamente visíveis, a ponto de já podermos identificar que é nos setores inovadores que encontramos nossos melhores exemplos de crescimento.”
Resultados
Fonseca e Cravinho destacaram o projeto de conectividade transatlântica entre Lisboa, em Portugal, e Fortaleza (CE). O secretário do MCTIC informou que a infraestrutura deve estar disponível a partir de 2018 e pode “intensificar ainda mais as nossas pesquisas conjuntas”. Já o embaixador comentou sobre a possibilidade de interligar centros tecnológicos dos dois continentes: “Poucos se deram conta do significado estratégico da construção desse cabo submarino, com ramificações para toda a América Latina.”
*Com informações do MCTIC