O ano é 1987, dia 20 de abril. A Microsoft estava no início do seu ganho de escala que a tornaria a maior empresa do planeta e queria desenvolver um pacote de soluções visando sua penetração no mercado corporativo – onde as pessoas passam boa parte do tempo justamente em frente ao computador.
A empresa já tinha um programa de processamento de texto, um de planilhas matemáticas… Mas enxergou numa startup chamada Forethought uma oportunidade de agregar algo novo: um programa de apresentações corporativas.
Sim, o PowerPoint, que nasceu operando somente em Macintosh, era uma startup adquirida pela Microsoft para desenvolvimento de um novo produto. E este cenário será a grande novidade na interface entre startups e corporações brasileiras a partir de 2020.
No processo evolutivo de interface entre grandes empresas e startups, a primeira interface foi a mentoria e o processo de aceleração. Passou pela integração como fornecedores e parceiros dentro de premissas diferentes de outras empresas que atuam no ecossistema da grande corporação.
Agora a janela de oportunidade reside em montar fundos de investimento para aporte ou aquisição de novos negócios, sob o prisma de tecnologia complementar ao processo de inovação, otimizar processos internos ou sinergias comerciais, maximizando o valor da organização como um todo. Mas como começar?
Vai soar fácil, mas não é: tudo começa com o desenvolvimento de uma tese de investimentos e a alocação de recursos para aporte em novos negócios – sozinho ou com o apoio de alguma empresa de Venture Capital. Para tal, você vai precisar contratar ou preparar um profissional que seja responsável por esta área, que saiba desenvolver tese, desenvolver o funil de captação de oportunidades e faça os acompanhamentos no dia-a-dia com os investidos, sendo interface com as demais áreas que podem proporcional a alavancagem das organizações.
Desenvolver a tese de investimento demanda tempo e conhecimento de mercado, além de pesquisa exploratória, desenvolvimento de critérios e mapeamento de startups com alto potencial de sinergias e crescimento. CFO e CEO devem ser sponsors do projeto, bem como o primeiro nível da organização para oferecer o ambiente ideal para que estas empresas consigam captar as oportunidades para crescer dentro da organização, inclusive com potencial de revolucionar de áreas inteiras.
A primeira vem do caixa da empresa, segregando parte dos recursos para este Pipeline. A flexibilidade e disponibilidade imediata jogam à favor, mas se pensarmos que um fundo de VC fica interessante à partir de R$ 60 milhões sob gestão, não é toda empresa que pode segregar tamanho valor para esta iniciativa.
Uma segunda opção é desenvolver o projeto em paralelo a uma gestora e/ou firma de venture capital, para que juntos possam co-desenvolver a tese de investimento, gestão e acompanhamento do fundo e suas investidas.
Uma rota atraente – e que deve ser a principal demanda do Corporate Venture em 2020 – é aproveitar as mudanças na Lei de Informática e SUFRAMA (incentivo à Zona Franca de Manaus), que você pode pegar valores que iriam para o pagamento de impostos para, desde 2019, formar fundos de investimento em startups. Tem um processo burocrático para validar os recursos, mas trata-se de dinheiro “novo” e que não altera o caixa da empresa, além das vantagens institucionais.
Algumas das maiores empresas globais, como Apple, Amazon, Google e Facebook realizam compras de startups semanalmente, seja pela solução ou simplesmente para trazer as equipes para seu quadro de funcionários. Outras possuem fundos históricos, como a Intel Capital. E mesmo empresas da “economia real” como McDonald’s, BTG Pactual e Grupo Pão de Açúcar, estão se mexendo para agregar novos negócios, visando diferentes ganhos de vantagem competitiva.
Aonde você estará neste cenário daqui a alguns anos? Na ponta compradora, agregando pessoas e tecnologias ao seu negócio, ou na vendedora, a caminho da obsolescência?
*Por João Gabriel Chebante, fundador da Sucellos, responsável por levar inteligência aos processos de investimento, fusão e aquisição de empresas. Formado em Administração com Ênfase em Marketing na ESPM, com especialização em Modelagem de Negócios pela mesma faculdade e Gestão de Marcas (branding) pela FGV. Possui doze anos de experiência em marketing, atuando em inteligência de mercado e gestão de marcas como profissional e como consultor de empresas.
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