Os últimos anos foram marcados por importantes mudanças para a Conductor. A companhia deixou de ser uma processadora de cartões para de fato se transformar em uma desenvolvedora de tecnologias para meios de pagamento, mercado que está em ebulição no Brasil.
A empresa, que contempla serviços para a cadeia de pagamentos e compras – varejo, bancos, instituições financeiras, instituições de pagamento, fintechs e setor de convênios e benefícios – criou um modelo de negócios que engloba produtos, serviços, parcerias e soluções destinadas a auxiliar empresas a atingir resultados.
A Conductor focou no modelo de plataforma aberta, com conexões via APIs, e uma das apostas é no sistema de Banking as a service – plataforma que disponibiliza uma experiência de banco modular e ready to go, para que comércios e empresas ofereçam serviços, produtos e ofertas de forma direcionada para seus respectivos stakeholders.
Segundo a companhia, atualmente são mais de 75 milhões de cartões em seu banco de dados, 18 milhões de usuários ativos, 800 milhões de transações financeiras e 60 bilhões de processamentos anuais. Desde 2012, o crescimento tem sido de cerca de 44% ao ano.
Liderança
Quem tem liderado a nova fase da companhia é Antonio Soares, que assumiu como CEO em 2012. O executivo soma dez anos de experiência na Accenture, de onde trouxe diversos aspectos de consultoria para o dia a dia. Além de desenvolver novas tecnologias, a Conductor atua como uma espécie de consultoria para identificar necessidades dos clientes e criar novos serviços.
O mercado de meios de pagamento tem sido invadido por fintechs, que se juntam a empresas de maior porte como concorrentes para a Conductor. Mas, para Soares, o principal concorrente da empresa é o papel moeda, o qual a empresa trabalha fortemente para eliminar.
A Conductor possui cerca de 700 colaboradores, divididos entre unidades localizadas em São Paulo, João Pessoa e Porto Alegre – 75% deles nas áreas de tecnologia e produto. Ainda, possui mais de 150 clientes ativos e conexão com mais de 180 mil PDVs e TEFs.
Confira a entrevista com Soares, como parte da seção 5 Perguntas para o CEO:
Computerworld Brasil – Você é formado em Ciência da Computação e pós-graduado em Análise de Sistemas. Qual importância do background técnico no dia a dia para atuar no mercado de tecnologia?
Antonio Soares – Hoje não tem mais como você trabalhar em qualquer lugar sem ter background de tecnologia. Todos os negócios têm tecnologia embarcada e é preciso entender como as coisas funcionam. Para falar de fintech, de meios de pagamento ou de cloud, não tem como não ter um backgorund mínimo de tecnologia. Esse background não necessariamente tem de vir de uma universidade. Hoje temos vários profissionais que sequer passaram por faculdades de tecnologias e são grandes profissionais de tecnologia.
Se você não entender de tecnologia, não consegue discutir sobre os rumos que quer levar a empresa em tecnologia. Temos exemplo da nossa plataforma em 2016 (quando a Conductor criou a plataforma aberta via APIS) – a direção de abrir a plataforma partiu de mim, mas a execução de como abrir eu não consigo opinar. Eu tenho um CTO que conhece de tecnologia. O segredo é ter todas essas pessoas numa mesa. Você não trabalha mais sozinho.
CW – E como aliar a gestão de pessoas e negócios?
Soares – Não existe mais o profissional que é puro tecnologia. Um analista de sistemas ou desenvolvedor, por exemplo, não pode ser puramente tecnologia. Ele precisa entender para quem ele está fazendo o trabalho, precisa entender um pouco de user experience. A mescla das competências, seja de tecnologias ou de negócios, vai existir sempre. Mesmo se você pegar um técnico de um equipamento complexo de uma empresa de energia elétrica, por exemplo, ele tem que saber onde está inserido.
A questão da gestão do dia a dia é muito mais uma organização de time e de ter pessoas no entorno com as competências adequadas para cada área. É conseguir montar um time que tenha essas disciplinas bem claras e conseguir conduzir todo mundo para a direção que quer levar a empresa.
CW – Foram 10 anos de experiência em consultoria na Accenture, onde executou projetos de gestão, desenvolvimento e implementação de sistemas. Como foi a transição para assumir o comando de uma empresa de tecnologia?
