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5G: uma realidade distante?

Para muitas regiões do mundo e localidades no Brasil, a implementação e a adoção da tecnologia 4G acontecem a passos lentos. Para se ter uma ideia, segundo dados da Teleco, o País terminou agosto com 138,8 milhões de acessos banda larga móvel, sendo 128,0 milhões com aparelhos 3G e 4,2 milhões via 4G. A América Latina conta com apenas 1,7% dos acessos por 4G. Estados Unidos e Canadá lideram com 45,4%, de acordo com a 4G Américas.
Difícil imaginar a chegada da evolução dessas redes, o 5G, em um futuro próximo. Mas, se a promessa da indústria for cumprida, a tecnologia deve estar disponível para uso até 2020, promovendo mais velocidade de acesso, de cerca de 10 Gbps, baixa latência e melhor desempenho em áreas com alta densidade populacional.
O Ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, tem uma visão otimista sobre o uso comercial da próxima geração de rede que em breve estará disponível. Ele acredita que nos próximos seis anos o País contará com 5G, garantindo velocidade de acesso de até 400 Mbps nos aparelhos móveis. “É evidente que, para isso, é preciso ter um espectro para as empresas”, disse durante a Futurecom, em São Paulo, no mês de outubro.
Embora o padrão ainda não tenha sido definido, o 5G evoluiu a partir de uma visão de tecnologia para representar um planejamento de rede de negócios para as operadoras. De fato, elas precisam estar preparadas, segundo ele. “Se é verdade que em 2020 vamos ter 5G disponível no mundo, temos de nos preparar agora. O 3G demorou sete anos para chegar aqui e o 4G em torno de dois anos e meio.”
Já Samuel Rodrigues, analista de telecomunicações da consultoria IDC Brasil, acredita que falar em 5G agora ainda é prematuro, já que o mercado ainda capitaliza o que foi feito em 3G e 4G. “Claro que é vital as teles terem uma estratégia, mas é cedo para pensar no modelo nos próximos meses ou anos. Pode ser que o 5G comece com uma operação de nicho, mas sua popularização ainda demora”, acredita.
Diversas companhias, entre fabricantes e operadoras, estão investindo forte em pesquisas de 5G. Quem está estudando o tema é a Telefônica Vivo. Antonio Carlos Valente, presidente da operadora, lembra que o movimento do 5G começou na Ásia e a Europa, em seguida, enxergou uma oportunidade no cenário. O Brasil está em fase de avaliação, até porque, diz, quando pensamos em 4G a quantidade de clientes ainda é pequena.
“Estamos em estágio preliminar de definição e insights do que estará por trás”, diz. Mas, de acordo com ele, a expectativa é de que o Brasil acompanhe os demais países e disponibilize a tecnologia na primeira metade dos anos 2020.
Não há dúvidas de que o momento atual é de definição de tecnologia, funcionalidades e ecossistema, relata Jesper Rhode, diretor de Marketing na Ericsson para América Latina. A discussão em torno do tema e a preparação acontecem agora porque, diferentemente das redes 2G, 3G e 4G, o 5G é a primeira geração de rede que estará pronta para a internet das coisas.
A Ericsson prevê que até 2020 haverá 50 bilhões de dispositivos conectados, dos quais 15 bilhões terão capacidade de vídeo. “E a tecnologia 5G fará conexão entre carros, por exemplo, e por essa razão não pode apresentar latência. A comunicação tem de ser instantânea e o 5G já estará em linha com essa demanda”, pontua Rhode. Em razão disso, a tecnologia vai usar outras faixas de frequência, que devem ser mais altas do que as atuais.
Segundo o executivo, embora a faixa 2.5Ghz/2.6GHz usada pelo 4G tenha bastante capacidade, ela tem baixo alcance, por isso o 3G é mais utilizado em cidades distantes dos centros urbanos. Com o leilão da faixa de 700 MHz, haverá mais capacidade e o 4G poderá ser utilizado, daqui cerca de dois anos, amplamente por usuários de localidades do interior.
Para acelerar o passo e tornar o 5G uma realidade, a indústria tem feito sua parte. A Ericsson, por exemplo, desenvolve pesquisas na área de redes nos últimos 15 anos, acumulando investimento da ordem de US$ 900 milhões. A empresa, em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC), está trabalhando em projetos em 5G desde 2012. Segundo ele, há cerca de 120 projetos de desenvolvimento no Brasil e vários deles estão em execução na UFC.
Os principais pontos das pesquisas desenvolvidas serão as novas faixas de espectro (chamadas “ondas milimétricas”, acima de 10 GHz e até 60 GHz ou mais), sistemas com alta densidade de antenas, gerenciamento de interferências, comunicação entre dispositivos, utilização de small cells dentro do conceito de Redes Heterogêneas.
O executivo lembra que a Ericsson trabalha com oito universidades para aumentar a transmissão e a velocidade de banda larga móvel e já realizou testes de velocidade para garantir seu desempenho. Em julho deste ano, na Suécia, uma demonstração ao vivo e over-the-air da tecnologia 5G pré-padrão da Ericsson atingiu entrega de 5Gbps em espectro de 15 GHz.
A Huawei também estabeleceu alianças com universidades para acelerar testes e desenvolvimento do 5G. Recentemente, a empresa chinesa prometeu desembolsar 5 milhões de libras para pesquisas 5G com a Universidade de Surrey, no Reino Unido, em uma tentativa de ajudar a entidade a testar a próxima geração de rede para transferência de dados.
Ainda que o 5G precise de uma definição técnica, a Huawei disse que as tecnologias testadas são capazes de fornecer entre 1 e 10 gigabits por segundo. Para efeito de comparação, o produto de telefonia fixa Google Fiber oferece velocidades de cerca de 1 Gbit por segundo, de modo que o 5G poderia oferecer velocidades teóricas dez vezes mais rápidas.
Outra iniciativa da companhia, que vai direcionar US$ 600 milhões com pesquisas em banda larga móvel em todo o mundo até 2018, foi o estabelecimento de um acordo com a operadora de telefonia móvel russa MegaFon para desenvolver e implantar redes de testes 5G para a Copa do Mundo de 2018, que acontecerá na Rússia.
O acordo entre as organizações está focado na padronização de tecnologia 5G, determinando requisitos para construir uma rede adequada para o torneio de futebol. Projetos-piloto devem ser concluídos até o final de junho de 2017.
Recentemente, a fornecedora chinesa ZTE apontou que acredita em uma rede pré-5G, que estaria disponível muito antes do 5G e entregaria experiência semelhante. “Isso seria possível utilizando algumas tecnologias-chave do 5G, embora ainda usando terminais de usuários em 4G. A ideia é poder aplicar essas soluções adaptáveis enquanto a padronização da nova geração de redes móveis não sai”, afirmou a companhia.
A ZTE aponta que entre as tecnologias que possibilitaram isso é a múltiplos inputs e outputs (MIMO), que pode ser utilizada sem modificar a interface aérea 4G legada, além de células virtuais para soluções de Cloud Radio em redes ultradensas (UDN), que resolveria o problema de interferências de células nas redes de quarta geração.

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