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7 segredos da Salesforce para conquistar e reter os melhores talentos

Com mais de 35 mil funcionários globalmente, segundo dados da Forbes, a Salesforce é reconhecida como uma das melhores empresas para se trabalhar no mundo. Na lista da Fortune deste ano, feita em parceria com a GPTW (Great Place To Work), a companhia figura na segunda posição. Situação semelhante se reflete em outros rankings regionais.

Mas o que faz da empresa líder em CRM, que completou 20 anos, um lugar tão atraente para se estar? “Eu tenho o melhor emprego do mundo”, resume sorridente Ana Recio, vice-presidente de recrutamento global da Salesforce, em entrevista à CIO Brasil. “Eu tenho o papel de mudar a vida das pessoas”, complementa.

Ana passou pela EMC e Yahoo! em suas divisões de aquisição de talentos até chegar à Salesforce há cerca de sete anos. Grande parte de seu trabalho é reforçar uma cultura que respeite, atraia e retenha as pessoas, afinal empresas de todas as indústrias têm disputado como podem os talentos com habilidades digitais.

Nesse contexto, Ana dá os créditos para os fundadores da Salesforce, o CTO Parker Harris e o co-CEO Marc Benioff, por definirem os valores da companhia desde o seu início. Confiança, inovação, equalidade e customer sucess, diz recorrentemente Benioff, são os pilares da Salesforce.

“O guia de toda a nossa companhia é baseado em nossos valores. É a fundação de como contratamos, como retemos talentos e, como resultado, é um imã para as pessoas. Millennials e a Geração Z, eles querem trabalhar para uma empresa orientada por valores que eles se identificam e onde eles se sentem confiantes de que estão fazendo o melhor”, argumenta Ana. “Nós não estamos só colocando isso [valores] na parede e falando, nós vivemos isso. E nós nos mantemos responsáveis por isso”.

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Mas entrevistar talentos e contratá-los é uma missão que carrega complexidade e exige uma boa dose de sensibilidade. Lida-se, claro, com as expectativas de pessoas. Segundo Ana, só neste ano, a Salesforce entrevistou pessoalmente 70 mil candidatos no mundo todo. “A maioria não vai conseguir entrar, mas ainda assim os candidatos terão uma boa experiência, porque teremos uma conversa com eles e damos retorno para todos. Temos que ter certeza de que nosso processo de recrutamento é inclusivo e estamos tratando as pessoas com respeito e uma vez que elas são contratadas, elas se sintam que pertencem a aqui”, destaca.

A seguir, Ana detalha como a Salesforce contrata, cultiva e retém os melhores talentos na companhia.

1. Crie o ambiente de trabalho (e a empresa) onde as pessoas se sintam bem

Para Ana, líderes e empresas não podem barganhar com seus valores. Para criar, o que Ana define como uma “cultura fenomenal”, é preciso, antes de tudo, que líderes sejam defensores dessa cultura. “Marc e Parker dominam isso. Eles são abertos ao feedback e pedem constantemente para isso. Como resultado, os funcionários sentem que são ouvidos”, destaca.

A Salesforce é também reconhecida por ser uma organização que promove a diversidade na força de trabalho e engaja funcionários para despertar consciência para temas de comunidades LBGTQ+ e minorias. Há ainda um senso de filantropia que se estende a todos os funcionários, em um modelo conhecido como 1:1:1, que se resume em 1% da receita, 1% do seus produtos e, 1% do tempo dos funcionários dedicados para trabalhos voluntários.

Esse modelo, segundo a Salesforce, gerou mais de US$ 280 milhões, 3,8 milhões de horas de voluntariado e tecnologia para mais de 40 mil organizações sem fins lucrativos e instituições educacionais ao redor do mundo.

2. Crie um senso de propósito

Uma cultura bem definida contribui para criar um senso de propósito e pertencimento dos funcionários na organização. “As pessoas querem sentir que estão contribuindo”, diz Ana. “Também descobrimos que, particularmente, quando recrutamos Millennials e talentos da Geração Z que eles querem ter a oportunidade de devolver à comunidade e querem fazer nos termos deles. Eles não querem vir ao escritório, das 9 às 17h, eles querem flexibilidade e querem flexibilidade para serem os melhores e colaborarem, mas querem fazer isso nos termos deles, seja profissionalmente falando ou pessoalmente”, explica.

