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A Internet das Coisas nos aproxima do Cyborg

Na década de 70, um seriado norte-americano de TV, de grande sucesso,
antecipava os rumos da tecnologia ao prever a possibilidade de
conectarmos dispositivos inteligentes ao corpo humano.

Cyborg, o Homem de Seis Milhões de Dólares, teve origem na história
de Steve Austin, interpretado pelo ator Lee Majors, um ex-astronauta
americano que sofreu um sério acidente aéreo e, para sobreviver, foi
submetido a uma cirurgia de reconstrução em que recebeu implantes
biônicos no braço direito, nas duas pernas e no olho esquerdo, ganhando
uma força descomunal, a capacidade de correr a 97 km/h e uma visão com
alcance 20 vezes maior, além de funções infravermelhas.

Após a operação, Steve Austin passou a trabalhar para a OSI
(Escritório de Inteligência Científica) como um agente secreto. Quando
Cyborg mexia com nossas fantasias infantis de ter superpoderes e casar
com a Mulher Biônica, sequer passava por nossa mais fértil imaginação
que um dia existiria uma rede mundial de computadores -na época os
mainframes ainda ocupavam grandes salas e as máquinas menores estavam
apenas começando a surgir- que se conectaria em nuvem e teria altíssima
capacidade e velocidade de transmissão de dados, interligando máquinas,
pessoas e coisas.

A Internet das Coisas (IoT) está transformando em realidade roteiros
de ficção científica dos saudosos anos 70 que quando criança só sonhava
mesmo existir no cinema e na televisão. As possibilidades para
empreender no desenvolvimento de novas tecnologias para vestir ou
carregar junto ao corpo são infinitas. Basta acessar o DNA da inovação e
não reprimir a criatividade para começar a explorar oportunidades de
negócios que ainda irão transformar, e muito, acreditem, a forma como
nos comunicamos entre nós e com objetos inteligentes.

Quando a internet nasceu em 1983, apoiada no protocolo IPv4, a
quantidade de dispositivos conectados chegava a 4,3 bilhões. Quantas
coisas poderemos interligar na Internet das Coisas? O limite está
atrelado ao IPv6, com capacidade para conectar 340 undecilhões de
objetos, o que, segundo a Cisco, permitiria distribuir 100 endereços
para cada átomo na Terra. De acordo com o IDC, até 2020 o mercado de IoT
terá um um crescimento anual de 13% e chegará a US$ 3,04 trilhões.
Deste total, cerca de 30% será de dispositivos wearable, respondendo por
US$ 11 bilhões.

Estamos assistindo uma corrida veloz para o lançamento de novas
tecnologias e produtos conectados em Body Area Networks (BAN) através de
sensores de radiofrequência (e outras tecnologias de conexão de
dispositivos) que captam e analisam dados para trazer informações ao
usuário, como sobre seu estado de saúde e o desempenho na academia, ou
acionar comandos, como abrir a porta de casa, ligar o carro ou enviar
uma mensagem para pedir socorro médico.

Quem não se lembra do seriado americano Agente 86 (Get Smart nos
Estados Unidos)? Nos episódios, o personagem Maxwell Smart, interpretado
pelo ator Don Adam, abre portas e usa infinitas bugigangas nas suas
investigações, como seu impagável sapatofone. As principais aplicações
de IoT que estão sendo criadas em wearable devices são voltadas para
saúde e fitness, mas considerando o estágio em que já chegamos e onde
poderemos chegar não é preciso ser um futurólogo para prever que um dia
Cyborg sairá das telas para circular entre nós.

Seja ele equipado com membros biônicos e conectado em redes
computacionais que ajudarão a executar tarefas cotidianas ou mais
complexas a partir da análise de dados compartilhados por usuários de
tecnologias vestíveis ou, quem sabe, utilizando microchips implantados
sob a pele.

Munido de Google Glass, Apple Watch, pulseiras e implantes de
sensores miniaturizados (quem sabe até mesmo olhos e membros biônicos), o
corpo passará a ser um centro gerador de dados e ordens transmitidas
para outras coisas que, integradas em cloud, farão os objetos
automatizar tarefas que nem mesmo perceberemos que estamos realizando.
Um diabético receberá uma dose de insulina aplicada por um pequeno
objeto quando a taxa de açúcar chegar em níveis de risco. Uma criança
que se perder no parque de diversões poderá ser facilmente localizada
porque o tênis que usa é monitorado via satélite.

Se uma pessoa estiver na iminência de sofrer um ataque cardíaco, o
relógio inteligente irá enviar um alerta ao plano de saúde, que acionará
uma ambulância equipada para receber dados sobre as condições de saúde
do paciente enquanto o médico está a caminho do local do socorro. A
cafeteira começará a funcionar assim que um sensor costurado ao pijama
informar que você já levantou da cama. Um deficiente físico poderá
voltar a caminhar a partir de estímulos recebidos de eletrodos
implantados pelo corpo.

Não tenha dúvida, caro leitor, que tem muito empreendedor por aí
pensando e colocando na prancheta alguma engenhoca que nunca habitou
nossa mais fértil imaginação, mas que depois de ser inventada se tornará
tão essencial quanto ligar seu smartphone e acessar a rede Wi-fi mais
próxima para ir virtualmente ao banco (com que frequência vai na agência
hoje?), fazer uma compra (perder tempo na fila do caixa não faz mais o
menor sentido, não é mesmo?), chamar um carro (para que ligar para o
ponto de táxi?) ou encontrar o melhor caminho na volta para casa (quem
aí ainda carrega aquele grosso Guia de Ruas no porta-luvas?).

E então? Já pensou qual será o próximo killer product na Internet das
Coisas que vai conectar o corpo a redes em nuvem? Quem entrar de corpo
(e alma) neste negócio irá fazer história. Steve Jobs inventou o iPhone e
encantou uma legião de fãs. Mas sua criação certamente se tornará um
brinquedo de criança perto do que ainda iremos vestir e implantar no
corpo humano. Está pronto para assumir o papel de Steve Austin?

 

 

(*) Omarson Costa é formado em Marketing, tem MBA e especialização em Direito em Telecomunicações

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