Formado em administração, Bruno Nissental iniciou sua carreira no mercado financeiro e, a partir de 2011, conheceu mais a fundo os programas de fidelidades ao se tornar analista de CRM na Multiplus. Dessa experiência nasceu a Oktoplus, em 2013, uma aposta visionária que permite gerenciar todos os programas de fidelidade e milhas aéreas em um único lugar.
Esses programas de fidelidade hoje são parte importante do negócio de muitas companhias e ferramentas essenciais para ampliar o relacionamento com o cliente e melhorar a experiência. Somente no primeiro semestre de 2018, as empresas de programas de fidelidade registraram um crescimento de 9,8% no faturamento, que alcançou R$ 3,2 bilhões.
É nesse cenário que a Oktoplus ganha impulso. Atualmente, a empresa gerencia mais de 15 bilhões de pontos que movimentam um total de R$1,3 milhões de programas de fidelidade conectados ao app.
Em entrevista à Computerworld Brasil, Bruno Nissental, CEO da startup catarinense que pode chegar ao crescimento de 150% em receita em 2019, analisa o mercado de fidelidade brasileiro e comenta como a Oktoplus inova ao longo dos anos para auxiliar as pessoas a aproveitarem melhor esses benefícios.
CW – O que mudou na visão da Oktoplus desde que foi fundada?
Bruno – Em 2013, nossa aposta era que o mercado de fidelidade brasileiro fosse crescer muito mais rápido do que efetivamente ocorreu nesses últimos sete anos. O que vimos foi o mercado de compra e venda de milhas crescer de forma exponencial e levar anos para que os programas de fidelidade mudassem suas regras para reprimir essa prática. As regras criadas recentemente inibiram os “milheiros” (pessoas que utilizam as milhas exclusivamente para gerar lucro financeiro na compra e venda), mas dificilmente inibirá a venda das milhas ou a compra de passagens com milhas de terceiros.
Além disso, houve um crescimento de empresas de cashback e o modelo tem se tornado uma estratégia para fidelização em cartões de crédito. Nossa visão continua fiel ao nosso propósito iniciado em 2013: queremos tornar mais simples e prazerosos a gestão e o uso dos programas de fidelidade. O que fizemos foi adaptar nossas soluções para as novas necessidades dos usuários, como, por exemplo, comparar os preços das empresas na hora de vender as milhas, mostrar ao usuário qual o melhor custo benefício entre comprar em dinheiro ou usando os pontos e milhas, facilitar trocas por produtos, alertar sobre as promoções de bônus de transferência e implementar um buscador de passagens sem uma data definida.
CW – Qual o maior desafio encontrado desde a criação da startup?
Bruno – Como qualquer startup B2C no Brasil, existe o desafio de gerar tração. É o “dilema do ovo e da galinha” – precisamos de dinheiro para levar nosso app para os usuários e precisamos de usuários para começar a gerar receita. Nosso maior desafio foi nos manter fiéis ao nosso propósito e gerar receita para manter o crescimento da empresa. Sempre soubemos quais soluções tínhamos que construir para deixar tudo mais simples para nossos clientes. O mais difícil foi encontrar um modelo de negócio que pudesse nos manter fiel a esse propósito.
CW – O resgate de pontos era algo dificultoso e pouco realizado até pouco tempo atrás. Como vocês ajudaram a transformar essa operação?
Bruno – Desde a sua criação, há sete anos, a Oktoplus tem desenvolvido soluções que nenhum outro player possui. Atualmente gerenciamos mais de 15 bilhões de pontos que movimentam um total de R$1,3 milhões de programas de fidelidade conectados ao app.
Um dessas inovações é, por exemplo, a comparação do preço de passagem em milhas ou dinheiro nos principais programas de fidelidade, companhias aéreas e cartões de crédito, o que só é possível em nosso app. Além disso, informamos com a “Dica Oktoplus” se vale a pena usar suas milhas ou comprar em dinheiro (baseado no valor médio de troca de cada programa). No app, nosso usuário compara, em tempo real, os preços das passagens com milhas, com o valor em reais nas companhias aérea e o valor em reais somado a milhas de terceiros. Além disso, ele consegue emitir a passagem dentro do próprio aplicativo.
Montamos também uma loja virtual com mais de 140 mil produtos que podem ser resgatados dos programas Multiplus, Smiles e Livelo. Entre as lojas estão Netshoes, Magazine Luiza, Pontofrio, Casas Bahia, Zattini, Fast Shop, Dafiti, Natura, dentre outras.
E criamos o primeiro marketplace para venda de milhas. Nele, os principais players do mercado (como Maxmilhas, Hotmilhas, Bankmilhas, ComproMilhas) informam o preço para comprar os pontos de nossos usuários. Então, o cliente pode escolher entre receber o valor antes ou depois do uso das milhas. Dessa maneira, a venda é concluída com segurança e praticidade pelo app Oktoplus.
CW – A crise fez com que muitas pessoas olhassem para os programas de fidelidade realmente como uma forma de economizar e até mesmo como um “cofrinho”. Como o negócio da Oktoplus é influenciado pelo setor econômico atual?
Bruno – As milhas são realmente uma forma de gerar economia. Nosso volume de emissões de passagens com milhas cresce mais de 20% ao mês. A venda das milhas tem se tornado um grande sucesso. Muitas pessoas preferem colocar esse dinheiro no bolso ao invés de trocar por passagem ou produtos. No nosso marketplace de venda de milhas, nossos usuários vendem mais de R$1,5 milhão mensalmente e o ritmo de crescimento tem sido exponencial.
CW – Qual a expectativa de crescimento do segmento de programa de fidelidade nos próximos anos?
Bruno – Existem novos modelos de negócios que podem influenciar o rumo do mercado de fidelidade, como o cashback e a venda de milhas, mas que, na minha visão, devem somar e gerar mais conhecimento dessa nova moeda para a população brasileira.
Já nos grandes players (programas de fidelidade das companhias aéreas e dos cartões de crédito), acredito que a mudança seja na esfera educacional, explicando e tornando mais simples o acúmulo e uso dos pontos. Esses, também deverão investir em novas formas de trocar os pontos, trazendo esse hábito para o dia a dia das pessoas, permitindo tickets menores em situações menos planejadas. Sabemos que as recentes mudanças no comando de empresas como Multiplus e Smile (que voltaram a ser comandadas por Latam e Gol, respectivamente) poderão mexer com o valor percebido do preço das passagens em milhas. Minha opinião é que o preço das passagens em milhas ficará relativamente mais caro.
Atualmente, a Oktoplus apresenta um ritmo de crescimento de receita e base de usuários de aproximadamente 90%. Como ainda estamos em fase de aceleração, esse número pode facilmente subir para mais de 150% até o fim do ano em função de novas iniciativas em negociação.
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