Antes da IA, dados e propósito

A IA precisa de dados sólidos, é verdade — mas também de propósito. De emoção. De entendimento profundo sobre quem está do outro lado da tela

Author Photo
5:20 pm - 01 de maio de 2025
Imagem: Shutterstock

Por Mariane Lauer

Depois de tanto falarmos em inteligência artificial (IA), chegar a um evento como o Web Summit Rio e ouvir, repetidamente, algo tão óbvio como “precisamos de dados para ter IA” causa a sensação de que estamos nos perdendo na euforia da tecnologia e esquecendo o básico.

Em meio a uma onda de inovação, uma pergunta tão simples quanto primordial se impõe: como podemos esperar que a IA entregue resultados consistentes se ainda estamos explicando as “alucinações” de ferramentas como o ChatGPT? A resposta, frequentemente negligenciada, é que, sem dados organizados e de qualidade, a IA não entregará o que promete.

Leia também: Conheça o ranking completo do prêmio As 100+ Inovadoras no Uso de TI 2024

Euforia da IA e falta de preparo

No painel “Lies, Damn Lies, and AIs”, Jim Webber, Chief Scientist da Neo4j, expôs uma questão essencial: a IA está, sim, mudando o mundo, mas muitos projetos acabam estagnados porque a base está falha. Ou seja: faltam dados.

É impressionante como, mesmo em um momento de tanta evolução tecnológica, muitas empresas seguem tentando aplicar inteligência artificial sobre bases frágeis, desestruturadas e confusas. Esse é o primeiro gap.

Superada a etapa de dados, destacou Webber, é preciso otimizar essas informações de forma que tanto máquinas quanto humanos as interpretem. Do contrário, teremos como resultado modelos inconsistentes e decisões de negócio baseadas em ilusões.

Capacidade de leitura

No marketing, os dados guiam estratégias, identificam oportunidades e personalizam experiências. Sem a capacidade de leitura analítica e a compreensão do comportamento e das emoções dos clientes, contudo, a comunicação torna-se fria e ineficaz.

Neil Patel, em um painel sobre marketing digital, resumiu bem essa ideia: “Quando você pensa em dados, eles realmente não mentem, mas os dados são apenas metade da história. Eles ajudam a guiar suas decisões, mas quando os dados falham na conexão emocional que você tem com seus clientes, o marketing fica incompleto.”

A IA precisa de dados sólidos, é verdade — mas também de propósito. De emoção. De entendimento profundo sobre quem está do outro lado da tela. Só assim ela pode ser uma ferramenta para construir campanhas relevantes, produtos desejados e marcas fortes.

IA sozinha não faz nada

Portanto, antes de falarmos sobre qual ferramenta de IA utilizar, precisamos voltar ao básico: arquitetura de dados, governança, qualidade da informação, capacitação das pessoas e clareza de objetivos.

A IA é uma ferramenta poderosa — mas é apenas isso: uma ferramenta. Sem dados bem estruturados, ela amplifica problemas em vez de resolvê-los. Sem visão estratégica, ela gera mais confusão do que valor. Por isso, antes de correr atrás da nova tendência, devemos perguntar: nossos dados estão prontos para sustentar o futuro que queremos construir?

Siga o IT Forum no LinkedIn e fique por dentro de todas as notícias!

Author Photo
Mariane Lauer

Com mais de 15 anos de experiência em comunicação, Mariane atua há sete anos no Brivia_Group, onde lidera atualmente a área de marketing. Sua jornada profissional teve início como Account Executive, dedicando oito anos de sua carreira à Votorantim Cimentos. É formada em Relações Públicas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

Author Photo

Newsletter de tecnologia para você

Os melhores conteúdos do IT Forum na sua caixa de entrada.