Empresas se preparam para desafiar o domínio da SpaceX

De startups a gigantes da indústria aeroespacial, concorrentes aceleram o desenvolvimento de foguetes para disputar contratos com NASA e Pentágono

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3:35 pm - 04 de abril de 2025
Fonte: Shutterstock

A SpaceX se tornou praticamente sinônimo de lançamentos espaciais nos Estados Unidos. Em 2024, a empresa de Elon Musk foi responsável por 87% dos lançamentos orbitais do país, segundo análise da SpaceNews. Com contratos da NASA, do Pentágono e de clientes comerciais, além do sucesso de foguetes como o Falcon 9 e do programa Starship, a companhia construiu um monopólio no setor.

Agora, no entanto, uma nova geração de concorrentes está ganhando tração. Startups, empresas tradicionais da indústria e até novas agências internacionais avançam com tecnologias que podem finalmente disputar espaço (literalmente) com a SpaceX, conforme mostrou reportagem de Ramin Skibba para a MIT Technology Review.

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Concorrência ganha impulso

Empresas como Rocket Lab, Blue Origin, Firefly Aerospace, Relativity Space e Stoke Space estão entre as principais rivais emergentes. A Rocket Lab, por exemplo, planeja o voo inaugural de seu foguete Neutron ainda em 2025, concorrente direto ao Falcon 9. Já a Blue Origin, de Jeff Bezos, finalmente colocou em órbita seu foguete pesado New Glenn, que pode disputar missões com o Starship.

A United Launch Alliance, joint venture entre Boeing e Lockheed Martin, também vem ganhando espaço com o Vulcan Centaur, que já conta com mais de 80 missões programadas, incluindo lançamentos para a Space Force e a constelação de satélites da Amazon, o Kuiper.

Outros nomes em ascensão incluem a Firefly, que lançou com sucesso um módulo lunar e já tem contratos com a NASA e a Space Force, além da Relativity Space, que está desenvolvendo o Terran R, com peças fabricadas por impressão 3D. Também está no páreo Stoke Space, apoiada por Bill Gates, que trabalha no foguete reutilizável Nova.

Domínio construído com riscos, contratos públicos e integração vertical

O sucesso da SpaceX não vem sem desafios. A empresa enfrentou três falhas consecutivas no início dos anos 2000, mas foi sustentada pelo apoio financeiro de Musk e por uma série de contratos governamentais, que foram essenciais para sua sobrevivência e crescimento.

Além disso, a SpaceX se destacou por adotar uma postura de integração vertical total, fabricando praticamente todos os componentes de seus foguetes internamente, o que permitiu reduzir custos drasticamente, fator decisivo na conquista de contratos de lançamento.

“Eles aceitaram o risco e falharam publicamente, algo que outros no setor evitavam”, diz o engenheiro aeroespacial Chris Combs, da Universidade do Texas.

Fator político e favoritismo de Musk

Apesar da ascensão dos concorrentes, a SpaceX segue fortalecida por alianças políticas estratégicas, especialmente com a administração Trump. Musk tem aliados em órgãos reguladores, e há especulações de que Jared Isaacman, bilionário e cliente frequente da SpaceX, pode assumir a NASA no governo, o que poderia direcionar ainda mais contratos à empresa.

Em paralelo, a SpaceX estaria prestes a conquistar um megacontrato da FAA, antes nas mãos da Verizon, por meio do projeto Starlink. E embora a empresa enfrente críticas por problemas ambientais, segurança e até práticas trabalhistas, a fiscalização tem sido branda ou politicamente enfraquecida.

Concorrência cresce, mas domínio persiste

Apesar dos avanços de empresas como Rocket Lab, Firefly e Blue Origin, analistas apontam que a liderança da SpaceX ainda é difícil de ser superada. O histórico de lançamentos confiáveis, o custo reduzido por quilo em órbita e o ritmo agressivo de testes e iteração tecnológica colocam a empresa anos à frente.

“É bom para o setor ter mais concorrentes, mas ainda será difícil competir com a SpaceX em preço”, afirma Combs. Ao mesmo tempo, a crescente demanda por lançamentos — impulsionada por satélites comerciais, missões científicas e constelações privadas — cria espaço para mais players e reduz o risco de gargalos caso uma empresa enfrente falhas.

Enquanto isso, fora dos EUA, Europa e China também correm atrás. A europeia Ariane 6 finalmente decolou em 2024, e diversas empresas apoiadas pela ESA trabalham para expandir a capacidade de lançamentos no continente. Já a China aposta em nomes como Tianlong-3 e Yueqian, que devem oferecer sistemas reutilizáveis inspirados nos da SpaceX, e com potencial de preços ainda mais baixos.

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Redação

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