Verdadeiro potencial dos robôs humanoides está na questão da interface

Tecnologia é uma das principais apostas do mercado para os próximos anos

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10:00 am - 25 de março de 2025
Tarefas que exigem criatividade, empatia, crítica e julgamento moral são difíceis de automatizar (Imagem: Freepik/Creative Commons)

Há décadas existem empresas e instituições de pesquisa buscando meios de produzir robôs humanoides cada vez melhores, e já evoluímos muito em comparação com a época em que os primeiros robôs humanoides foram desenvolvidos e davam, literalmente, seus primeiros passos. Atualmente, os avanços nesse campo tecnológico se ampliaram muito, com diversas organizações desenvolvendo diferentes robôs capazes de fazer inúmeros tipos de atividade com grande destreza e precisão, sendo cada vez mais sofisticados.

A atenção aos detalhes e a complexidade de movimentos são muito superiores ao que se imaginava anos atrás, possibilitando que existam robôs como o Valkyrie, projetado para aguentar as condições extremas do espaço, ou o Atlas, capaz de movimentos ágeis impressionantes, ou mesmo a Sophia, capaz de reconhecer emoções e manter conversas complexas.

Não é por acaso que o estudo Goldman Sachs Research previu que esse mercado atingirá US$ 38 bilhões até 2035, um valor muito acima das previsões anteriores. Isso indica que há muito interesse, vindo de diversas fontes, em investir nessa área e o mais interessante é analisar o porquê disso.

Muitos podem argumentar que robôs humanoides estão muito mais próximos da esfera do “porque eu posso” do que da do “porque é útil”, já que existem muitas automações realizadas com robôs especializados e, atualmente, até com a própria IA generativa. Contudo, a verdade é que esses robôs ainda têm grande potencial de aplicação, principalmente pela questão da interface com o mundo real. Por exemplo, quando desenvolvemos uma fábrica com uma linha de montagem que considera inúmeros tipos de robôs, tudo naquela linha de produção é pensado para abraçar o uso daquele robô, ou o robô é feito pensando na linha de produção, mas demandando diversas adequações.

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Isso é comum, mas é custoso, especializado, delimitado à própria função. A questão central aqui é a interação entre máquina e mundo: ou adaptamos a interface para entender a máquina, ou criamos um mundo que se ajuste a ela. O diferencial dos robôs humanoides é que o mundo já foi desenvolvido para humanos. Toda infraestrutura ao nosso redor – desde prédios, móveis e ferramentas – foi projetada para o nosso corpo, nossos movimentos e nossa forma de interação. Quando falamos de seres humanos, temos séculos e mais séculos de interfaces adaptadas ao uso humano. O mundo foi “construído” ou se desenvolveu com interfaces pensadas na dinâmica de movimento do ser humano, considerando nosso tamanho, tipo de corpo etc.

Já quando pensamos em um robô humanoide, nosso desejo primário é que ele não necessite de tantas adaptações de interface, permitindo que ele atue de maneira mais natural em qualquer ambiente humano. Isso poupa dinheiro, permite maior liberdade e amplia as possibilidades. Não faria sentido modificar toda a infraestrutura de uma casa apenas para que um robô pudesse lavar a louça; porém, um robô humanoide poderia simplesmente utilizar a pia e os utensílios já existentes, como um ser humano faria.

Isso amplia demais o leque de possibilidades de uso dos robôs. Queremos que eles realizem movimentos finos, que entendam diferenças de pressão e textura no toque e que possam suportar coisas que os humanos não suportam, afinal sua função principal é ajudar o ser humano em qualquer tipo de atividade.

Além disso, o aumento da previsão de investimentos nessa tecnologia tem um ponto de diálogo com a chegada da IA generativa, já que graças a ela o aprendizado dos robôs e suas funções podem se tornar muito mais dinâmicos e acelerados. A coleta de informações pode partir de movimento, pressão etc. A IA generativa integrada ao robô daria braços e pernas a assistentes pessoais.

Como já sabem, as aplicações são infinitas. Este é um momento em que essa tecnologia tem espaço para ganhar mais e mais relevância. Estamos começando uma época de novos olhares e atenção à essa tecnologia. Ela já é revolucionária, mas as combinações com IA generativa tem potencial de mudar o jogo e avançar ainda mais esse campo em um curto período. É importante estar atento.

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