Alcatel-Lucent oferecerá infraestrutura de rede como serviço no Brasil

Segundo provedora, questões técnicas já estão resolvidas. Agora é muito mais uma questão de adaptar o negócio ao mercado brasileiro

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5:53 pm - 04 de fevereiro de 2016

O ano de 2015 foi um ano de consolidação da Alcatel-Lucent Enterprise, no mundo e também no Brasil. Aqui no país, a empresa encerrou o ano passado com crescimento “flat”, nas palavras de Nuno Ribas, vice-presidente de vendas na América Latina.

Em 2016, a estratégia da empresa para o mercado brasileiro está focada em três grande pilares: fortalecimento da presença nos atuais clientes (hoje são mais de 15 mil empresas); soluções de cloud, para agregar serviços pay-per-use à base instalada do cliente; e infraestrutura de rede, já começando a pensar em um modelo pay-per-use nesse segmento.

“Acredito que no primeiro semestre a gente já comece oferecer soluções de infraestrutura de rede como serviço no mercado brasileiro”, afirma o executivo. “As questões técnicas já estão resolvidas. Agora é muito mais uma questão de adaptar o modelo de negócio ao mercado brasileiro”, explica ele.

Segundo Ribas, a intenção não basear a oferta emum modelo de negócio absolutamente financeiro. Um leasing operacional ou qualquer coisa que o valha. O desejo da empresa é construirr um modelo que permita cobrar efetivamente pela utilização da porta. E isso envolve questões como gerenciamento, billing, etc. “É necessário uma transparência muito grande. O cliente tem que ter toda a visibilidade do que ele realmente está usando e monitorar os gastos que ele está tendo”, ressalta o executivo.

Ribas comenta que, em geral, a opção por soluções de infraestrutura de rede como serviço é feita a partir de uma conta simples, que considere a verba de investimento e a verba de custeio. Para uma empresa que use a rede 24 horas, os sete dias da semana, talvez o serviço não faça sentido. Já para empresas que usem a rede apenas três dias na semana (como no caso de muitos estádios de futebol, por exemplo), ou das 8 horas da manhã às 6 da tarde, talvez seja uma opção interessante.

“Não são todos os clientes que vão aderir ao modelo. Mas médias e grandes empresas europeias, principalmente, já têm demandado. Geralmente quando há uma sazonalidade nas suas operações e elas preferem pagar pela disponibilidade da infraestrutura de rede usando sua verba de custeio”, afirma Nuno Ribas.

E como, nesse modelo de infraestrutura pay-per-use, os equipamentos de rede pertencem à Alcatel-Lucent Enterprise, o que acontecerá no dia em que o cliente desejar ter a sua própria infraestrutura?

De acordo com Ribas ele terá duas opções: suspender o serviço e devolver todos os equipamentos para a ALE, ou investir na aquisição dos equipamentos. Nesse caso o cliente vai poder comprá-los, descontando a depreciação do período em que esses equipamentos estiveram em uso. “Esse é um problema contábil que a gente vai ter que resolver. Esse equipamento pode ter sido importado, ser um ownership com a Alcatel-Lucent da França, hipoteticamente. Portanto, não poderia ser vendido aqui no Brasil. Eu teria que devolvê-lo para a Alcatel-Lucent da França e só depois fazer a venda e pagar os impostos de importação. É exatamente na resolução de questões como esta que estamos trabalhando agora”, diz.

O objetivo da ALE é flexibilizar a solução para o usuário. Permitir que ele use o mesmo produto com modelos de negócio diferentes. Mesmo em relação às soluções de nuvem. Há diferentes modelos que consideram o uso das soluções on-premise, em regime de colocation (no data center de operadoras e de provedores de serviço internet), em ambientes híbridos, e por aí vai.

Três setores figuram entre os de maior foco da companhia no mercado brasileiro: Saúde, Hotelaria e Governo. Saúde deverá responder pelo maior volume de negócios este ano. Mas Nuno Ribas também está entusiasmado com a possibilidade de lidar com os primeiros pilotos de uso de redes definidas por software na área financeira.

SDN, o diferencial

Há alguns mercado em que a ALE tem tentado participar da inovação. O mercado de infraestrutura para data center é um deles. Em especial o mercado de SDN. A empresa acaba de se unir ao projeto OpenDaylight com o objetivo de colaborar com suas soluções de comunicações e experiência no mercado corporativo global para rápida adoção do conceito de SDN e Virtualização de Funções de Rede (NFV).

“SDN é um dos nossos grandes diferenciais”, afirma o executivo, lembrando que já existem implantações nos Estados Unidos e na Europa e alguns pilotos na América Latina, em países como México e Colômbia. “O Brasil ainda não despertou para o conceito, por dois fatores primordiais. Nós fabricantes ainda não demos o empurrão necessário. Falamos muito, temos tecnologia, mas não ofertamos nada, até agora. E falta de interesse por parte dos clientes em fazer um investimento pesado na tecnologia.”

Segundo Ribas, de nada adianta iniciar ofertas de tecnologias como a Intelligent Fabric no Brasil se os clientes são estiverem preparados. “Acredito que, este ano, os bancos comecem a olhar para construção de uma infraestrutura de rede que suporte SDN. Eles deverão ser os primeiros a adotar o conceito. 2016 será um ano bastante interessante para as instituições financeiras nesse sentido”, diz o executivo.

Planos de IPO

Desde 1º de outubro de 2014, a ALE enfrentou a difícil tarefa de criar uma nova infraestrutura para operar como uma companhia completamente independente. Até o momento, implantou uma nova infraestrutura de recursos humanos, de sistemas de TI/SI, nova infraestrutura financeira e novos sistemas de treinamento de funcionários e de parceiros de negócios.

Além disso, também abriu diversos novos escritórios e entidades legais ao redor do mundo. Hoje, atua em 70 países, diretamente ou através de representação comercial. A América Latina, tem presença no Brasil, seu maior mercado na região, e também na Argentina, Chile, México e Colômbia. Nos demais, atua através de parceiros.

A intenção dos investidores (o fundo chinês de investimentos China Huaxin) é trabalhar para que a empresa dobre de tamanho em dois a três anos de operação, e possa caminha para o IPO.

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