É difícil encontrar uma empresa de tecnologia que não fale sobre digitalização dos negócios ou mesmo da sociedade digital. Praticamente todos concordam também que esse processo está apenas no início e, além do barateamento de algumas tecnologias e adoção em massa de outras, algo que ainda impede um ambiente mais digital e inteligente é a limitação existente na banda larga móvel. Assim, a solução estaria no 5G e na promessa de entregar para o usuário uma experiência de web com velocidade de 10 Gbps, algo muito superior à do 4G.
Você deve estar se perguntando o porquê dessa discussão agora, sobretudo, no Brasil, onde o 4G mal começou e o 3G quase nunca funciona com seu potencial, mas ela faz todo sentido, principalmente, porque, como explicou o cientista da Huawei e pesquisador no Canada Research Center Doutor Weng Tong, diferente dos padrões anteriores, a adoção do 5G, entre a definição do padrão tecnológico e a implantação de redes comerciais, deve acontecer num menor espaço de tempo, de forma que, em 2020 deveremos assistir as primeiras implantações comerciais e em mais três anos uma adoção em escala global.
Diversas companhias – fabricantes e operadoras – estão investindo forte em pesquisas de 5G. A Ericsson, por exemplo, tem atuado inclusive em parceria com universidades brasileiras. E esse interesse mútuo e global é que deve acelerar o lançamento do 5G, parece que todos entenderam a forte mudança no estilo de vida das pessoas, em especial dos mais jovens, que passam o tempo todo conectados e compartilhando arquivos ou mesmo fazendo streaming de vídeos e músicas.
Neste momento, diferente das versões de banda larga móvel anteriores, as pesquisas estão no mesmo estágio e uma padronização deve começar a surgir em 2016, pelas projeções do próprio especialista. Apenas a Huawei, que começou os estudos de 5G em 2009, separou US$ 600 milhões para investir em pesquisas da próxima geração de banda larga móvel até 2018.
“É consenso da indústria para 2020”, pontua Tong, em conversa com jornalistas no laboratório da empresa em Xangai, fazendo referência à entrega de uma internet móvel com velocidade de 10 Gbps. “O número de acessos móveis excedeu o acesso fixo no ano passado. O estilo desktop acabou. Você já não acessa internet como no passado, quando se logava no computador, o acesso é via smartphone e, independentemente do fabricante ou operadora, é preciso ter uma rede boa.”
Com as estimativas apontando para 100 bilhões de dispositivos conectados em 2025, consegue-se imaginar melhor a urgência em ter uma banda larga com velocidade muito superior à atual. “Tem ainda a questão de conexão de objetos. Em 2020, metade das interações será sem a intervenção de uma pessoa, ou seja, interações automáticas. Você conduzirá seu carro por uma rede. Por isso, 5G precisa ter baixa latência para permitir tudo o que se espera. A rede lhe seguirá por todos os lados”, acredita.
Tong explicou que nesse contexto de banda larga móvel com alta velocidade a rede fixa não deve desaparecer. Ele lembrou ainda que, embora o 5G não chegará para substituir completamente 3G e 4G, será uma rede com tecnologia e capacidade para entregar os mesmos serviços de suas antecessoras. Entre os desafios técnicos, ele falou na eficiência do espectro, assim como nas gerações anteriores, e ressaltou também a necessidade de se explorar small cells ou algum outro espectro. “Precisamos resolver isso antes de qualquer coisa.”
*O IT Forum 365 viajou à Xangai a Convite da Huawei