Cloud irá dominar processos inovadores, diz presidente Red Hat Brasil

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11:06 am - 13 de julho de 2015
A busca por eficiência operacional e baixo custo, faz com que empresas verifiquem alternativas para aplicar na TI. Novos modelos de atuação são criados e, com eles, novos recursos. A computação em nuvem surgiu no meio desse cenário, trazendo mais segurança, flexibilidade e agilidade – e tornou-se um caminho sem volta. 

Para o presidente da Red Hat Brasil, Gilson Magalhães, ela irá “dominar praticamente todos os movimentos de processos inovadores”, disse ele em entrevista exclusiva ao IT Forum 365. De acordo com o executivo, essa é a maior aposta para esse ano, que já se provou ser promissora para a companhia do chapéu vermelho. 

A empresa encerrou o primeiro trimestre fiscal com lucro líquido de US$ 48 milhões – montante 27% acima dos US$ 37,7 milhões registrados no mesmo período do ano anterior – e receita total de US$ 481 milhões. E parte desse crescimento foi reflexo da demanda pela sua tecnologia de nuvem híbrida. 

Além de apostar no cloud, Magalhães também contou sobre sua empreitada de dois anos à frente da operação nacional da Red Hat e sobre expectativas para o futuro. A entrevista você confere a seguir.

IT Fórum 365 – Há dois anos você assumiu a operação brasileira da Red Hat. Como foi a evolução da sua estratégia com base no open source?

Gilson Magalhães – A primeira coisa que fiz foi dar continuidade ao planejamento ao antecessor [Paulo Bonucci, que foi promovido a vice-presidente para a América Latina] e consolidá-la. A empresa também cresceu e ganhou sofisticação e abrangência de oferta e especialmente transformação dos negócios. Então, precisávamos de uma equipe que entendesse o cliente e fizesse a ponte entre a nossa oferta tecnológica e as demandas do mercado para poder ajudá-los a transformarem seus negócios e se tornarem mais competitivo. Para isso, melhoramos a maturidade do time, trazendo gente com bastante experiência de mercado.

Em segundo lugar, realizei mudanças internas operacionais. Estabelecemos uma disciplina mais apropriada, estruturada, para o momento da empresa que requer da Red Hat maior capacidade de cobrir geograficamente e as indústrias interessadas nos nossos produtos – especialmente no Brasil, que é um País enorme, cheio de capilaridade. 

Também revitalizamos o ecossistema de parceiros, profissionais seniores para posições-chave a fim de atrair novas empresas que consigam contribuir para o avanço tecnológico no Brasil. Por fim, nos reposicionamos como uma empresa multiprodutos.

ITF365 – Recentemente, você comentou que a demanda por tecnologias de infraestrutura vai continuar aquecida, apesar da instabilidade econômica do País. Por que você acredita nisso?
Magalhães – A TI tem uma dinâmica própria. A escala, a necessidade de atender a uma nova geração e as expectativas de consumidores cada vez mais conectados impõe às empresas um posicionamento para uso diferenciado de insumos de tecnologia, independentemente da própria dinâmica da economia local. Se as empresas não se preparam para isso, tendem a ficar de fora da competição global. Isso porque, não paramos de transformar a forma como nos relacionamos com as organizações. Cada vez mais, as empresas se relacionam a partir de meios eletrônicos. É muito mais fácil conseguir atingir um cliente de alguma forma por esse meio. Então correr atrás disso significa, de alguma forma, se manter investindo na TI. E é por esse motivo que o segmento segue crescendo e deve seguir crescendo independentemente dos números da economia.

ITF365 – Como a Red Hat pretende atuar nesse cenário?
Magalhães  – Antes não existia essa necessidade de ser rápido e, ao mesmo tempo, eficaz. Então, as empresas podiam amadurecer processos e lançar produtos com um tempo que hoje não existe mais. Agora, é preciso fazer aplicações o mais rápido possível, consertar falhas em um curto espaço de tempo, não existe mais testes longuíssimos. A forma como desenvolvemos mudou e a Red Hat tem a resposta para essa nova demanda de como criar e implementar de forma ágil e contundente, dentro da expectativa dos consumidores, em menor tempo e com a maior eficiência possível. Reaproveitamos códigos, garantimos que o cliente consiga se aproximar do negócio por meio de um facilitador tecnológico.

ITF365 – Quais as expectativas para a empresa neste ano? Onde irão investir mais?
Magalhães  Estamos apostando em plataformas de tecnologia baseadas em cloud. Entendemos que a nuvem veio para ficar e que as empresas querem usar insumos de informática como serviço, para ter disponibilização rápida do ecossistema, provisionamento imediato sem que seja necessária uma análise sofisticada de ambiente para começar a produzir. Além disso, apostamos que o desenvolvimento precisa seguir os modelos novos de DevOps, por exemplo, que permite reduzir tempo de elaboração do conceito de aplicação e a sua produção e isso se obtém com as novas tecnologias que oferecemos no mercado, e que são disponibilizadas para instaladas tanto on premise quanto na nuvem como serviço. A aposta maior é de que a nuvem irá dominar praticamente todos os movimentos de processos inovadores.

ITF365 – No ano passado, em uma versão do Summit realizada em São Paulo, o CEO Jim Whitehurst afirmou que o OpenStack era a próxima área mais importante do open source para vocês. Como essa visão está hoje, vocês evoluíram como esperavam? O que foi e o que falta ser feito na sua opinião?
Magalhães  – O OpenStack é o nosso IaaS, mas, durante os últimos meses, as camadas de cima evoluíram e começaram a chamar atenção, como o OpenShift. Se o OpenStack for adotado pela empresa, provavelmente ele irá puxar o restante do portfólio, mas existe aquelas companhias que adotam o OpenShift em primeiro lugar, por exemplo. Ainda assim, permanecemos com a estratégia forte de crescimento global do OpenStack, porque ele é a base da nossa estratégia de cloud – é a partir dele que tudo é construído. 

ITF365 – Como vocês irão se posicionar na estratégia de internet das coisas?
Magalhães – Estamos preparados para o que o mundo já começou a apresentar como demanda de internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) e temos como produzir um ambiente propício para isso. O IoT é mais um dos itens que faz com que a escala de TI alcance níveis jamais experimentados, como comentou Jim [Whitehurst, CEO] durante o keynote: uma turbina de um boeing produz meio terá de dados por voo. A avalanche de dados que é produzida com o IoT é riquíssima, mas enorme, e o mundo ainda não sabe como lidar com isso, como explorar. O que a Red Hat já tem é a infraestrutura para suportar tudo isso.

É indispensável para as empresas que estão de olho no IoT investir em conceitos que nós já estamos trabalhando, como containers, que são uma alternativa tecnológica para fazer frente e garantir que se consiga atender a essa escala. Se as empresas dependerem de outras tecnologias como virtualização, talvez não tenham uma base que atenda essa demanda. Você precisa de algo evoluindo no mesmo passo e o container é uma ótima resposta pra esse tipo de demanda e expectativa.

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