Faremos a maior transmissão da história dos Jogos Olímpicos, afirma presidente da América Móvil

Há menos de 40 dias da abertura oficial dos Jogos Olímpicos Rio 2016, a América Móvil apresentou planos ambiciosos para a transmissão do evento. “Faremos a maior transmissão da história dos Jogos Olímpicos”, afirmou José Felix, presidente do grupo que, no Brasil, opera pelas marcas NET, Claro e Embratel, em apresentação na manhã desta quarta-feira (29/6), em São Paulo, durante a ABTA, congresso referência no mercado de TV por assinatura, banda larga e mídia da América Latina.
A empresa, que é patrocinadora oficial do evento, preparou uma infraestrutura não apenas para transmissão ao vivo, mas também de acesso posterior, on demand – especialmente pelo seu serviço Now, que completa cinco anos em 2016, com 1,3 bilhão de programas assistidos. Para o serviço, o grupo anunciou a ampliação do acesso a clientes da Claro HDTV, que passam a assistir conteúdos disponíveis por meio de computadores, tablets e smartphones.
Para atender à demanda estimada em 5 bilhões de pessoas, o grupo irá aproveitar toda a infraestrutura instalada no País, que conta com 181 mil quilômetros de cabos ópticos, 17 mil quilômetros de cabos submarinos, 17 mil ERBs (estações rádio base de telefonia móvel) e oito satélites em órbita, bem como cinco data centers. A base de telecomunicações contará com o que eles chamam de backbone olímpico, ou 370 quilômetros de fibra óptica (ou o equivalente a 3 mil Maracanãs de fibra), triplamente redundante para garantir alta disponibilidade para transmissão dos jogos.
De acordo com Márcio Carvalho, diretor de marketing da América Móvil no Brasil para mercado residencial, a operadora disponibilizará 25 canais HD dedicados à transmissão dos jogos – entre eles SporTV, ESPN, Fox Sports e Band Sports, além das emissoras de TV aberta. “A experiência será multitelas. Há alguns anos, não tínhamos 4G, participação revelante de Wi-Fi. Hoje, pessoas terão conexão dentro e fora de casa e também nas arenas”, conta o executivo.
Carvalho também confirmou que a companhia preparou transmissão experimental 4K para a abertura dos jogos, tanto para clientes Claro quanto assinantes da NET. A transmissão será nacional e estará disponível para clientes com decodificadores e aparelhos de TV compatíveis com a tecnologia.
Desafios do setor
Felix afirmou em sua apresentação que o segmento de TV por assinatura “vive um momento de redefinição”, com aumento da alíquota de ICMS e assimetrias regulatórias, bem como a concorrência natural do mercado, que causou retração na base de registros nos primeiros meses do ano.
Apesar disso, o executivo é otimista quanto ao cenário. “Prova disso, é o ganho de audiência e aumento no ticket médio. No primeiro trimestre do ano, canais de TV por assinatura registrou a maior audiência da história, conectando mais de 2 milhões [de assinantes] por minuto, mais do que o dobro no período de três anos”, observa, complementando que a empresa continuará investindo no País, apesar dos desafios, com base nos pilares crescimento, inovação e qualidade. “Buscamos atender a todos os mercados e regiões com foco no cliente, para que ele tenha sempre a melhor oferta de produtos e experiências gigantes.”
Quando questionado sobre a situação da operadora Oi no País, que luta para reduzir dívidas nos últimos anos, Felix é taxativo. “O negócio de telecom e o que está acontecendo com essa empresa passa por uma crise e tem gerado perda de atratividade”, afirma.
“Hoje, alguns estados estão passando por dificuldades econômicas e aumentaram os impostos e o que já era alto ficou astronômico”, observa. Ele explica que estados cobram 60% ou mais de tudo o que se paga em telecom, ou seja, de cada R$ 100, R$ 60 são impostos. “Isso não existe em nenhum lugar do mundo e vai contra tudo o que a política do governo diz sobre a questão da inclusão digital, da universalização dos serviços de telecom”, afirma.
Para ele, essa é uma disfunção que deve ser tratada, e é algo que torna o setor algo com baixa atratividade – considerando ainda que apenas 6% de todo o montante gerado pelo segmento é que vai para o acionista. “Vejo [hoje] mais 'saintes' do que entrantes. Quem tem dinheiro para investir não quer rasgá-lo, quer investir em negócios que sejam atrativos e tenham retorno e, infelizmente, não é o que se está vendo por aqui”, completa.
Com relação a concorrentes como Netflix, Felix não os vê como ameaça. “Respeitamos toda concorrência, mas temos de lembrar que temos a maior plataforma da América Latina de vídeo on demand com programação mais nova que o concorrente citado [Netflix]. Também operamos nesse segmento e, pessoalmente, desconheço a metodologia usada [pela outra empresa], mas posso dizer que não consideramos uma eventual evasão [da base] de TV por assinatura em função desse tipo de serviço”, afirma, complementando que serviços de streaming de vídeo são vistos pela empresa como complementares às ofertas da operadora.
“Não podemos comparar televisão por assinatura, que tem centenas de canais lineares, muitos deles com transmissão ao vivo, que o outro serviço não possui. Sem contar lançamentos de cinema que estão disponíveis em nosso serviço que o concorrente não tem”, alfineta. “Temos os maiores estúdios conosco e não vemos isso como justificativa de eventual perda de assinantes.