Acordo IBM-Apple: o que o CIO pode ganhar com isso?

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11:36 am - 21 de julho de 2014

Na semana passada, falamos aqui sobre o novo acordo firmado entre IBM e Apple, que busca ir de encontro às necessidades da TI corporativa. A parceria vai disponibilizar 100 aplicativos corporativos para a indústria com suporte para iPhones e iPads e prover o fácil gerenciamento de dispositivos Apple. Além disso, promete unir a experiência analítica em big data da IBM com a reputação do iPhone.
Atualmente, muitos CIOs estão se esforçando para desvincular a TI da imagem de conseguir realizar apenas projetos de tecnologia grandes e complicados e, no lugar, construir a imagem de um departamento que consegue servir às necessidades de outras áreas com o desenvolvimento ágil de aplicativos para os negócios. 

Nessas empresas, a parceria entre IBM e Apple pode ser um grande negócio, ajudando CIOs a resolverem certos problemas na estratégia de mobilidade. Por exemplo, os CIOs vão ver com bons olhos a possibilidade de contar com um suporte corporativo melhor para produtos da Apple – já que muitos gestores de TI reclamam do suporte limitado da empresa. Apesar de seus dispositivos serem amplamente adotados no mundo corporativo, a Apple não pretende se especializar nessa vertente. E, para fazê-lo, ela apontaria algum grande parceiro, e agora ela tem um: a IBM. 
Contudo, o acordo endereça apenas aos problemas desse cenário delimitado pelo ecossistema centrado na Apple. A mobilidade para os CIOs é muito mais complicada, e inclui dispositivos Android, políticas de BYOD, dados de Internet de Coisas e muito mais. A IBM tem experiência e conhecimento em todas essas áreas, mas o anúncio refere-se diversas vezes à natureza “exclusiva” do negócio IBM-Apple. Sem dúvidas, os CIOs vão querer garantias de que seus complexos ambientes móveis serão suportados por essa visão. 
A IBM planeja entregar 100 aplicativos iOS este ano e no próximo, e com certeza está olhando para CIOs que buscam executar essa visão de entrega eficiente e rápida na TI. Mas isso levanta outras questões sobre estratégias de mobilidade: os CIOs veem vantagem competitiva em aplicativos “ready-made” para uma plataforma única, ou será que, ao invés isso, preferem desenvolver aplicativos móveis mais personalizados? 
A IBM promete que esses aplicativos vão resolver problemas de negócios específicos do setor, com base em seu trabalho de consultoria nessas indústrias. Contudo, aplicativos móveis personalizados podem, em teoria, ser mais fáceis para as equipes de TI desenvolverem dentro de casa (ou através de desenvolvedores externos) do que aplicativos on-premise com códigos client-server personalizados. Essa nova mentalidade de aplicativos – baseada na entrega rápida do que exatamente a empresa precisa – poderia desencadear uma nova onda de desenvolvimento interno, pelo menos para as grandes empresas, e particularmente para aplicativos voltados para o cliente. A IBM enfrenta muita concorrência neste mercado de aplicativos desenvolvidos com propósitos exclusivos. 
A empresa manteve-se fora do mercado core de aplicações corporativas, deixando nomes como SAP e Oracle construírem sistemas de ERP, CRM e cadeia de suprimentos, enquanto a IBM era paga para implementá-los. Agora, com essa estratégia, inicia uma longa batalha em que os produtos vão entregar dados gerados por essas aplicações core para as telas de funcionários ou clientes, cujos produtos vão analisar esses dados. Por meio do acordo fechado com Apple, a IBM ganha um parceiro de peso para entrar nesse mercado de aplicativos, mas ainda enfrenta a concorrência de grandes fornecedores de software, que querem vender funcionalidades adicionais a suas aplicações empresariais.
Para a Apple, o acordo com a IBM é uma jogada inteligente, um movimento claro do CEO Tim Cook para colocar empresa em uma situação mais “business-friendly”. Muitos analistas contrastaram o acordo com o desinteresse de Steve Jobs na TI corporativa. No entanto, Cook está longe de cometer uma heresia. A atitude de Jobs em direção às empresas era algo como: “Você está convidado a comprar os nossos produtos, uma vez que você percebe que eles são superiores”. Dificilmente ele faria ajustes para atender às necessidades insignificantes dos compradores corporativos de TI, a quem certa vez se referiu como “confusos” sobre o que as pessoas realmente querem de sua tecnologia. 
O acordo não afasta a Apple da ideia de construir produtos para pessoas, e não para empresas. O iOS 8 inclui novas melhorias de segurança e gerenciamento para negócios, e elas são importantes. No geral, este acordo indica que a Apple está reconhecendo que os CIOs que compram iPhones e iPads têm algumas necessidades legítimas, não satisfeitas, mas está deixando a IBM por conta do trabalho mais pesado para satisfazê-las. Esse é o foco certo para ambas as empresas.

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