Soares – Trouxe consultoria para a Conductor um pouco sem querer. Trabalhei na Accenture antes da abertura de capital, então tem um pouco de diferença do ponto de vista de governança. Em dez anos que estive lá, digo que trabalhei em dez empresas, porque de fato foram dez clientes diferentes e projetos diferentes. Essa é uma coisa que conseguimos fazer na Conductor. Quem trabalha no projeto do cliente “A” está fazendo coisas completamente diferente de quem está no “B”. Você consegue dentro da empresa ter oportunidades para fazer coisas diferentes.
O outro ponto é que o consultor tem um lado importante de dar palpites relevantes no negócio, mas via de regra ele não é o cara que vai executar esses palpites. Conseguimos unir um pouco desses dois: conseguimos dar palpite e recomendações no negócio do cliente baseado na experiência que c riamos, mas também somos responsáveis pela execução. É uma evolução.
Sempre digo que a melhor experiência que um consultor pode ter é ir para o outro lado do balcão. Trocar um pouco, deixar de ser consultor e virar cliente. Eu fiz isso: saí da Accenture e fui para o Banco Ibi. Fui implantar um projeto que tinha feito pela Accenture.
CW – Qual o momento do mercado de meios de pagamento no Brasil?
Soares – É um mercado que está em ebulição, uma cadeia complexa porque tem adquirente, bandeira, emissora, estabelecimento etc. É um mercado que vem sofrendo provocações com a entrada das fintechs em todos os segmentos. Muitas coisas ainda vão acontecer e uma certeza é que tudo que vai acontecer estará baseado em tecnologia.
É um mercado que tem um regulador muito forte, o Banco Central, e ele tem um viés não intervencionista, de como aplicar a melhor tecnologia para o negócio. Basta ver que, do ponto de vista de regulação e infraestrutura, o Brasil é um dos mais avançados do mundo em regras bancárias. O Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), que criamos lá atrás, é algo notável.
É um mercado em que os grandes vão ter que se reinventar, as fintechs conseguirão achar muito espaço e tem um espaço do público não bancarizado, que tem duas formas de olhar. O primeiro é na classe C e D. Tem um pedaço do país que roda em dinheiro – as pessoas não têm nem uma conta salário simples com cartão de débito, estão na economia informal e transitam dinheiro. Temos números interessantes do ano passado, de pesquisas que fizemos, que as classe C, D e E movimentaram em 2017 R$ 1,7 trilhão. A estimativa é que 60% desse volume foi transacionado em papel moeda, então imagina o espaço que tem para construção de soluções e empresas e, quando fala de Brasil, que tem países dentro de um país (São Paulo é de um jeito, Sul de outro, interior de São Paulo de outro, Norte, Nordeste etc), tem muito espaço. Acredito que teremos muitas pequenas empresas atuando em nichos com eficiência em meios de pagamento e vejo desafio forte de infraestrutura.
Para falar de meios de pagamento e infraestrutura, é preciso tecnologia. Mas é um mercado que esse ano e no próximo terá muita coisa interessante e novidades.
CW – Especificamente sobre a plataforma de Banking as a service, quais desafios e oportunidades vocês vislumbram? E também os planos da Conductor como um todo
Soares – Nosso desafio é como continuar a crescer na proporção que vem crescendo nos últimos anos e mantendo essa cultura e identidade. Quando entrei na empresa, éramos 60 colaboradores e hoje somos 700. Como manter as coisas que fazia com 60 colaboradores e de certa forma a gente vem conseguindo fazer isso.
Temos também desafio claro de expandir negócios para América Latina. Entendemos que América Latina tem muita similaridade com o mercado brasileiro.
Quando falamos de Banking as a service, o desafio é conseguir penetrar na maior quantidade de startups possíveis, porque acreditamos que esse negócio terá taxa de mortalidade. Minha visão é a existência de pequenas empresas de nicho. Agora, muitas não vão sair do outro lado. Nosso principal desafio em Banking as a service é conseguir ter um ciclo rápido de go live – e isso estamos conseguindo fazer. Uma operação dessa (Banking as a service) entra no ar em três meses, da assinatura do contrato até o go live.
Também ajudar esses clientes a manter essa operação viva. Temos um ecossistema robusto para ajudá-los.
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