3. Cultura também requer método

Falar sobre cultura empresarial pode ser um prato cheio para a abstração. Ana reforça a importância de “rastrear” os valores – e objetivos – que são concretizados em ações dentro da companhia. No caso da Salesforce, a organização adota com uma metodologia conhecida como V2MOM, um acrônimo para Visão, Valores, Métodos, Obstáculos e Medidas. Ana explica que todos os funcionários da Salesforce possuem seu próprio V2MOM. Trata-se uma espécie de guia que Benioff criou a partir de um processo que ele aprendeu na Oracle (onde trabalhou antes de fundar a Salesforce). A performance dos colaboradores, inclusive, é medida pelo V2MOM. Explicamos melhor a seguir:

Em resumo, você, enquanto funcionário da Salesforce, precisará responder as seguintes perguntas e se orientar para concretizar as respostas.

  • Visão: o que você quer fazer?
  • Valores: o que é mais importante sobre essa visão?
  • Métodos: como você conseguirá fazer o trabalho proposto?
  • Obstáculos: quais desafios, problemas e questões podem ficar no seu caminho?
  • Medidas: como você saberá que você teve sucesso?

4. Para engajar, torne as conquistas públicas

Para a Salesforce, é importante que todo funcionário tenha escrito seu V2MOM, porque é por meio dele que a companhia consegue medir resultados e engajar funcionários. “Cada pessoa da companhia tem um V2MOM que é público e como resultado temos um alinhamento incrível”, explica Ana.

“As pessoas querem saber como elas estão contribuindo no final do dia, querem saber se o trabalho delas é importante. E com o V2MOM, você consegue ver exatamente isso e, como resultado, eu acredito que as pessoas sentem que estão tendo um grande impacto, porque elas estão. Elas não ficam perdidas e elas se sentem muito conectadas com a missão da companhia e como resultados temos um acelerador. É o que permite que a gente evolua rapidamente”, explica Ana.

5. Para levantar a bandeira da equidade, faça uma revisão dos salários

Ana reforça a importância das organizações buscarem a equidade salarial. Segundo a executiva, a Salesforce dedicou US$ 10 milhões para eliminar deltas nos salários entre colaboradores com as aquisições de outras companhias que fez nos últimos anos, herdando também talentos. “Quando você trabalha para uma companhia que está constantemente sendo auditada e tem-se a certeza de que se paga justamente, isso dá muita confiança. Você se sente muito bem sobre o trabalho que está fazendo”, pontua.

6. Apoie-se na tecnologia, mas não faça dela o item principal da contratação

Ana diz que a Salesforce recebeu neste ano uma média de 1 milhão de currículos globalmente. Lidar com esse volume de documentos não é uma tarefa, convenhamos, muito indicada para olhos humanos. Aqui entra a tecnologia. A executiva explica que a Salesforce conta com um software proprietário que, com uso de analytics consegue, segundo Ana, eliminar vieses inconscientes na contratação. Dessa investigação, a Salesforce obteve denominadores comuns e definiu perguntas para orientar o processo seletivo. O mesmo método se reflete na contratação de todos os talentos.

“Para nós, tem sido uma forma incrível de mitigar os vieses inconscientes. Porque antes, o viés podia ser ter que ter uma experiência corporativa em software, ou ir a certas universidades ou ser referenciado por algumas pessoas. E o que temos descoberto é que, usando o nosso programa, as minorias subrepresentadas e mulheres estão entrando em nosso processo de recrutamento 2% mais rápido do que seus pares dominantes”.

7. Para um RH ser estratégico, é preciso olhar para dados

“Para mim, tudo diz respeito a dados”, atesta Ana. Para a executiva, não há melhor forma de convencer funcionários e o conselho das companhias do que apresentando conclusões baseadas em dados. “Todos os CEOs do mundo amam ver dados. E eles querem entender o porquê das coisas”, salienta. Um dos exemplos que ela utiliza é o fator de “convencimento” para empresas buscarem equipes mais diversas.

“Nós sabemos empiricamente que as companhias que são diversas terão 50% de retorno sobre a receita. Isso se tornou um diferenciador em como elas competem”, diz Ana.

Na visão da executiva, dados também devem ser o catalisador das tomadas de decisão do RH para a área ser mais estratégica nas companhias.

“Em tudo que fazemos, fazemos análises, estudamos e depois voltamos com recomendações. Isso é muito importante e seria a minha principal sugestão para qualquer pessoa que queira influenciar seja no nível executivo ou até mesmo entre seus colegas, criar propostas baseado em fatos”, aconselha.

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